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As belezas e as dores do ensino a distância

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Dizem que, nos últimos anos, a grande agente da transformação digital foi a Covid-19. Infâmias à parte, é um fato que a pandemia nos ensinou a fazer muitas coisas novas ou a usar a tecnologia para recriar atividades cotidianas. Uma das mais impactadas foi a maneira como estudamos. E isso trouxe benefícios, mas também problemas.

Como professor, vi alunos irados em março de 2020, quando seus cursos passaram a ser oferecidos online, por causa da doença. Mas o movimento foi inevitável, atingindo do Ensino Infantil à pós-graduação. Hoje, mesmo com as escolas reabertas há mais de um ano, observo uma crescente preferência por cursos a distância, até mesmo superando os presenciais.

Esse é um movimento sem volta! São inegáveis as vantagens, como comodidade e economia, ao se estudar em casa. Mas o uso inadequado da tecnologia na educação pode piorar muito a qualidade do ensino.


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Não se pode olhar de maneira homogênea para todos cursos e momentos da formação de uma pessoa. “Isso é o futuro para a parte da população que quer se qualificar”, afirma Yuri Lima, pesquisador do Laboratório do Futuro da COPPE/UFRJ. “Mas há uma perda de qualidade do ensino, principalmente para quem está em uma primeira graduação”, explica. Para ele, “existe incoerência se eu disser que o futuro do trabalho virá de trabalho em equipe, empatia, negociação, criatividade ou qualquer outra soft skill, e concordar que um curso online conteudista suprirá tudo isso”.

A opinião é compartilhada por David de Oliveira Lemes, diretor da Faculdade de Estudos Interdisciplinares da PUC-SP. “Na graduação, faz muito mais sentido o presencial, pela convivência universitária, pela troca de experiências, porque é uma idade de transição para a vida adulta”. Ele explica que há habilidades exigidas pelo mercado que o aluno precisa do ensino presencial para desenvolver. “Mas, mesmo para as especializações, alguns momentos presenciais, nem que seja para networking, são fundamentais”, acrescenta.

Essa mudança no público se deve, em parte, às universidades, que ofereceram diversos cursos online gratuitos no começo da pandemia. Isso fez com que muita gente descobrisse que é possível aprender de casa, economizando dinheiro e tempo. Em contrapartida, vimos uma explosão de cursos de qualidade duvidosa, até mesmo de instituições conhecidas. Elas viram no ensino a distância uma maneira de aumentar exponencialmente seus lucros em detrimento da qualidade pedagógica.

O desafio para os alunos é descobrir quais cursos lhes garantirão um aprendizado satisfatório. Já as instituições de ensino precisam se apropriar desses recursos com ética, para levar a educação a um novo patamar de excelência.

A educação não é só erudição, especialmente para os mais pobres. Para essas pessoas, é um caminho para mudar de vida, especialmente –mas não exclusivamente– em um país com grandes desafios sociais, como o nosso.

Segundo o estudo “O Estado da Educação Superior 2022”, produzido pelo Instituo Gallup e pela Fundação Lumina, dos dez motivos para se cursar o ensino superior, seis se relacionam a melhorias no trabalho. De fato, de acordo com a consultoria LABORe, o salário médio no Brasil em dezembro de 2018 saltava de R$ 2.147, pago a quem estudava até o Ensino Médio, para R$ 5.869, para quem concluía a faculdade.

 

A busca pela comodidade

Há alguns dias, realizei uma pesquisa informal no LinkedIn para saber como as pessoas preferem estudar hoje. Com 1.763 votos, o ensino presencial apareceu na frente com 38% das preferências, seguido de perto pelo ensino a distância com aulas ao vivo (33%) e pelo ensino a distância com aulas gravadas (28%).

Isso está em linha com o Censo da Educação Superior 2020, divulgado em fevereiro pelo MEC (Ministério da Educação). Naquele ano, o país registrou, pela primeira vez, mais matrículas em graduações a distância que nas presenciais. Se considerarmos apenas instituições privadas, isso já acontece dede 2019.

“Se for apenas para conteúdo expositivo, o EAD é muito melhor”, afirma Lemes. O professor explica que o tempo em uma sala da aula presencial deve ser aproveitado com metodologias que ajudem na formação do aluno, como debates e projetos.

O alerta acende quando os cursos presenciais são substituídos pelo EAD apenas para aumentar os lucros. “O online ao vivo já passa por uma precarização quando coloca um professor para dar aula para até mil alunos”, afirma Lima, sobre instituições que substituem várias turmas presenciais por uma enorme turma online. Mas a situação fica dramática quando o curso se resume a aulas gravadas, com um tutor (que muitas vezes nem tem a formação acadêmica adequada) “gerenciando” até 5.000 alunos!

Lima explica que, quando se olham listas de profissões do futuro, o professor aparece, pois suas tarefas estão entre as “menos automatizáveis”. Entretanto, esse uso inconsequente do ensino a distância vem provocando uma onda de demissões de professores no Brasil. “A gente está substituindo a educação presencial como um todo por um modelo de negócios que dispensa a existência do professor”, afirma Lima.

Isso aparece claramente no Censo da Educação Superior. A quantidade de professores no Ensino Superior privado vinha estável por volta de 210 mil. Em 2020, houve uma grande queda, para 195 mil. Já o Ministério do Trabalho aponta 30 mil professores demitidos no Ensino Superior entre março de 2020 e dezembro de 2021.

Lima explica que menos turmas presenciais exigem menos professores, sem diminuir a quantidade de alunos nas enormes turmas online, aumentando os lucros das instituições. “Para que eu vou investir no presencial, que me traz a metade da minha margem do online?”

A própria formação de novos professores vem sendo impactada. Levantamento divulgado no dia 18 pelo movimento Todos pela Educação mostra que 61% dos formandos de cursos de Pedagogia e Licenciatura em 2020 no país estudaram a distância. Nos demais cursos superiores, o índice foi de 24,6%. A instituição considera isso “extremamente grave”, pois essa formação seria de baixa qualidade.

“Quando a gente pensa na degradação do trabalho docente, na verdade é porque isso está degradando a qualidade do ensino”, afirma Lima. Mas ele relembra que a culpa não é do ensino a distância, e sim de seu mau uso. “Eu não acho que ele seja uma panaceia e também não acho que seja o fim do mundo.”

Lemes aponta que o professor está tendo que se reinventar o tempo todo. “Sempre vai ter espaço para professor, talvez não aquele que ele tinha antes”, explica, dizendo que não sabe se há uma precarização, mas que há transformação das suas funções.

Sou um defensor da transformação digital nos mais diversos segmentos. A educação obviamente também melhora com a tecnologia. Mas, como em todos os casos, isso precisa ser feito com responsabilidade. O EAD não é vilão, nem tampouco algo a ser abraçado inconsequentemente.

Empresas de educação são negócios muito particulares, pois todos os demais segmentos dependem da qualidade de sua entrega. Naturalmente devem ter lucro, mas elas não podem sacrificar seu crítico papel social por ele.

O Brasil já padece de uma educação de qualidade muito baixa há anos, e que só vem piorando. Não é de se estranhar que soframos com um severo déficit profissional, em quantidade e principalmente em qualidade. Não podemos nos dar ao luxo de isso ficar ainda pior!

 

Um terço dos brasileiros teme ser trocado por um robô

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Cerca de um terço dos trabalhadores no Brasil e no mundo tem medo de perder seus empregos para uma máquina nos próximos três anos. Apesar de esse número estar diminuindo (em 2019, era 50%), ainda é muito alto e demonstra que existem graves falhas na formação profissional.

Esses indicadores fazem parte da “Pesquisa Global de Esperanças e Medos da Força de Trabalho”, realizada pela consultoria PwC e apresentada no último dia 24 durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça). Na sua elaboração, foram ouvidas 52.195 pessoas em 44 países, inclusive no Brasil.

Diante desse receio, o estudo traz ainda que os trabalhadores esperam que as empresas os ajudem a desenvolver suas competências digitais e tecnológicas. Isso faz ainda mais sentido em um país como o nosso, em que a educação falha nessa tarefa. Mas 35% dos profissionais no Brasil e 39% no mundo dizem que seus empregadores também não fazem isso bem.


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Um fato curioso do levantamento da PwC é que os que se sentem mais ameaçados pela tecnologia não são os mais velhos, como se poderia imaginar. Entre os trabalhadores da “Geração Z” (nascidos a partir de 1997), 38% temem ser substituídos pela automação digital nos próximos três anos, contra apenas 19% dos “Baby Boomers” (nascidos entre 1946 e 1964). Eles também são os que mais sentem falta de treinamento tecnológico de seus empregadores: 44% contra 29% dos “boomers”.

Não por coincidência, os mais jovens são os menos satisfeitos com seu trabalho. Os pesquisadores afirmam que os profissionais que sentem ter habilidades valorizadas pelo mercado são mais propensos a se sentir satisfeitos com seu trabalho (70%), a ser ouvidos pelos seus gerentes (63%) e a ter dinheiro sobrando após pagar suas contas (56%).

Investir no desenvolvimento de habilidades digitais e capacitação técnica de seus quadros torna-se, portanto, cada vez mais crucial para as empresas. “O investimento deve ser guiado por um princípio de equidade, fortalecendo as capacidades dos funcionários qualificados e fornecendo vias de acesso para aqueles que não possuem essas habilidades”, explica Carol Stubbings, líder global de serviços jurídicos e tributários da PwC. Para a executiva, “o investimento em todo o mix de habilidades é bom para as empresas, bom para os indivíduos e bom para a sociedade.”

O poder de barganha pende para o funcionário, mas, no Brasil, o desemprego alto atrapalha isso. Na terça passada, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que essa taxa foi de 10,5% no trimestre encerrado em abril. Apesar de estar em queda, ainda são desempregados demais para se observar aqui um fenômeno visto em economias mais sólidas, especialmente a dos EUA.

Trata-se da chamada “Grande Renúncia”: muitas pessoas estão de demitindo para facilmente se recolocar em outras empresas, com melhores condições. A PwC explica que, se esse fenômeno nos ensinou alguma coisa, é que não há “lealdade eterna” de funcionários. As empresas precisam estar atentas a essas demandas ou perderão cada vez mais profissionais em diferentes níveis. Mas a maioria não presta atenção nisso!

