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O que a tecnologia do agronegócio pode ensinar ao SEU negócio

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Foto: Ronald Douglas Frazier / Creative Commons

Você sabe o que é “previsibilidade”? É um dos maiores benefícios que a tecnologia pode oferecer ao agronegócio. Ela permite que o produtor consiga antecipar, com boa margem de precisão, a incrível quantidade de variáveis envolvidas no seu cotidiano. Como resultado, consegue produzir mais, melhor e gastando menos, engordando sua margem feito boi. “Mas no que isso me interessa”, você pode estar se perguntando.

Acontece que a previsibilidade é algo que interessa a qualquer negócio, de qualquer porte ou segmento. Cada vez mais, os desenvolvimentos tecnológicos do campo, da indústria e do setor de serviços conversam entre si. E o que se aprende em um se aplica no outro. Portanto, temos que aprender com os nossos amigos do setor Primário. Além disso, para um rapaz conectado da cidade (como eu), descobrir como a tecnologia está revolucionando o agribusiness é incrível e até surpreendente!


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Para começar, se você acha que negócios no campo ainda são só aquelas coisas empíricas, com tratorzinhos, boi solto no pasto sem controle, plantio feito com enxada e o lavrador olhando para o céu, está na hora de repensar seus conceitos. Tratores imensos e automatizados fazem praticamente o trabalho sozinhos, depositando os insumos na quantidade e no lugar certo, sem falhas, com base em informações coletadas por satélites, drones e todo tipo de sensores. Essas informações são combinadas com diferentes bancos de dados e até big data. Tudo isso para maximizar a produtividade por hectare e reduzir perdas.

No HSM Expo, que aconteceu há alguns dias, participei de um painel muito interessante no estande “Futuro Fértil”, com diferentes especialistas do agronegócio e da indústria de tecnologia, lado a lado. Tudo que foi falado acima gera uma quantidade imensa de informação em tempo real, extremamente valiosa para o produtor. O grande desafio apresentado ali foi: como integrar toda essa informação, que vem de fontes desconexas, de fabricantes diferentes, de naturezas distintas, em um sistema capaz de extrair inteligência para o negócio?

Na hora pensei: “mas isso acontece em todo lugar!”

 

Um bando de dados

O problema que o agronegócio –e a maioria das empresas de qualquer segmento que coleta informações de diferentes fontes– enfrenta é justamente transformar esse “bando de dados” em um banco de dados.

Um erro que muitas empresas cometem é sair investindo em tecnologia sem saber exatamente onde querem chegar com aquilo. Tecnologia por si só não resolve nada! Produzem esse monte de dados, que podem ser muito interessantes individualmente, mas eles não falam entre si. “E, se isso não é feito de maneira estruturada e organizada, você tem um aglomerado de dados completamente desconexos, o que não permite que você os correlacione”, explica Luis Cesar Verdi, Chief Customer Officer da SAP América Latina e um dos participante do painel. “É da correlação que você consegue tirar muito valor.”

Quando o produtor rural consegue fazer essa integração com sucesso, ele aumenta a produção. E não porque se aumenta a área plantada, mas porque se produz mais no mesmo espaço. Um exemplo que achei muito interessante é que, graças a isso, os produtores não precisam mais pulverizar herbicidas em toda a plantação: hoje fazem isso em menos de 5% da área, exatamente e apenas onde estão as ervas daninhas. Como resultado, tem-se um produto mais barato e mais saudável.

Transpondo isso para outros negócios, podemos inferir que a transformação do “bando de dados” em um “banco de dados” permite ao empresário racionalizar seus meios para criar produtos e serviços melhores. O que é essencial em uma época em que os consumidores têm, a sua disposição, uma oferta crescente de praticamente tudo.

A diferenciação deixa de ser, portanto, uma produção mais complexa (e normalmente cara) para se tornar uma produção mais inteligente e adequada às necessidades de um consumidor mais e mais exigente.

