Subitamente, nosso trabalho, nosso negócio, nossa vida precisaram ficar online! Fomos forçados a fazer, em poucas semanas, uma transformação que normalmente levaria anos! Nesse cenário, por que algumas pessoas parecem ter se dado muito bem nisso, enquanto outras patinam e não saem do lugar?
Ser digital praticamente se tornou sinônimo de continuar trabalhando. Mas vamos colocar a coisa na perspectiva certa: é fácil falar, mas não é tão fácil fazer! Se fosse, estaria todo mundo trabalhando de casa sem nenhuma queda de faturamento. E infelizmente não é o que temos visto por aí.
Saiba mais sobre esse assunto no vídeo abaixo:
O maior erro de quem falha ao criar um negócio digital e principalmente de quem cria uma versão online de uma empresa consolidada no “mundo físico” é tratar o digital com a mesma cabeça de um gestor clássico. A comunicação, a venda e até o produto são diferentes, às vezes dramaticamente. Aí está o “segredo”: não tente fazer da mesma forma algo que é novo!
Hoje praticamente todo mundo está online, tem redes sociais, usa o WhatsApp para se comunicar. Por que então não é algo trivial criar um negócio digital ou transformar algo presencial para o canal online?
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Acontece que o comportamento de se estar online para um negócio não é o mesmo de se estar online com os amigos. Portanto, não estamos falando aqui de simplesmente passar um “verniz digital” sobre um “negócio presencial”. Isso não vai funcionar! Ou pelo menos não será suficiente para explorar o potencial máximo desse canal, que cresce sem parar há 25 anos, e que ficou tão crítico nesse momento de distanciamento social.
Segundo o IBGE, metade dos internautas brasileiros não compra nada online. E a culpa não é de quem compra, é de quem vende! Porque não se relaciona bem com essa pessoa. Tanto que o principal motivo para as pessoas não comprarem online é medo: medo de terem o cartão de crédito clonado, de não receber o produto certo ou de não receber produto algum.
A transformação digital é muito mais transformação que digital. Ela não acontece só com a adição de novas tecnologias: elas são apenas ferramentas. A transformação real começa e termina na cabeça das pessoas: o dono do negócio, o gestor e todos os funcionários.
Já dizia Peter Drucker, pai da administração moderna: “a cultura come a estratégia no café da manhã!”
É a mais pura verdade! Então vamos mudar essas cabeças?
Para começar: a comunicação com o público. Não adianta ficar só fazendo publicações pagas nas redes sociais. Isso não é o mesmo que distribuir panfletos no semáforo! O meio digital permite que você realmente faça uma oferta de valor para quem busca seu produto. A venda acontece quando sua oferta é, de verdade, algo interessante para quem recebe. Para isso, é preciso conhecer muito bem seu público: o que ele quer, suas necessidades que você pode atender, quanto ele pode pagar, como fala, em que redes está.
Quando não conhecemos e ficamos apenas “panfletando” digitalmente, acontece também outro fenômeno ruim: a campanha de marketing digital de fato gera um monte de contatos para a empresa. Mas o gestor aí descobre que não tem capacidade de lidar com esse volume de chamadas. Além disso, 99% delas não dão em nada, pois são pessoas que nunca comprariam seu produto. Ou seja, perde-se tempo, gasta-se dinheiro e não se ganha nada!
Portanto, como se pode ver, a comunicação deve ser diferente. Qualquer que seja o negócio, é preciso conhecer verdadeiramente e atender as necessidades do cliente. A tecnologia nos permite fazer isso!
Essa comunicação também deve ir muito além de simplesmente querer vender algo. O meio digital fortaleceu um novo conceito de marketing, que, além de vender, educa, inspira, diverte, transforma o público. A jornada do cliente, no meio digital, pode ser muto mais rica e até mais intimista. A marca precisa estar permanentemente na vida do seu público, entregando conteúdo.
Outra coisa é o próprio processo de venda: não pode ser como no presencial. Simplesmente abrir um e-commerce da loja com um catálogo digitalizado não resolve!
Um bom exemplo é uma loja de roupas. Para início de conversa, não tem como provar as peças e isso traz vários complicadores. Um deles é que as pessoas não podem sentir o tecido, ver o caimento em seu corpo. Outra coisa é a numeração. E se não servir? Não dá para ficar trocando indefinidamente, pois isso é custo! Além disso, o Código de Defesa do Consumidor prevê que qualquer produto adquirido fora de uma loja física pode ser devolvido sem qualquer justificativa, em até sete dias após o recebimento. E isso é risco!
Então a loja tem que ir muito além de colocar fotinhos das peças e os seus tamanhos. Ela precisa criar uma nova experiência positiva para o cliente.
E por falar nisso, temos que abordar o produto em si, porque ele também pode mudar no meio digital.
Vou dar um exemplo, com uma das minhas atividades: aulas e treinamentos. Com o distanciamento social, todas as aulas dos cursos presenciais em algumas das principais universidades do país estão sendo à distância agora.
É a mesma entrega? É o mesmo produto? É a mesma experiência? Claro que não! Não estamos juntos em uma mesma sala! Mas ela pode ser muito boa, se for bem feita, se for recriada para uma nova realidade.
As aulas estão sendo ótimas, mesmo à distância! Mas isso só acontece porque eu, como professor, a universidade e os alunos entendem que se trata de uma outra entrega. Se foram com “cabeça de presencial”, a coisa não vai funcionar!
Por fim, precisamos entender as plataformas em que estamos. Temos que compreender e usar plenamente os algoritmos das redes sociais e dos buscadores. Dependemos totalmente deles! Não adianta reclamar ou negar. Há também muitas ferramentas à nossa disposição. Por exemplo, se você é um pequeno varejista com as portas fechadas agora, você pode usar a força de venda das grandes plataformas de e-commerce para escoar o seu estoque: eles vendem seu produto e você os comissiona! Coisas como “marketplace” e “fulfillment” podem ser incríveis parceiros nesse momento.
Como se pode ver, para se dar bem no meio digital, a gente precisa pensar do jeito digital. Abrace isso! E faça bons negócios!