No Brasil, além dos 11,3 milhões de desempregados, a situação ainda se agrava pela falta de acesso a recursos digitais de qualidade para a maioria da população. Outro estudo, batizado de “O abismo digital no Brasil”, publicado em março pela mesma PwC e pelo Instituto Locomotiva, demonstra que apenas 29% dos brasileiros são “plenamente conectados”. Do outro lado, 20% são totalmente “desconectados”.  Entre eles, estão 26% “parcialmente conectados” e os 25% “subconectados”.

Perdem o profissional, a empresa e a sociedade.

 

Desenvolvendo habilidades

As companhias precisam compreender, de uma vez por todas, que a capacitação digital de seus funcionários se tornou fundamental para seus negócios, que vêm se digitalizando de maneira exponencial há anos. Isso mudou como trabalhamos, estudamos, compramos, nos divertimos e nos relacionamos com tudo e todos!

O estudo sobre o abismo digital brasileiro apontou que profissões tradicionais, que respondiam por 15,4% das vagas em 2020, encolherão para 9% até 2025. Já as ligadas à tecnologia passarão de 7,8% a 13,5%. No Brasil, o setor de tecnologia demandará 800 mil profissionais até 2025, mas o déficit deve ficar em 530 mil vagas não preenchidas.

Como as universidades não estão suprindo essa mão de obra na quantidade e com a qualidade que o mercado pede, resta mesmo às empresas realizarem o “upskilling”, termo em inglês que indica o desenvolvimento de novas habilidades.

A mesma PwC afirma que, se a força de trabalho for devidamente aprimorada até 2028, isso pode resultar em um aumento do PIB latino-americano em 7,7% até 2030, o equivalente a US$ 12,5 bilhões. Mas também estamos “patinando nisso”: globalmente, 40% das empresas estão fazendo “upskilling”, mas, no Brasil, só 27% investem nisso.

Uma terceira pesquisa, essa feita pela escola de negócios francesa Insead, coloca o Brasil como 75º no ranking de competitividade global de talentos, entre 134 países. Ele se baseia na capacidade de os países desenvolverem profissionais e de atrair e reter seus talentos. Na América Latina, ocupamos uma modesta 9ª posição.

Diante de tudo isso, gestores de empresas de todos os portes e segmentos precisam sair de sua zona de conforto. “Os trabalhadores não estão apenas procurando por uma remuneração decente: eles querem mais controle sobre como trabalham e querem obter maior significado do que fazem”, afirma Bob Moritz, presidente global da PwC. “Ao adquirir competências, os trabalhadores podem obter o controle sobre o trabalho que procuram”, conclui.

Apesar de os profissionais desejarem que seus empregadores atuem diretamente na solução de seu desenvolvimento tecnológico, isso não desobriga governos e escolas de igualmente atuarem nisso. Mas essa tarefa precisa ser feita de maneira integrada e inteligente, colocando os recursos onde realmente forem mais necessários.

Essa é uma deficiência estrutural de vários países, mas fica mais grave no Brasil, graças a alguns de nossos problemas históricos, como políticas públicas sem foco e sem continuidade de um governo para outro, e educação deficiente. Enquanto a sociedade não se organizar para trabalhar de maneira coordenada para o crescimento de todos, continuaremos vendo nossa produtividade caindo, tornando nossas empresas e nossos profissionais menos competitivos internacionalmente.

 

Desigualdade digital escancara uma perversa exclusão no Brasil

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Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a importância maiúscula da Internet em nossas vidas, a pandemia de Covid-19 acabou com ela. Especialmente no período de mais distanciamento social, trabalhar, estudar, comprar e até se divertir dependiam dela. Mesmo agora, com tudo reaberto, muitas práticas online que desenvolvemos naquele momento permanecem, pois descobrimos enormes ganhos. Mas isso também jogou luz sobre a profunda desigualdade digital na população brasileira.

A pesquisa “O abismo digital no Brasil”, publicada recentemente pela consultoria PwC e pelo Instituto Locomotiva, coloca isso em números. De um lado, temos 29% dos brasileiros “plenamente conectados”; do outro, 20% sem conexão alguma. Isso traz enormes prejuízos às pessoas e ao país, criando “cidadãos de segunda categoria”.


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O acesso à Internet se transformou em um item essencial de infraestrutura, assim como energia elétrica, água, saneamento básico e telefonia. Pessoas com acesso a esses serviços com boa qualidade desenvolvem uma enorme vantagem. Além disso, quanto mais cidadãos assim, mas um país se torna competitivo internacionalmente.

Mas não se trata apenas disso. A guerra na Ucrânia, cuja infraestrutura vem sendo arrasada pela Rússia, mostrou ao mundo como o acesso à Internet pode desenterrar verdades inconvenientes e incomodar poderosos, de maneira que a vida de pessoas pode chegar a depender disso. Tanto que o bilionário Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, liberou na Ucrânia o acesso à Internet a partir de sua rede de satélites Starlink.

O estudo identifica, entre os 29% “plenamente conectados”, mais moradores das regiões Sul e Sudeste, com celular pós-pago, acesso por notebook, bem escolarizados, integrantes das classes A e B e brancos. Do outro lado, os 20% “desconectados” são compostos principalmente por homens, idosos, não-alfabetizados, das classes C, D e E. Entre eles, estão os 26% “parcialmente conectados”, que são majoritariamente do Sudeste, negros, menos escolarizados e das classes C, D e E, e os 25% “subconectados”, principalmente do Norte e do Nordeste, com celular pré-pago, negros, menos escolarizados e das classes D e E.

Isso desenha um panorama sombrio para o Brasil nos próximos anos. O estudo demonstra que profissões tradicionais, que respondiam por 15,4% da força de trabalho em 2020, encolherão para 9% até 2025. Já as ligadas à tecnologia passarão de 7,8% a 13,5%. E isso é algo que já sentimos em nosso país. O setor de tecnologia demandará 800 mil profissionais de 2021 a 2025, mas o déficit deve ficar em 530 mil vagas não preenchidas. Isso em um cenário de desemprego explosivo!

Outro estudo, feito pela escola de negócios francesa Insead, coloca o Brasil como 75º no ranking de competitividade global de talentos, entre 134 países. Ele se baseia na capacidade de os países desenvolverem pessoas para o mercado e de atrair e reter os melhores profissionais. Na América Latina, estamos na 9ª posição.

O Brasil precisa dar recursos para que os jovens adquiram as habilidades exigidas, e isso passa necessariamente por um bom acesso ao meio digital. Hoje, 81% da população com 10 anos ou mais usam a internet, mas só 20% têm acesso de qualidade.

 

Reflexos na educação e no trabalho

Durante a fase mais aguda do distanciamento pela pandemia, vimos diversos casos de profissionais que foram enviados para trabalhar de casa, mas não conseguiram exercer adequadamente suas tarefas: sua Internet era ruim, sendo que a empresa não lhes ofereceu um plano de dados decente e às vezes nem computador, ficando restritos ao smartphone.

Mais grave ainda foi o observado entre os estudantes. Com acesso precário ou nulo e restritos muitas vezes a um único celular na casa, muitas crianças ficaram sem estudar por quase dois anos. O estudo informa que 21% dos alunos das redes municipais e estaduais estão em escolas sem acesso à banda larga. Isso se reflete em uma pesquisa da organização Todos pela Educação divulgada em fevereiro, que mostrou que o número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabia ler ou escrever no Brasil saltou de 25,1% em 2019 para 40,8% em 2021.

Não é de se estranhar, portanto, que o Brasil tenha um dos dez piores desempenhos do mundo em matemática e um fraco resultado em leitura no Pisa, a avaliação feita pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre a educação em 79 países. Com isso, 67% dos nossos estudantes de 15 anos não conseguem diferenciar fatos de opiniões na leitura de textos, algo particularmente problemático em um país em que as pessoas adoram se “informar” por redes sociais.

Segundo a PwC, os principais causadores desse abismo digital são deficiências da infraestrutura de conexão (e aqui entram a qualidade do sinal e custos), limitações de acesso a equipamentos e deficiências do sistema educacional. São problemas profundamente enraizados em nosso país, mas que precisam ser resolvidos, sob risco de termos cada vez mais informalidade do mercado de trabalho, redução da já baixa produtividade do país, atraso no desenvolvimento das pessoas e redução do acesso a serviços públicos.

Para reverter essa situação dramática, a PwC e o Fórum Econômico Mundial sugerem a atuação coordenada de governos, educadores e empresas, com papéis e responsabilidades bem definidos para fortalecer as competências digitais da população.

O governo tem um papel fundamental no processo, com a criação de políticas para impulsionar as iniciativas nacionais de qualificação digital, trabalhando junto com a sociedade civil. As empresas, por sua parte, precisam adotar a capacitação digital da força de trabalho como princípios fundamentais do seu negócio, enquanto as instituições de ensino devem repensar as iniciativas de qualificação profissional, com o conceito de aprendizagem ao longo da vida.

A desigualdade de acesso à Internet vem da desigualdade socioeconômica, e a reforça! Em um mundo hiperconectado, uma nação não pode se dar ao luxo de ter cidadãos desprovidos dos meios necessários para seu desenvolvimento digital, pois dele derivam os demais.

O problema é estrutural e não será resolvido com medidas paliativas, pontuais ou desestruturadas. Trata-se de um gravíssimo problema social, que já impacta pesadamente nossa população. E, se tudo continuar como está, o problema se tornará cada vez maior, empurrando o Brasil para o fosso das nações irrelevantes.

 

Para evitar o Burnout, fale com o chefe-robô

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A partir de 1 de janeiro, a Síndrome de Burnout passará a ser classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como um “fenômeno ligado ao trabalho” e não mais um problema de saúde mental ou um quadro psiquiátrico. Isso pode ter um grande impacto na relação entre profissionais e empresas e em processos trabalhistas, pois os empregadores poderão ser responsabilizados pelo problema, tendo até mesmo que indenizar os trabalhadores que desenvolverem esse quadro.

O papel do gestor torna-se ainda mais importante nesse novo cenário, pois ele é responsável, direta ou indiretamente, por ação ou por omissão, por um eventual esgotamento da equipe. Por isso, uma pesquisa realizada pela Oracle e pela Workplace Intelligence se torna ainda mais emblemática. Segundo esse levantamento, 68% dos profissionais preferem falar com um robô sobre estresse e ansiedade no lugar de seus gestores.