 

Máquinas que executam e que aprendem

Além da automação de tarefas e do uso eficiente das informações, outra estrela digital chegou ao campo: o ”machine learning”. Essa tecnologia permite que os algoritmos sejam capazes de literalmente aprender com os dados disponíveis. Dessa forma, o sistema começa a decidir de maneira autônoma, melhorando o processo por sua própria conta, em áreas que antes apenas seres humanos conseguiam atuar.

Em um exemplo dado no painel acima, as máquinas foram capazes de realizar escolhas relativas ao crescimento do milho na lavoura a partir de imagens das espigas. Quando entrou o funcionamento, o nível de acerto das decisões era inferior a 50%; apenas três semanas depois, passou de 90%! E o sistema foi melhorando por sua conta, apenas aprendendo quais das suas decisões davam melhores resultados.

Na prática, isso liberar os trabalhadores para realizar tarefas mais nobres, que a máquina (ainda) não consegue fazer. Isso traz para o campo um desafio que já existe nas cidades: qualificar a mão de obra para isso. Não é uma tarefa simples, inclusive porque gera desconfiança nas pessoas, que temem ser substituídas pelas máquinas.

Esse medo é legítimo. Tanto no ambiente rural quanto no urbano, a automação ameaça empregos, especialmente os de menos capacitação. Qualquer tarefa muito repetitiva pode ser facilmente automatizada. E agora isso atinge até mesmo a tomada de decisões, uma seara exclusiva dos humanos até havia bem pouco tempo.

 

O poder da interface

A inteligência artificial também leva ao campo outro benefício cada vez mais comum nos sistemas de negócios urbanos: a integração entre o homem e a máquina está cada vez mais simples. Já não é preciso mais ser um técnico para operar os sistemas, que se relacionam com as pessoas em uma linguagem cada vez mais natural.

Muito da gestão administrativa e de produção hoje pode ser feito pela tela de um celular, um equipamento extremamente difundido, com o qual as pessoas estão acostumadas e que carregam em seu bolso o tempo todo. Diminui-se, assim, a curva de aprendizado e as informações para tomada de decisão ficam disponíveis de maneira simples a qualquer hora e em qualquer lugar.

Isso leva à zona rural um problema velho conhecido dos usuários urbanos: a conectividade ruim. Afinal, no campo, o sinal do celular costuma ser ruim. Mas essa tecnologia se tornou tão essencial ao negócio, que algumas grandes propriedades estão investindo até em torres próprias de comunicação de dados.

Toda essa tecnologia no agribusiness tem provocado um fenômeno social interessante: a reversão do êxodo rural das gerações mais novas. Muitas das famílias proprietárias de fazendas hoje estão na terceira, até mesmo na quarta geração no campo. O que vinha se observando nos últimos anos era a fuga dos mais jovens para as cidades, para estudar carreiras que não tinham nada a ver com o negócio da família, estabelecendo-se no ambiente urbano. Agora, com tanta inovação nas propriedades, muitos deles estão voltando a suas origens.

Como se pode ver, a tecnologia digital aproxima cada vez mais o campo da cidade. Ambos compartilham sistemas, desafios, benefícios e dificuldades. Por isso, o aprendizado de um pode mesmo ajudar o outro.


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Robôs podem ajudar no combate à “coisificação” dos empregos

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Cena do filme “A Invenção de Hugo Cabret” – Foto: divulgação

Cena do filme “A Invenção de Hugo Cabret”

Pouca gente sabe, mas já há algum tempo robôs escrevem parte do noticiário que consumimos. Mas longe de ser uma ameaça aos jornalistas, esse fenômeno pode ajudar a combater o desemprego, trazendo alguma luz sobre o processo de “coisificação” dos trabalhos de qualquer categoria profissional.

Esses jornalistas-robôs não são máquinas humanoides, e sim programas de computador conectados a bancos de dados de diferentes tipos. Eles procuram permanentemente por determinadas informações e, quando as encontram, produzem textos em uma fração de segundo, com uma qualidade que virtualmente impossibilita diferenciar um texto de um desses robôs de um escrito por uma pessoa.