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A Síndrome de Burnout sempre existiu, em maior ou menor escala. Ela consiste em um esgotamento profundo do profissional por uma carga excessiva de trabalho. Mas ganhou destaque há alguns anos, pelo aumento da sua ocorrência em todo o mundo, inclusive no Brasil. Segundo a OMS, os seus sintomas incluem sensação de esgotamento, cinismo ou sentimentos negativos relacionados a seu trabalho e eficácia profissional reduzida.

Sua classificação como “fenômeno ligado ao trabalho” pelo órgão vem de 2019, mas passa a valer na virada do ano com a entrada em vigor da 11ª edição da CID, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. A CID é um documento que define globalmente os problemas de saúde, e essa edição resulta de mais de uma década de pesquisas.

Na CID-11, a Síndrome de Burnout é descrita como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Na edição anterior, ela era considerada como um problema na saúde mental e um quadro psiquiátrico.

Essa descrição já deixa clara a importância da figura do gestor. Afinal de contas, salvo no caso de profissionais autônomos, é ele quem determina o que, quanto e em que ritmo cada profissional de sua equipe deve trabalhar. Ele pode falhar nessa administração do trabalho tanto por exigir demasiadamente do time, quanto por não observar e gerenciar abusos ou desvios de conduta de alguns de seus membros. Logo, o desenvolvimento de quadros de Burnout na equipe recai sobre o gestor e, por extensão, sobre a empresa, até mesmo na esfera legal.

Certa vez, vi uma definição que serve muito bem aqui. Ela dizia que, enquanto ainda não somos gestores, produzimos valor a partir de nossa força de trabalho, mas, quando nos tornamos, produzimos valor a partir da força de trabalho dos outros.

Por isso, entre as atribuições do gestor, está criar possibilidades, oferecer recursos e remover barreiras para que os membros da equipe realizem um bom trabalho, extraindo o melhor que cada um tem a oferecer. Um bom gestor tem uma equipe produtiva e feliz!

Poderíamos dizer até que a eficiência da gestão pode ser medida pela quantidade de quadros de esgotamento em um time. Se há muitos casos, é hora de trocar de gestor.

 

Liderança com inteligência artificial

Diante disso tudo, fica fácil entender o sucesso de empresas que oferecem uma gestão mais humanizada, com o foco nas pessoas da organização. Profissionais mais felizes, com boas condições de trabalho, que são ouvidos e participam de decisões, tendem a produzir mais e melhor, sem adoecer por isso.

O gestor precisa, portanto, desenvolver um perfil igualmente humanizado, para oferecer um ambiente positivo, de confiança e de trocas construtivas na equipe. Deve ser capaz de identificar o que vai bem e o que vai mal entre seus membros e tomar ações necessárias a partir disso. E, finalmente, precisa ser capaz de ouvir com empatia o que as pessoas têm a dizer.

Por isso, a pesquisa da gigante de software Oracle e da consultoria de RH Workplace Intelligence se torna ainda mais emblemática. A edição de 2020, realizada com mais de 12 mil profissionais de 11 países (inclusive do Brasil), identificou que 68% da força de trabalho prefere falar com um sistema com inteligência artificial sobre estresse e ansiedade a fazer isso com seu gestor. No Brasil, esse número é de 64%.

Tanto é assim que a grande maioria dos entrevistados (86% no Brasil e 80% no mundo) está aberta a ter um robô como terapeuta ou conselheiro. Para 87% dos brasileiros, a inteligência artificial os ajudou com sua saúde mental no trabalho. Os principais benefícios indicados foram informações para fazer seu trabalho com mais eficiência (42%), automatizar tarefas e reduzir a carga para evitar o Burnout (41%) e reduzir o estresse ajudando a priorizar tarefas (34%).

A edição de 2021 desse mesmo estudo, que entrevistou mais de 14 mil pessoas em 13 países, indica que essa preferência por “chefes-robôs” continua. Para 82% dos profissionais, os robôs podem apoiar o desenvolvimento de suas carreiras melhor do que os humanos. Eles acreditam que os sistemas são melhores em dar recomendações imparciais (37%), fornecer recursos adaptados às habilidades ou objetivos (33%), responder rapidamente a perguntas sobre sua carreira (33%) e encontrar novos empregos que se encaixem em suas habilidades (32%).

Mas nem tudo está perdido para os gestores humanos. A edição mais recente da pesquisa aponta que as pessoas ainda são melhores em oferecer conselhos com base na experiência pessoal (46%), identificar pontos fortes e fracos (44%), olhar além de um currículo para recomendar funções que se encaixem em sua personalidade (41%) e fornecer recomendações para novos empregos ou funções (38%).

Não é de hoje que se discute a diferença entre um “chefe” e um “líder”. O primeiro é aquele que manda, que exige, que critica, que pune, colocando-se acima da equipe. Já o segundo acompanha, orienta, ensina e incentiva, posicionando-se como parte do time. O “chefe” responsabiliza a equipe pelos fracassos, enquanto o “líder” vibra com todos pelos sucessos.

A diferença não é sutil e aparece muito claramente nessas pesquisas. As pessoas querem condições para realizar um bom trabalho, e fazem isso se são atendidas. Além disso, em um mundo que ainda sente os efeitos da pandemia, com estresse e desorientação de carreiras, buscando novos formatos de trabalho, o equilíbrio da vida pessoal e profissional fica ainda mais importante.

É uma pena que ainda tenhamos muito mais “chefes” que “líderes”, pois todos perdem com isso. Empresas que já sentiram os ventos da mudança investem em gestões mais humanizadas. Por outro lado, chefes que continuam a tratar os membros de sua equipe como máquinas acabarão sendo substituídos por robôs.

Será que teremos que chegar a isso para finalmente entender a importância do ser humano?

 

Inteligência artificial avança sobre o destino do seu emprego

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O papel da Inteligência Artificial cresce de maneira galopante em todos os segmentos do mercado. A área de Recursos Humanos também se beneficia dela, naturalmente. Já há algum tempo, esses sistemas são usados para fazer a peneira em um oceano de currículos que concorrem a vagas de trabalho. Agora algumas empresas também estão usando esse recurso para decidir quem será demitido.

Se algumas pessoas já questionavam a capacidade de a inteligência artificial escolher os melhores candidatos para uma vaga, essa dúvida tende a ficar ainda mais cruel quando se imagina um frio computador decidindo quem será mandado embora. A máquina será justa na sua análise?

A preocupação é pertinente. Afinal, poucas coisas impactam a vida de alguém como uma contratação ou uma demissão, especialmente em um cenário de desemprego nas alturas, como o que vivemos. Mas precisamos colocar em perspectiva o uso dessa ferramenta: será que ela pode ser “culpada” por suas escolhas, se é que dá para atribuir culpa a uma máquina?


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A demissão por inteligência artificial ganhou manchetes em agosto, depois que a empresa russa de promoção de games Xsolla demitiu 150 de seus 450 colaboradores. A decisão de quem seria mandado embora ficou totalmente a cargo do sistema, com base em critérios de produtividade e comprometimento com os objetivos da empresa.

A repercussão foi tão grande que seu CEO, Alexander Agapitov, explicou à edição russa da revista Forbes que não concordava totalmente com as escolhas do sistema, mas que tinha que aceitá-las por determinação da assembleia de acionistas. Mesmo assim, ele se comprometeu a ajudar os demitidos a encontrar trabalho logo, pois, segundo ele, são “bons profissionais”.

O caso é emblemático, mas não é único. O uso da inteligência artificial em demissões já acontece há alguns anos e vem crescendo. Em alguns casos, o sistema não apenas decide quem será mandado embora, como cuida de tudo. Em outras palavras, nesses casos, não há o envolvimento de profissionais de Recursos Humanos nem na decisão, nem na execução do processo.

Isso o torna ainda mais doloroso. Em junho do ano passado, a Uninove demitiu cerca de 300 docentes por um pop-up exibido quando eles entraram na plataforma para dar a aula a distância, já que a escola estava fechada por conta da pandemia. Não houve uso de inteligência artificial nesse caso, mas a mensagem extremamente lacônica, sem incluir qualquer justificativa ou explicação, foi chocante para professores e alunos.

A pergunta “por que eu” sempre surge, especialmente entre profissionais que acreditam estar realizando um bom trabalho, dando o melhor de si, comprometidos com a empresa. E talvez estejam mesmo! Mas, no momento de uma demissão, eles serão comparados com todos na mesma situação ou serão considerados critérios que desconhecem ou sobre o qual não têm nenhum controle. E, nesses casos, um sistema de Inteligência Artificial pode ser uma ferramenta poderosa para os gestores, pois justamente tomará a decisão sem qualquer influência emocional.

Para quem está “do lado de cá do balcão”, aspectos como esforço, ética, dignidade têm peso maior que o considerado pelas empresas, mais preocupadas em métricas de produtividade mensuráveis. Mesmo muitos anos de trabalho excelente para a companhia perdem valor diante da necessidade de cortar friamente, por exemplo, quem ganha mais.

Aspectos intangíveis interessam apenas a seres humanos. Em um mundo cada vez mais focado em resultados, eles perdem espaço. Por isso, a “culpa” não é da inteligência artificial: ela apenas reflete como as empresas se reorganizaram no relacionamento com sua força de trabalho.

O “emprego para a vida toda” está em extinção.

 

Contratando e paquerando com IA

Da mesma forma que demite, a inteligência artificial contrata. A versão mais recente da pesquisa State of Artificial Intelligence in Talent Acquisition, publicada pela consultoria americana HR Research Institute em 2019, indica que, naquele ano só 10% das empresas faziam um uso alto ou muito alto de IA no recrutamento, mas que 36% dos gestores esperavam fazer isso em até dois anos.

E isso foi antes da pandemia de Covid-19, que acelerou ainda mais esse processo.

O estudo traz outra importante conclusão: entre os entrevistados, os maiores temores do uso dessa tecnologia são a desumanização do recrutamento e possíveis discriminações no processo, por vieses surgidos por uma programação falha.

As empresas que já usam esses recursos afirmam que eles permitem contratações de melhores candidatos e de maneira muito mais rápida e eficiente. O risco de discriminações seria minimizado por uma inteligência artificial bem construída e por profissionais de RH capacitados, que ensinam à máquina o que realmente importa.

Se extrapolamos esse conceito, percebemos que a inteligência artificial já nos ajuda a escolher muitas coisas em nossa vida, até mesmo parceiros românticos ou sexuais. Diversos sistemas no mercado aprendem com nossas escolhas de quem nos interessa, para que as próximas sugestões sejam mais assertivas.

Esse processo pode ser extremamente complexo, para que os resultados não sofram vieses inconscientemente ensinados pelos próprios usuários. “Hang the DJ”, quarto episódio da quarta temporada da série “Black Mirror” (disponível na Netflix), que sempre traz questões morais envolvendo usos da tecnologia, ilustra isso de maneira inusitada e até inesperada.

É um fato que estamos sendo sempre rastreados. O que fazemos, dizemos, compramos, comemos, onde e com quem andamos, tudo isso será usado para traçar nosso perfil. E sistemas como os das redes sociais têm ficado tão eficientes nesse processo, que fica muito difícil impedir que eles “extraiam nossas verdades”.

Por isso, apesar de recrutadores afirmarem que os candidatos devam criar currículos e páginas em sites de empregos que estejam alinhados com as vagas e as empresas que desejam, esses documentos acabam se tornando apenas mais um elemento no processo de contratação ou de demissão. É possível que um belo artigo publicado no LinkedIn seja o responsável por uma contratação, enquanto uma foto infeliz no Facebook resulte em uma demissão. Ou, quem sabe, na escolha de alguém com quem se dividirá os lençóis em breve.

Isso pode ser aterrorizante para muita gente! Estamos nus e expostos para olhos digitais, que nos fazem praticamente uma “autópsia de pessoa viva”. Por isso, não se deve perder muito tempo em criar personagens que sejam muito diferentes de quem realmente a pessoa é, para objetivos específicos. Talvez seja mais interessante buscar objetivos mais em linha com sua realidade.

Em outras palavras, mentir no currículo nunca foi tão difícil. Por outro lado, para quem está trabalhando, vale prestar atenção se as exigências e o estilo da empresa se alinham com suas crenças. Se não for o caso, é melhor pensar em mudar de emprego antes de ser demitido por uma máquina.

Apesar de tanta eficiência, penso que tudo tem um limite. Lidar com pessoas sempre foi uma tarefa difícil, especialmente em momentos em que se toma uma decisão que impactará fortemente suas vidas. Ignorar isso completamente desumaniza tanto uma contratação e principalmente uma demissão que, na prática, desumaniza o próprio indivíduo. Nem a busca pela eficiência pode reduzir seres humanos a meros “recursos” com o mesmo peso de uma máquina, que será substituída porque ficou obsoleta.

Processos como esses exigem reflexões responsáveis. Se o RH terceirizar não apenas suas decisões, como também a operacionalização dos processos, ele mesmo pode ser substituído com vantagens por um sistema.

Devemos, portanto, nos preocupar menos em humanizar as máquinas e mais em humanizar as pessoas.

 

O vírus acelerou a morte de profissões

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Com o incremento no passo da vacinação, muitas empresas que ainda têm funcionários trabalhando em home office acalentam o sonho de voltar aos escritórios, mesmo sabendo que as coisas não serão como antes. Nesse cenário, o trabalho híbrido ganha espaço e a digitalização de tarefas não deve retroceder. Mas alguns profissionais não voltarão aos seus postos, pois suas funções foram extintas.

Depois de um ano e meio de pandemia, já se sabe que ela atuou como um poderoso catalizador da transformação digital. Mudanças nesse sentido que antes eram esperadas para ser implantas em cinco anos aconteceram em cinco meses. Empresas e profissionais que se deram bem nesse período foram os que conseguiram fazer os movimentos necessários.

A Covid-19 acelerou a derrocada de profissões inteiras. Esse processo, impulsionado pela automação e por mudanças culturais, já vinha de antes da crise sanitária, mas aumentou com ela.

Não há vacina para isso! Entretanto, quem está chegando no mercado agora e quem já está consolidado na profissão há muitos anos podem ainda tomar as ações que salvarão seu futuro profissional.


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Na semana passada, soube do caso de Salvador Neves, autointitulado “o jornaleiro mais antigo de São Paulo”. Dono da banca Estadão, que fica no viaduto Nove de Julho, no centro da cidade, ele está se aposentando aos 85 anos, 64 dos quais dedicados ao ofício. Ele, que se orgulha de já ter sido o maior vendedor de jornais da capital, chegando a comercializar cem exemplares por minuto, hoje vende pouco mais de um por hora, na média.

A banca, que está sendo tocada pelo seu filho, foi transformada em uma pequena loja de conveniência, a exemplo do que aconteceu com todos esses pequenos pontos de venda de rua. Mas isso não é suficiente. Salvador deixa a profissão menos pela idade e mais pela falta de perspectiva.

Acontece que, por mais que as pessoas continuem se informando pelo noticiário das mesmas empresas de comunicação que faziam (e ainda fazem) os jornais que Salvador antes vendia aos montes, hoje fazem isso pelo meio digital. Portanto, de certa forma, não foi a Internet que matou as bancas de jornal, e sim uma mudança no padrão de consumo de seus clientes, que encontraram um modelo que lhes é mais interessante.

A dificuldade dos donos das bancas de se reinventarem e o próprio debate do futuro do trabalho passa pelo do futuro da educação. Precisamos rever o que ensinamos em nossas escolas, privilegiando habilidades técnicas e sociais necessárias para as profissões do futuro, como trabalho em equipe, inteligência emocional, resiliência, empatia e tolerância.

Em outras palavras, para escapar do processo de automação, a sociedade precisa rever a maneira como educa seus jovens, e os profissionais precisam continuamente se reciclar. Mesmo para quem tem nível superior, não se pode mais depender apenas do que se aprende na graduação.

O que puder ser automatizado será! Portanto, aqueles cujas funções forem muito repetitivas e que exijam pouca inovação e criatividade devem mesmo se preocupar.

Um estudo realizado na Universidade de Oxford sugere que profissões que exigem habilidades que ressaltem nossa humanidade têm menos chance de serem automatizadas. Entre elas, estão percepção social, negociação, persuasão, cuidado com o outro, originalidade, gosto artístico e destreza manual.

Nesse sentido, algumas das profissões mais bem posicionadas seriam as ligadas a hotelaria, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e professores. Na outra ponta, entre as profissões mais ameaçadas, estão telemarketing, digitadores e caixas de banco.

O grande risco desse processo é tirar o ser humano da equação.

 

“Inempregáveis”

As mudanças são inevitáveis!

Se, por um lado, o avanço tecnológico deve trazer grandes benefícios para nossa vida, por outro ele pode gerar um excedente de mão de obra cujas qualificações não sirvam mais para essa nova realidade. E isso é algo que deve acontecer em um horizonte de poucos anos.

O Brasil já passa uma situação dramática no nível de emprego. Temos hoje cerca de 15 milhões de desempregados e mais de 6 milhões de desalentados, que são aqueles que já desistiram de procurar emprego. Além disso, há 33 milhões de pessoas que, apesar de estarem trabalhando, se sentem subaproveitadas, ou seja, poderiam e gostariam de produzir mais e melhor.

O grande problema é que começaremos a ver pessoas de uma nova categoria, a dos “inempregáveis”, aquelas cujas habilidades, mesmo aprendidas em uma faculdade, já não servem para nenhuma profissão. Cursos ultrapassados e falta de reciclagem profissional aumentam o risco de criar uma grande massa que não será capaz de exercitar qualquer trabalho.

Os otimistas afirmam que profissionais que perderem seu trabalho para a automação serão reaproveitados em outras funções. O problema é que essas tarefas tendem a ser pouco qualificadas, o que amplia a chance de serem novamente substituídos por outros sistemas depois de algum tempo.

As chamadas “profissões do futuro”, que estimulam nossa imaginação, exigem, por outro lado, pessoas que estejam continuamente aprendendo, que inovem e corram riscos, prontas para transformar o próprio trabalho em algo novo.

Nesse sentido, paradoxalmente algumas dessas atividades futuristas já existem há muito, muito tempo, como professores e médicos. Mas obviamente elas só poderão ser exercidas por profissionais que abracem maneiras totalmente inovadoras de fazer o que sempre fizeram. Quem insistir em métodos consagrados será lentamente colocado para fora do mercado.

Outra coisa que todos nós temos que ter em mente é que precisamos incorporar habilidades de outras áreas. Os profissionais mais valorizados precisam, cada ver mais, dominar habilidades da área de Exatas, como raciocínio lógico, análise de dados, entendimento de sistemas e estatística, assim como de Humanidades, como comunicação, pensamento crítico, trabalho em equipe e empatia.

As empresas devem entender que têm uma função essencial nisso, até mesmo para ensinar e reciclar seus profissionais, especialmente quando as escolas demoram a reagir e criar cursos que atendam a essas demandas.

O retorno é óbvio! Em janeiro, o relatório Brand Finance indicou as marcas mais valiosa do mundo: Apple, Amazon, Google, Microsoft, Samsung, Walmart, Facebook, ICBC, Verizon e WeChat. Apenas duas não são da área de tecnologia. E, nas 500 maiores, há só duas brasileiras: o Itaú, que ocupar o 387º lugar, e o Banco do Brasil, na posição 492. Nossas marcas mais valiosas são de setores muito conservadores ou estão ligadas a commodities, o que é emblemático.

Precisamos investir em profissões cujas tarefas não possam ser descritas e controladas por algum tipo de programa de computador. E devemos entender que o conhecimento envelhece. Por isso, temos que estar sempre estudando: essa ação é inegociável!

Vivemos em tempos exponenciais, e isso é ótimo para o desenvolvimento de toda a sociedade. Mas eles nos desafiam a fazer de um jeito diferente o que já existe ou criar algo completamente novo.

Não dá mais para se agarrar a fórmulas consagradas. Temos que nos preparar profissionalmente para algo que ainda não existe.

Nossa má educação cria um abismo entre os brasileiros e as profissões do futuro

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De tempos em tempos, vemos estudos e listas sobre as chamadas “profissões do futuro”. Elas nos enchem os olhos, com atividades incríveis e inspiradoras. Algumas parecem que vieram diretamente de um episódio de “Star Trek”, mas são reais! Infelizmente a maior parte das pessoas jamais exercerá qualquer uma dessas carreiras, pois não têm elementos básicos em sua formação para desempenhar suas tarefas. Nosso sistema de ensino e nossa cultura não são organizados para oferecer a crianças, jovens e adultos as habilidades necessárias para isso.