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Mas os robôs não são capazes de escrever qualquer texto (pelo menos ainda não). Eles são muito eficientes na produção de material fortemente baseado em números, como resultados financeiros ou placares esportivos. Os programas não têm inteligência artificial para artigos que exijam abstração, mesmo a partir daqueles mesmo dados. Não conseguem, por exemplo, escrever um texto como este que você está lendo agora.

Robôs não ameaçam, portanto, os empregos dos jornalistas. Na verdade, eles podem lhes tirar o fardo de matérias enfadonhas, para que possam produzir reportagens e artigos de alto valor intelectual.

Infelizmente, quem ameaça esses empregos são os próprios jornalistas e as empresas de comunicação.

Neste momento de crise aguda da imprensa tradicional, os jornalistas mais experientes (e caros) são demitidos por economia. Sobram os novatos, que, além de não ter os necessários calos da profissão, acabam sobrecarregados de tarefas, e topando tudo para não perder o emprego.

O resultado previsível são textos com pouquíssimo esforço de reportagem e quase nenhum requinte intelectual. Esses profissionais ficam esmagados entre denuncismo e jornalismo palaciano de um lado e números do outro, e pressionados pelo volume de produção pelos veículos. Ou seja, os textos que produzem ficam tão limitados quanto os dos robôs, e talvez menos precisos.

Então não precisamos mais de jornalistas?

 

O valor do conhecimento

Jornalistas não estão sozinhos diante desse drama: profissionais de muitas áreas começam a sofrer concorrência de sistemas automatizados. Mas novamente aqui eles não são as reais ameaças aos seus empregos. O verdadeiro risco está na “coisificação” de seus trabalhos.

Assim como na imprensa, empresas de todos os setores passam por momentos dramáticos por conta da crise que assola nosso país. Nessas horas, demitem os funcionários mais caros, extinguem funções e cortam investimentos. Sobram os peões e a mão de obra absolutamente essencial. O objetivo: manter a fornalha acesa com o mínimo de carvão, na esperança de que o fogo não se apague até que dias melhores cheguem.

Em outras palavras, elimina-se a inovação, a iniciativa e o desejo de correr riscos. Fica-se quietinho para que ninguém perceba sua presença, torcendo para que as coisas se acertem por si só. É o típico manual do empresário amedrontado pela crise.

Esse é, entretanto, o melhor caminho para se dar mal. O guru da administração Tom Peters costuma dizer que “o fracasso é uma medalha de honra”, pois ele demonstra que se tentou. E conclui: a única maneira de não fracassar em algo é não tentar. Mas essa também é a garantia de que não se atingirá o sucesso em nada.

Quase posso ouvir agora alguns rindo nervosamente, enquanto leem esse texto e pensam: “falar é fácil”. Pois eu digo que fácil é se acomodar na toca, torcendo para que a tempestade passe logo. Se tiverem a sorte de estarem vivos quando isso acontecer, sairão dela enfraquecidos diante daqueles que aproveitaram a tormenta para reforçar criativamente suas estruturas.

Ao invés de se acovardar em seus buracos, empresas, profissionais, associações devem se unir para justamente encontrar fórmulas para fomentar a inovação e a iniciativa. Não estou dizendo para apostarem todas as fichas em uma única ideia, especialmente se não houver muitas sobre a mesa. Mas, mesmo em tempos bicudos, deve-se correr riscos por aquilo que vale a pena. E isso funciona para profissionais e para empresas.

Precisamos, portanto, de jornalista e de profissionais de todas as áreas. Especialmente dos bons e experientes o suficiente para ter sucesso correndo riscos! A alternativa é ficar lá na toca, com os dedos cruzados e produzindo coisas medíocres. Mas nesse caso, quando a crise passar, talvez encontrem mais robôs que profissionais trabalhando.


Vamos falar sobre a linguagem certa para público certo na Social Media Week? Esse é o segredo do sucesso nas redes sociais. É só entrar nesta página e clicar no botão verde de CURTIR abaixo da minha foto.


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