Isso fica ainda mais cruel quando consideramos que vivemos em um país que entrou em 2021 com cerca de 14 milhões de desempregados e 6 milhões de desalentados (aquelas pessoas que já desistiram de procurar emprego), números que crescem consistentemente desde antes da pandemia de Covid-19. Nos casos da imensa maioria dessas pessoas, infelizmente essas atividades inovadoras são inalcançáveis.


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Para as profissões que debutam com grande pompa e muitas novidades (as que chamam mais atenção), naturalmente não existe formação específica. As escolas precisam de um tempo para criar cursos, e isso só acontece depois que um novo ofício está consolidado. Portanto, se se almeja qualquer um desses incríveis trabalhos, a habilidade mais desejada é o amor pelo aprendizado. Com ela, o candidato descobrirá e fará muitos cursos específicos, para combinar seus conteúdos e construir o arcabouço intelectual necessário.

Nesse ponto, a situação começa a complicar. Nossas escolas não desenvolvem nos estudantes esse recurso. O amor pelo conhecimento é substituído por decorar o conteúdo para “tirar nota na prova”. Aliás, esse é um sistema de avaliação que persiste, apesar de ser incrivelmente falho. A prova pune o erro, o que faz com que o aluno prefira decorar mecanicamente, ao invés de sentir o prazer da compreensão dos assuntos, algo que deveria ser desenvolvido desde a mais tenra idade. Por isso, abordei esse tema na palestra que ministrei aos educadores da Fundação Raízen, na quarta passada

As “profissões do futuro” são tão incríveis porque elas saem do óbvio! Desafiam os indivíduos a pensar e a fazer diferentemente o que já existe ou criar algo completamente novo, que trará um grande benefício à sociedade. Para isso, o profissional não pode ficar preso a fórmulas consagradas. É preciso ser capaz de correr riscos, de buscar a inovação, de tentar.

Fácil falar! E é aí que “a porca torce o rabo”, como diz o ditado. Qualquer tentativa, em qualquer assunto, necessariamente embute um risco. Não há como garantir que tudo dará sempre certo. Mas nossas crianças e jovens crescem sendo punidos pelos seus erros. Quando se está na escola, o erro pode levar a uma reprovação de ano. Quando se chega ao mundo do trabalho, o erro pode custar seu emprego.

E assim todos preferem caminhar na segura trilha da mesmice. Ao não tentar, não se erra. E, ao não errar, garante-se o que já se tem. O problema é que, ao não tentar, também não se muda, não se cria, não se vence. Vivemos, portanto, em um pacto pela mediocridade.

Isso é antinatural! Todos nós somos capazes de aprender com nossos erros. Todo jogador de videogame sabe disso! Ninguém termina um game sem “morrer” nenhuma vez. Isso acontece várias vezes ao longo dessa jornada, mas nem por isso o jogador desiste dela. Pelo contrário: ele é obrigado a voltar um pouco na sequência, mas, quando chegar de novo no ponto em que falhou anteriormente, desenvolverá novas estratégias para superar o desafio, até que consiga! A partir daquele momento, esse recurso ficará disponível em seu cérebro para ser usado não apena no jogo, mas em qualquer coisa na sua vida.

Toda criança nasce sabendo disso. Mas a sociedade aos poucos a coíbe, para que essa habilidade fique cada vez menos disponível.

 

O valor da inovação

Profissionais e empresas que “sabem jogar” brilham muito mais! Por exemplo, na terça passada, a Apple recuperou a coroa de marca mais valiosa do mundo, depois de cinco anos. Segundo o relatório “Brand Finance 2021”, Amazon, Google, Microsoft, Samsung, Walmart, Facebook, ICBC, Verizon e WeChat completam a lista das dez mais valiosas. Apenas duas delas não são da área de tecnologia: o varejista americano Walmart e o banco chinês ICBC.

Nas 500 maiores, apenas duas são brasileiras: o Itaú, que ocupar o 387º lugar, e o Banco do Brasil, na posição 492. Sem desmerecer as operações dessas empresas, essa quase total ausência brasileira é emblemática. Nossas maiores empresas são de setores muito conservadores ou estão ligadas a commodities, enquanto as mais valiosas do mundo estão intimamente vinculadas à inovação, onde há um monte dos tais “profissionais do futuro”, dispostos a correr riscos.

Pode-se imaginar que esses ofícios são totalmente inéditos, mas isso não é o caso. Na verdade, muitas das “profissões do futuro” paradoxalmente existem desde a Antiguidade, como professores e médicos. Elas são “profissões do futuro” porque não apenas continuarão existindo, como se tornarão ainda mais importantes para a sociedade. Mas naturalmente elas já sofrem e continuarão sofrendo grande mudanças, inclusive impactadas pelo meio digital. Querer continuar as exercendo como se fazia há alguns anos é um convite para ser colocado para fora do mercado.

A digitalização já afetou todas as profissões e esse é um movimento que cresce exponencialmente. Não há como resistir à mudança. Pelo contrário, qualquer que seja a área do ofício, o domínio de habilidades normalmente associadas às Exatas, como raciocínio lógico, análise de dados, entendimento de sistemas ou estatística ficam mais e mais importantes. Da mesma forma, habilidade de Humanas, como comunicação, pensamento crítico, trabalho em equipe e até empatia também se tornam essenciais para trabalhadores de todas as áreas, e não apenas nas Humanidades.

Vejo isso com muito bons olhos. A ideia de ter um engenheiro com uma incrível capacidade de comunicação ou um médico guiado pela empatia é incrível! Ao final, teremos não apenas melhores profissionais, mas também melhores pessoas.

 

O avanço da automação

Não se engane: o que puder ser automatizado será! Isso já está acontecendo em todas as áreas.

Profissões nascem e morrem desde o início dos tempos. A diferença é que agora isso acontece em um ritmo muito mais veloz, pelo desenvolvimento de novas tecnologias e pela disseminação e democratização do conhecimento.

As que desaparecem normalmente são aquelas que foram substituídas por processos que atenderam seu cliente de maneiras que lhe eram mais convenientes. O que mata um produto, uma indústria, uma profissão é o cliente que encontra uma alternativa mais vantajosa para si.

Portanto as profissões que nascem são mais analíticas e inovadoras, e as que morrem são as mais operacionais e repetitivas. É por isso que nossas escolas precisam formar profissionais para o primeiro grupo, e não para o segundo. Caso contrário, dentro de alguns anos, não teremos apenas uma grande massa de desempregados, mas muitas pessoas “inempregáveis”, que não terão habilidades mínimas para realizar as tarefas exigidas pelos ofícios disponíveis.

A discussão do futuro do trabalho deve passar necessariamente pela do futuro da educação. Portanto, se você deseja abraçar uma das “profissões do futuro”, comece a se preparar desde já, estudando de uma maneira diferente. Procure cursos que o ensinem a pensar e não a simplesmente a “apertar botões”, que o ensinem a correr riscos e não a adotar posições conservadoras, que o levem a abrir novas trilhas e não apenas seguir por caminhos conhecidos por todos.

Com isso, você poderá criar algo de fato novo e que realmente faça a diferença para a sociedade. Assim seu futuro estará garantido.

Não tem jeito: hoje a vida acontece pelas telas

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Há muito tempo, debato calorosamente com meus amigos sobre o nosso tempo diante de diferentes telas, como a do celular, a do computador ou a da televisão. Não desgrudamos desses dispositivos, e cada vez mais dependemos deles para quase tudo. Você possivelmente até dorme com um deles a seu lado!

Eu sempre fui um defensor de um uso amplo, mas consciente da tecnologia. Alguns amigos torciam o nariz para isso, e diziam que deveria ser limitado. E uns poucos eram bastante críticos ao crescente espaço que a tecnologia digital ocupava em nossas vidas. Mas aí chegou a pandemia de Covid-19 e o distanciamento social, e tudo mudou! Passamos a depender das telas para vivermos nossas vidas, mesmo no que antes fazíamos sem elas.

Estamos exagerando? Existe um limite saudável para essa exposição??


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Já se vão quatro meses de regras de distanciamento social por causa do Covid-19. Por mais que a economia esteja reabrindo aos poucos, muita coisa já mudou de uma maneira definitiva.

Comportamentos e aprendizados do tempo da pandemia permanecerão além dela. Por exemplo, você conseguiria dizer quanto tempo você ficava diante de uma tela qualquer antes da pandemia e quanto fica agora?

Até o ato de nos encontrarmos com nossos amigos tem acontecido dessa forma. Chamadas em vídeo por WhatsApp, Zoom, Skype, Hangouts se tornaram comuns. Happy hours agora são à distância, cada um bebendo em sua casa, mas com todos conversando animadamente pelo mosaico do Zoom. Até aniversários agora acontecem assim! E paradoxalmente muitas pessoas que não viriam a nossas festas agora comparecem a esses eventos online (até mesmo porque algumas moram em outras cidades ou até em outros países).

Trabalhar em casa também é outro grande exemplo, do qual já debatemos longamente aqui nesse mesmo espaço. Antes da pandemia, a maioria das empresas torcia o nariz para o home office, dizendo que ele não era produtivo. Agora muitas fazem planos para diminuir o tamanho de seus escritórios, pois farão rodízio entre funcionários trabalhando no local e aqueles que ficarão em casa.

Outra coisa que também já debatemos bastante aqui é o estudo online. Com escolas fechadas, os alunos passaram a ter aulas em casa. Se isso é motivo de grande estresse para alguns pais, para alguns alunos do ensino superior, a nova modalidade é vista com bons olhos e até preferível, pelo menos em alguns casos.

As telas invadiram também nossa maneira de nos divertir, de comprar, até de paquerar! Parece que a vida agora cabe naquele retângulo.

Não tivemos opção! Tivemos que nos adaptar na marra em poucas semanas a isso tudo.

Ninguém esperava por isso. Ninguém planejou isso. Foi tudo muito rápido!

Por isso, algumas pessoas e alguns negócios se adaptaram de maneira melhor que outros. Os que se deram bem são aqueles que já usavam mais o meio digital. Para essas pessoas e essas empresas, a coisa apenas se intensificou.

Ou seja, os recursos do meio digital, representados pelas telas, são uma tremenda oportunidade. Não resolve tudo, mas ajuda muito! Precisamos então de planejamento e uso consciente.

O futuro é agora

Estava pensando nesses dias no desenho animado “Os Jetsons”. Muito de suas vidas acontecia por telas. Isso parecia ser algo trivial para eles, inclusive em muito das coisas que estamos vivendo agora. Mas em 1962, quando a animação foi lançada, tudo era ficção científica.

Todos almejavam aquele futuro brilhante. O que tornava aquilo natural é que, aparentemente, tudo havia sido feito com planejamento, em uma sociedade que teve tempo para absorver bem as novidades.

Aí está a diferença entre eles e o que vivemos hoje. E justamente aí está o caminho que devemos buscar. Apesar de tudo isso estar nos sendo imposto, não devemos ser nem deslumbrados diante da tecnologia, nem reacionários ao seu uso.

A tecnologia é só uma ferramenta! Não existe tempo mínimo e tempo máximo para estarmos nas telas: existe bom uso e bom senso!

Temos que aproveitar todos os recursos que ela nos oferece. Mas ainda há muitas coisas que podemos fazer sem ela, mesmo com as restrições impostas: não devemos abandoná-las!

Peguemos, como exemplo, o home office. Será que precisamos passar o dia em videoconferências? Isso está deixando as pessoas exaustas!

Por outro lado, em uma turma atual em um curso meu na PUC-SP, tenho alunos que há muito queriam participar das minhas aulas, mas que não podiam fazer isso antes, pois as aulas eram apenas presenciais, e eles moram em outras cidades. Agora tenho até uma aluna que mora em Dubai, e que fica online das duas às cinco da manhã, no seu horário, três vezes por semana, para assistir às minhas aulas. Nesse caso, a tecnologia viabilizou o acesso à educação par essas pessoas.

Mesmo quando tudo “voltar ao normal”, será que seremos os mesmos?

Talvez ainda demore um tempo para voltarmos a ser como éramos. Na verdade, acho que nunca voltaremos totalmente a ser como antes!

Isso me faz lembrar de um outro vírus: o HIV, que causa a Aids. Ele mudou a nossa maneira de viver o sexo desde os anos 1980 e 1990, com os preservativos se tornando onipresentes. Talvez o Covid-19 mude muito de nossas vidas, que passarão a ser feitas mais à distância, pelas telas.

Sherry Turkle, professora de Estudos Sociais de Ciência e Tecnologia no prestigioso MIT (Massachusetts Institute of Technology) e autora do livro “Alone Together” (algo como “Sozinhos Juntos”, em uma tradução livre), afirma que, à medida que a conexão digital com as pessoas aumenta, nossas vidas emocionais diminuem. Seu argumento é que, apesar de estarmos constantemente nos comunicando com outras pessoas pelas redes sociais, essas trocas acabam não sendo autênticas e nos levam à solidão.

Recentemente, em uma entrevista à CNET, ela disse que agora quando a falta de contatos presenciais nos é imposta, percebemos quanto eles são importantes. E que quando finalmente começarmos a nos encontrar novamente, isso pode ser uma experiência assustadora. Mas, segundo ela, quando superarmos isso, apreciaremos muito mais a presença do outro.

Até lá, devemos usar as telas com inteligência e critério. Sem exageros, mas aproveitando o que de bom nos oferecem.

Devemos também humanizá-las! Dar a elas e ao que fazemos nelas a nossa cara, o nosso jeito. Afinal, parece que elas se tornaram uma extensão de nós mesmos. E algo disso permanecerá depois da pandemia.

O que mais vem da China?

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Nunca se falou tanto da China quanto desde o começo do ano!

Por conta da pandemia de Covid-19, o gigante asiático ganhou um destaque global ainda maior que o que naturalmente já tem. É alvo de todo tipo de teorias da conspiração, por ter sido o país onde o novo coronavírus surgiu, e pela guerra particular contra ele do presidente americano, Donald Trump, que busca a reeleição.

A despeito de tudo isso, a China foi um dos primeiros países do mundo a relaxar as medidas de distanciamento social, que lá foram muito mais severas que aqui. Mas, por isso mesmo, duraram menos de um mês.

Hoje o país é um dos que lideram a corrida por uma vacina contra o vírus. Eles também desenvolveram hábitos e tecnologias que podem ser muito úteis no mundo pós-pandemia, inclusive para nós.

O que os chineses estão fazendo que nós podemos copiar?


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A China é o maior parceiro comercial do Brasil no mundo. O país asiático tomou esta posição dos Estados Unidos em 2009, e não perdeu mais. Segundo o Ministério da Economia, em 2018, o comércio entre China e Brasil foi de US$ 98,6 bilhões, com superávit para o Brasil de US$ 29,2 bilhões.

Já foi o tempo em que a China era um mero reprodutor de versões baratas e de baixa qualidade de produtos ocidentais, os chamados “Xing Ling”. Sim, a China ainda exporta todo tipo de quinquilharias para o mundo todo. Mas o país é hoje dono de uma das indústrias tecnológicas mais pujantes do planeta, em todos os segmentos.!

No mundo pós-pandemia -pelo menos para eles- algumas novidades podem indicar caminhos a ser seguidos por outros países.

Um estudo realizado pela consultoria Inovasia entre 2 de abril e 15 de junho identificou várias dessas inovações.

Um deles é o pagamento digital pelos celulares. Em uma época em que o contato se tornou um fator potencial de contágio, até o cartão de crédito nas mãos de um lojista ou de um entregador é visto com receio por alguns. Portanto os meios digitais de pagamento crescem fortemente e os pagamentos por aproximação do celular estão consolidados lá. Aqui no Brasil, isso ainda está começando.

Os superapps chineses, como WeChat e AliPay, concentram o processo, algo que também está engatinhando aqui, com operações locais. Dessa forma, dinheiro em papel é cada vez mais raro na China, o que é muito bem-vindo, pois as notas sempre foram instrumentos de propagação de doenças, e não só de Covid-19.

Nessa mesma linha, empresas que ofereçam produtos que não exijam contato com o público ganham espaço. Até o mundo do trabalho deve ir por esse caminho, com menos reuniões em salas fechadas. Aliás, trabalho remoto, sempre rejeitado por muitos, se tornou uma possibilidade vantajosa! O mesmo se observa com o ensino à distância. Mesmo com as escolas reabrindo, parte do público preferiu continuar com as aulas online.

A tecnologia é essencial nesse ponto, com a adoção de equipamentos que ajudam em atividades como telemedicina, além de realidade virtual e realidade aumentada.

O varejo de agora em diante

O varejo também se beneficiou da tecnologia. Não apenas pelo crescimento explosivo do e-commerce, mas pela consolidação do chamado shopstreaming. Trata-se de lives em que vendedores ou celebridades apresentam produtos ao vivo, para que os consumidores tirem dúvidas e façam compras na hora.

Segundo o instituto iMedia Research, o “comércio ao vivo” movimentou US$ 63 bilhões na China, em 2019. Com a pandemia, este número deve saltar para US$ 135 bilhões em 2020.

A Inovasia aponta uma coisa interessante nisso: o apresentador não deve ser uma celebridade qualquer, paga para só “puxar o saco” da marca! O que realmente funciona é um influenciador que seja um especialista no produto, que pode falar com propriedade sobre ele. A agência de comunicação Dentsu Aegis Network indicou que mais de 90% dos gestores aumentarão seu investimento em influenciadores digitais, e 80% melhorarão sua infraestrutura de e-commerce.

Outra tendência ligada ao varejo é a entrega em menos de uma hora. Isso já existe na China há uns cinco anos, mas ficou muito mais importante agora. A consultoria britânica Real Capital Analytics indica que imóveis em bairros de Pequim, Xangai e Shenzhen que são atendidas por supermercados que entregam em até 30 minutos tiveram valorização média de 10% só por essa facilidade.

Outra tendência chinesa ligada ao varejo que se vê timidamente por aqui é a preferência pelo comércio local. Com um consumo mais consciente, as pessoas procuram comprar de pequenos varejistas do próprio bairro, como uma maneira de ajudá-los. Além disso, a Inovasia identificou um crescimento por marcas nacionais, em detrimento de produtos importados.

A alimentação dos chineses também ficou mais saudável. Alimentos frescos estão sendo mais buscados, em detrimento dos congelados. As pessoas também estão cozinhando mais em casa, outra coisa que se observa no Brasil.

Os chineses também estão se exercitando mais, porém não em academias, por serem locais fechados. Cresceu a compra de produtos para atividades físicas na residência.

Do ponto de vista de mobilidade, assim como no Brasil, a venda de carros desabou por lá durante a pandemia: 89% de queda! Mas, com a retomada das atividades, muitas pessoas voltaram a comprar carros. O motivo é não querer usar o transporte público, um foco de contágio.

Além das onipresentes bicicletas, quando o carro se faz necessário, os chineses estão preferindo os veículos LSV, ou Low Speed Vehicles. São carrinhos parecidos aos de campos de golfe, totalmente elétricos, conectados e que se movem a, no máximo, 40 km/h. A sua autonomia varia entre 40 km e 90 km e seu tempo de carregamento é de apenas três horas.

Assim como aconteceu no Brasil, a China experimentou uma explosão de “fake news” durante a pandemia, disseminadas principalmente por redes sociais. E, assim como aconteceu no Brasil, os veículos de comunicação tradicionais emergiram como fontes confiáveis para combater a desinformação. Os mais jovens tiveram um papel interessante nisso, ajudando parentes e amigos mais velhos a separar as notícias falsas de material produzidos por veículos sérios.

Precisamos melhorar muito nisso aqui no país.

Não tem volta!

É interessante observar que essas mudanças vieram para ficar, mesmo entre os “late adopters”. Segundo a consultoria chinesa ChoZan, esse público é, em geral, formado por homens acima de 50 anos, com pouca intimidade com smartphones e que têm medo de sofrer golpes online. O mesmo raciocínio se aplica a empresas que, por questões culturais, não sentiam a necessidade de oferecerem seus produtos digitalmente.

A pandemia forçou todos a mudar de postura. E o fim da crise sanitária no país não fez o comportamento dos “late adopters” retornar ao estágio pré-Covid. O motivo principal para a mudança de postura é que seus temores não se concretizaram: a coisa “deu certo”! No caso das empresas, houve aumento de receita em 87% dos casos. O consumo, aliás, voltou com força após o isolamento, porém mais consciente, incluindo evitar dívidas de longo prazo.

Como se pode ver, a China pós-pandemia traz caminhos interessantes, que podem nos ajudar também. Cabe a nós aproveitar essas ideias da melhor maneira possível.

Vale lembrar que se trata de um país em que as liberdades individuais são restritas e que a arapongagem é algo comum e até aceita. Por exemplo, todo cidadão é obrigado a informar, em um aplicativo, viagens intermunicipais e sintomas de saúde às autoridades. O sistema, que roda nos superapps WeChat e no AliPay, confere classificações verde, amarelo e vermelho a cada cidadão, determinando seu grau de liberdade de circulação.

Fica a questão se queremos fazer algo assim por aqui. O histórico do governo brasileiro de proteção aos próprios cidadãos não anda muito favorável. Devemos estar atentos para que o governo brasileiro não passe dos limites.

Temos muito que aprender com os chineses! Vamos então adotar as coisas positivas que vêm de lá. E aprender o que não fazer com o que não é legal.

Quer trabalho? Volte à escola!

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Com o avanço do coronavírus, cada vez mais empresas estão adotando o home office e escolas estão suspendendo suas aulas para evitar o contato social, em uma tentativa de conter o contágio. Mas, a despeito de praias lotadas nesse domingo, não são férias!

Muita gente se depara com um novo tempo livre, nem que seja por escapar das horas no trânsito. Cada um encontra o que fazer com isso.

Que tal voltar a estudar?


Saiba mais sobre esse assunto no vídeo abaixo:


Seguindo o IBGE, 2019 terminou com 11,6 milhões de desempregados no Brasil, apenas 300 mil a menos que no ano anterior. Além deles, havia 4,6 milhões de desalentados, pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego depois de muito tentar. A situação só não é mais dramática porque a informalidade ajudou: são 38,4 milhões de brasileiros nessa situação, que representa empregos de baixa qualidade.

Se já não bastasse isso, há o temor de que seu emprego desapareça porque a função terá sido substituída por um robô. E não se engane: o que puder ser automatizado será! Aliás, isso já está acontecendo.

Precisamos aprender coisas que ainda não sabemos! Temos que conviver com as pessoas de uma maneira mais colaborativa, empática, construtiva, observar o mundo com outros olhos! Até porque, dessa forma, nós mesmos poderemos criar novos trabalhos.

Por exemplo, da lista das 15 profissões em alta no Brasil em 2020, segundo o LinkedIn, dois terços delas simplesmente não existiam há apenas uma década. Em quantas delas você poderia atuar? Quantas dessas você sabe o que é?!?!

A boa notícia é que dá para entrar em muitas delas com um pouco mais de estudo a partir de muitas “profissões convencionais”. Talvez muitas deles você já tenha.

Mas, de novo, precisamos de pessoas capacitadas para essa tarefa. Uma boa faculdade e falar inglês já não resolvem. E, à medida que o tempo passa, mais dramática a “obsolescência profissional” fica.

Mas então o que estudar? E onde?

Nessas horas, uma instituição de ensino e profissionais de grande reputação fazem uma enorme diferença. Quanto aos formatos, temos para todos os gostos. Cada um deles tem suas características, vantagens e desvantagens.

Por exemplo, mestrados e doutorados são as melhores opções para quem busca criar algo novo, desenvolver uma visão refinada de sua área de conhecimento. Infelizmente, são longos e caros, duas coisas que afastam muita gente. O que é uma pena, pois são cursos incríveis, para formar profissionais realmente diferenciados!

A seguir, vêm as especializações e os MBAs, que criam um profissional com capacidades analíticas ampliadas no seu segmento. Por isso, são muito valorizados pelo mercado. Mas também duram de um a dois anos.

Para quem não tem tanto tempo ou dinheiro para investir, há excelentes opções em cursos livres e cursos de extensão. Hoje encontramos cursos muito consistentes de dez horas, por exemplo! Eles ensinam uma coisa pontual, claro. São ótimos para incrementar alguma habilidade ou, talvez, suprir uma deficiência. Cursos de extensão, um pouco mais longos, de 30 a 40 horas, permitem uma visão mais ampla de um tema específico, com conteúdos atualizados e de aplicação imediata no cotidiano profissional. Permitem ainda que os alunos, que já são profissionais, façam um ótimo networking. Isso traz vários ganhos, especialmente para aqueles com mais tempo de carreira, que têm contato com “conteúdos frescos”.

Há, por fim, as mentorias, que podem ser feitas em grupos de profissionais ou de maneira individual. O mentor é um profissional de reconhecida experiência que ajuda a outros a se desenvolver e atingir um novo patamar. Uma vantagem importante é que o serviço é bem personalizado.

Portanto, por mais paradoxal que pareça, se você deseja garantir seu trabalho hoje e no futuro, pare de pensar no emprego e comece a pensar em você!

Ninguém está seguro! No primeiro momento em que a empresa achar que suas habilidades já não são mais suficientes ou seu cargo ficou anacrônico, será dispensado!

Além disso, sem querer fazer um trocadilho infame, um “pé na bunda” no trabalho pode ser o pontapé inicial para você criar uma nova carreira, muito melhor para você. Mas, só se você estiver bem preparado!

Com a crise do coronavírus, muitas escolas estão interrompendo suas aulas. Aproveite esse tempo para pesquisar os cursos que mais lhe atendem! As restrições a circulação logo vão diminuir. Esteja com sua matrícula feita quando isso acontecer!

Além disso, esse pode ser um ótimo período para fazer, por exemplo, mentorias, que podem ser presenciais ou online. Não há nenhuma restrição a isso! Aproveite as horas diárias que você ganhou do trânsito para desenvolver novas habilidades.

Precisamos assumir o protagonismo de nossas vidas! Temos que querer melhorar, por nós mesmos e por quem está a nossa volta.

E aí, vamos à escola?

Coronavírus empurra profissionais para trabalhar em casa

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Com o avanço do coronavírus, muitas empresas, inclusive no Brasil, estão incentivando pelo menos parte de seus funcionários a adotar o home office, ou seja, trabalhar em casa e não no escritório. O raciocínio é simples: se a pessoa fica mais em casa, diminui o risco de um eventual contágio entre colegas ou em ambientes externos, como no transporte público.

A tecnologia ajuda nessa tarefa. Internet mais rápida e barata, e sistemas de colaboração avançados permitem um trabalho remoto cada vez mais eficiente. Mas, para o home office dar certo, é preciso muito mais que isso: o profissional deve ter disciplina e estar adaptado a essa modalidade de trabalho, o ambiente na sua casa deve ser favorável a isso e a empresa também precisa estar pronta para sua implantação.


Saiba mais sobre esse assunto no vídeo abaixo:


Nesse domingo, a Itália decretou quarentena no norte do país, afetando inclusive as cidades de Milão e Veneza. Ninguém entra nem sai da região, que é a mais importante para a economia do país, a menos que estritamente necessário.

As pessoas não estão confinadas a suas casas, mas a recomendação é que saiam o mínimo possível. A medida afetou 16 milhões de pessoas, cerca de 30% da população italiana. É a mais extrema tomada fora da China, país onde tudo começou e que concentra 73% dos casos no mundo.

E se amanhã a sua empresa chegasse para você e dissesse: “de agora em diante, você vai trabalhar de casa!” O que você acharia disso?

A verdade é que para que um home office funcione, ele precisa que a empresa, o seu ambiente e você mesmo estejam alinhados com essa proposta.

Tem gente que simplesmente não consegue trabalhar em casa! O home office exige uma certa disciplina. Alguns se esquecem que aquilo é trabalho, só porque estão em casa, e fazem tudo sem comprometimento.

Como qualquer trabalho, o home office deve ter hora para começar e para terminar. Deve ser feito com afinco e seriedade. E em caráter contínuo. Claro que algumas pausas podem -e devem- ser feitas. Assim como acontece no escritório. Mas isso não quer dizer parar o trabalho para ir ao cinema no meio do expediente.

Por outro lado, também é importante sair de casa de vez em quando. De preferência uma vez ao dia. Ver gente é importante! Escolha uma parte do trabalho que possa ser feita, por exemplo, em um café. Uma boa dica é fazer reuniões com clientes presencialmente, fora de casa, que pode ser até no café ou na empresa dele.

Outra grande dica é você se arrumar para o home office. Exatamente como se estivesse indo ao escritório. Nada de ficar trabalhando de pijama! Quando você se veste adequadamente para o home office, você passa uma mensagem ao seu cérebro que você entrou no “modo de trabalho”. E isso faz uma enorme diferença!

Outro item fundamental nessa disciplina é que você deve ter também a hora de parar! Muita gente simplesmente não para de trabalhar. Na verdade, esse comportamento bizarro se observa cada vez mais também nos escritórios, especialmente entre os mais jovens. Não pode! O corpo e a mente precisam de descanso.

O segundo item se refere ao seu ambiente de trabalho em casa.

Primeira coisa: nada de trabalhar na cama! Isso é imperdoável!

Você deve ter um local na casa em que você possa associar ao trabalho. Um lugar só seu, em que você encontra tudo que precisa para realizar suas tarefas. Tem que ser confortável, pois você passará muitas horas ali.

Esse lugar deve ser também livre de distrações. Cuidado com coisas como música e TV. Procure deixar tudo desligado, a menos que precise disso para o desempenho de suas funções.

Evite também interrupções de outras pessoas da casa, especialmente crianças. E até de animais de estimação. Crie um mecanismo para se “blindar” dessas interferências. O ideal seria ter um cômodo dedicado ao home office, onde possa fechar a porta. Tendo isso ou não, combine com as outras pessoas da casa que, no horário de trabalho, você só deve ser interrompido se for absolutamente necessário.

Naturalmente, você também tem que fazer pausas para as refeições durante o home office. Além do almoço, tenha à disposição alguma coisinha para beber ou mastigar de vez em quando, especialmente nos momentos de tensão, que eventualmente aparecem. Mas escolha opções saudáveis!

Por fim, a sua empresa também precisa contribuir para o sucesso do home office de seus funcionários. Primeiramente, ela deve acreditar nessa modalidade de trabalho e querer fazer isso de verdade. Deve ter processos para garantir o sucesso do home office, como garantir a dinâmica do trabalho e que seus funcionários tenham tudo necessário para realizar bem suas funções.

Naturalmente, deve existir apoio da chefia. Claro que a performance deve ser cobrada, de maneira natural e sem diferenciação. O home office não pode ser encarado como um “trabalho de segunda categoria” e nem como um “benefício indevido”, que depois será cobrado do funcionário.

E uma coisa muito importante: seus colegas não podem se “esquecer” de você. E nem você deles! Quando não estamos no escritório, inevitavelmente perdemos informações que chegariam pelo simples burburinho do ambiente. E até a intimidade e confiança pode diminuir pela distância. Use bem os recursos de comunicação para se fazer presente, até mesmo nos momentos informais. E encontre-se com seus colegas quando puder.

O home office pode ser bem bacana e produtivo, seja por causa do coronavírus ou não.

É só fazer direito!

Crise no trabalho começo com nosso vexame na educação

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Na terça passada, a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) divulgou os resultados do Pisa, avaliação internacional sobre educação. O Brasil manteve seu histórico vexatório: ficamos entre os 20% piores países do mundo.

Não sei o que é pior: nosso já tradicional desempenho pífio ou a completa falta de perspectiva de melhora, diante da ausência de uma liderança minimamente qualificada no governo para o tema. A situação fica ainda mais dramática porque o Brasil forma cidadãos e profissionais deficientes não apenas em conteúdos acadêmicos, mas também em habilidades cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho, como resiliência, empatia, trabalho em equipe e capacidade de viver construtivamente com quem pensa de maneira diferente de si.

Portanto, a crise no mercado de trabalho começa com a crise na nossa educação. O mundo se transforma a passos largos, exigindo pessoas capazes de se reinventar continuamente. Mas, para isso, elas precisam de uma sólida educação. Sem isso, engrossaremos as filas de desemprego não apenas pela crise econômica, mas também por estarmos sendo substituídos por robôs.

A educação é de todos, e esse problema precisa ser resolvido com a participação de toda a sociedade. O dilema tem solução, mas exige seriedade e muito trabalho. Veja o que precisa ser feito no vídeo abaixo. E depois compartilhe suas opiniões nos comentários.



Veja o estudo sobre o resultado brasileiro no Pisa 2015, feito por pesquisadores da USP e do Insper. É só clicar em https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2018/08/Por-que-Brasil-vai-mal-PISA-Analise-Determinantes-Desempenho.pdf


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Ignorar as pessoas é um péssimo negócio

By | Educação | No Comments

Quem nunca sofreu com uma informação importante que nunca chegava?

Pode ser a resposta para fechar um negócio, atualizações sobre um novo emprego, ou mesmo algo do nosso cotidiano. Você chama a outra parte, mas é como se ela ignorasse você solenemente.

Daí a coisa não avança e a ansiedade cresce. E você se sente preso em um lugar em que não pode fazer nada para sair dele: uma terrível sensação de impotência.

Os meios digitais pioram esse cenário. Estamos permanentemente conectados a tudo, mas soterrados de informação, que nos atrapalha para ouvir e ser ouvido.

Esse cenário não favorece ninguém. De um lado, temos indivíduos que se sentem ignorados e desprestigiados. Do outro, empresas que podem perder incríveis oportunidades por não prestar atenção às pessoas.

Mas não precisa ser assim. Uma boa organização ajuda muito. Mas o que precisa mesmo acontecer é um desejo de querer atender o outro. Você está pronto para isso?

Veja, no meu vídeo abaixo, alguns exemplos de problemas causados por esse mau comportamento que se dissemina, e sugestões para contornar a situação. E depois compartilhe conosco como isso afeta o seu dia a dia.



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“Bolha de proteção” cria adultos ansiosos e que não trabalham em equipe

By | Educação | No Comments

Cresce a quantidade de jovens profissionais que apresentam uma dificuldade acima da média para seguir regras e obedecer a hierarquia. Além de isso atrapalhar o próprio desenvolvimento, inclui um elementos que não se encaixam nas empresas.

Esse problema do mercado de trabalho tem origem na infância, dentro de casa: pais superprotetores criam uma “bolha” em torno de crianças e adolescentes, na tentativa de evitar que se frustrem ou que tenham que enfrentar grandes desafios.

Essa é a melhor receita para criar adultos fragilizados e intolerantes. Pais que não sabem dizer “não” criam filhos que não aceitam ouvir “não”.

O problema é que os próprios pais andam um tanto perdidos. A prolongada e profunda crise econômica e social ajudou a catapultar o Brasil para a liderança mundial em casos de ansiedade, segundo a Organização Mundial de Saúde: 9,3% dos brasileiros sofrem do mal. Não é de se espantar que um dos medicamentos mais vendidos no país seja o ansiolítico tarja preta Clonazepam, mais conhecido Rivotril.

Como crianças aprendem pelo exemplo, e muitos de seus pais vivem uma vida enfiada no trabalho, cujo único propósito parece ser pagar contas, a sua fragilidade se agrava. Ouvi recentemente casos de crianças que estão se automedicando com Rivotril furtado das cartelas de seus pais. E isso é gravíssimo!

Como esperar que cresçam confiantes, responsáveis e prontos para trabalhar em equipe, habilidades cada vez mais valorizadas no mercado?

Calma, nem tudo está perdido!

Veja no meu vídeo abaixo como reverter essa situação e ajudar os pequenos a crescer de uma maneira saudável. E depois compartilhe conosco nos comentários as suas vivências sobre o tema.



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Silvia de Paula e Danielle Vieira, que vêm a São Paulo estudar toda semana, a partir de Marília e de Bragança Paulista, respectivamente - Foto: Paulo Silvestre

Longe é um lugar que não existe para quem quer crescer

By | Educação | No Comments

Até onde você vai para ser uma pessoa e um profissional melhor? Não me refiro apenas ao sentido moral, de disposição, mas também literalmente a que distância você topa percorrer.

Que tal 200 quilômetros toda semana? E 900 quilômetros?

Esses números não foram escolhidos aleatoriamente.

Como palestrante e como professor há uma década, vejo, com tristeza, uma certa acomodação de muita gente que que não topa nem ir de um bairro para outro para assistir a um curso ou a uma palestra, mesmo gratuitas. E isso é uma pena! Pois não existe almoço grátis: quem quiser ser manter com destaque na sua profissão não pode mais se dar ao luxo de ficar parado.



Nem tudo está perdido, felizmente! Apesar da “letargia média do cidadão comum”, posso dizer, com muita alegria e orgulho, que sempre tenho alunos de diversos bairros e até de outras cidades da Grande São Paulo nos meus diferentes cursos de pós-graduação.

De vez em quando, aparece alguém de mais longe ainda. Nesse semestre, em uma mesma turma do curso de Comunicação digital: muito além do óbvio, tenho a alegria de ter na turma Danielle Vieira, 30, e Silvia de Paula, 54. A primeira viaja 100 quilômetros de ida e outro tanto de volta de Bragança Paulista até a PUC-SP; a segunda, vai e vem 450 quilômetros de Marília até a PUC-SP.

É interessante observar ainda o caso da Danielle, que é psicóloga, e atende em seu consultório em Bragança. Apesar disso, veio até São Paulo atrás de um curso de comunicação digital, pois as redes sociais são importantíssimas para sua carreira, inclusive para captar novos clientes. Mas não é só isso. “Uma coisa é você se especializar na sua área, a outra é você ir para comunicação digital, que está em todas as áreas”, explica. “A comunicação digital transcende um campo específico, como o jornalismo, a publicidade: está em tudo!”

De fato, como eu costumo dizer, conhecimento nunca é demais, não ocupa espaço e sempre nos permite construir muito além dos limites que, em algumas ocasiões, até nos são impostos. E os bons profissionais nunca param de aprender.

“As pessoas já perguntaram para mim: ‘por que você acha que tem que fazer uma extensão na PUC, se, no mercado aqui em Marília, dá para contar nos dedos quantas empresas de mídia existem?’”, diz a jornalista Silvia, que hoje trabalha com jornalismo impresso e assessoria. “É porque hoje o mundo não é Marília. Eu não preciso estar no jornal, eu não preciso estar na TV: eu posso ser a minha própria mídia”, responde.

Mercado em constante mudança

Tanto Silvia quanto Danielle não concordam que alguém se contente apenas com a faculdade. “A graduação é só um embasamento que te dão. Você não pode dizer ‘com essa formação acadêmica, eu vou atuar muito bem no mercado’”, afirma Silvia. “Não, o mercado te engole!”

Danielle é categórica: “não dá para ficar só na graduação, impossível!” Para ela, “as pessoas terminam a graduação sem saber quase nada”. E conclui que, “se você parar na graduação, você para no tempo!”

“Uma coisa que eu vejo no interior –e eu falo com muita gente– é que as pessoas param na graduação”, segundo suas observações em sua cidade. “Não sei se só por preguiça ou porque a gente tem mesmo pouca oferta da pós-graduação.” Por isso, Danielle procurou ativamente o curso que cumpria suas expectativas: “não foi o anúncio que me atingiu na rede social.”

A distância definitivamente não é um problema para nenhuma das duas, que tiveram que remanejar seus compromissos profissionais e pessoais, para ter as terças livres para comparecer às aulas. O que as motiva é a busca pelo conhecimento que lhes interessa, esteja onde estiver.

“No interior, a gente não tem esses cursos”, explica Silvia. “Mídia social, em Marília não tem, e eu queria fazer mídia social! Então por que não vir para São Paulo?” Ela conta que pega o ônibus todos as terças às dez da manhã, e vem trabalhando na estrada. “Na volta, durmo no ônibus.”

As discussões sobre o futuro do trabalho ficam cada vez mais intensas nas mídias e nas redes sociais, especialmente no LinkedIn. Como sempre digo, esse debate está totalmente ligado ao do futuro da educação.

Os fatalistas dizem que a tecnologia, especialmente a combinação de inteligência artificial com Internet das Coisas e robótica, acabará com profissões inteiras. Isso é verdade, já está acontecendo e tende a piorar! Os otimistas dizem, por sua vez, que esse excedente de mão de obra será reaproveitado em tarefas mais nobres.

Bem, não é bem assim. Isso só acontecerá se essas pessoas tiverem uma excelente formação, que lhes permita se apropriar desse novo cenário profissional e sejam capazes de executar as novas tarefas. Além disso, apenas indivíduos com disposição de continuar sempre aprendendo poderão fazer parte desse novo grupo de elite profissional.

Isso não é só algo que deve preocupar os profissionais, pois impactará diretamente as empresas e toda a sociedade. Para Silvia, “o fato de a pessoa falar que já tem seu ‘cartucho’, que é graduada, já é formada é um problema social para ela e para o Brasil”.

E você, até onde vai para aprender mais e crescer?


E aí? Vamos participar do debate? Role até o fim da página e deixe seu comentário. Essa troca é fundamental para a sociedade.


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