Há exatos dez anos, tinha início uma das maiores empreitadas (e aventuras) da Internet brasileira. No dia 16 de novembro de 1999, a AOL Brasil lançou oficialmente o seu serviço, inaugurando as operações do então maior provedor de acesso do mundo na América Latina.
Seis anos e cerca de US$ 250 milhões depois, a mesma operação fechou melancolicamente as portas, vendendo sua base restante (cerca de 130 mil usuários pagantes) ao Terra.
Até hoje, diferentes pessoas me perguntam como aquilo pode ter dado errado. Afinal, dinheiro e vontade de investir não faltavam. A empresa era “o lugar para se estar” naqueles anos, algo semelhante ao que o Google representa hoje, portanto também contava com um seleto grupo de profissionais de primeira linha. A AOL trazia ainda para o país uma tecnologia inédita (a despeito de mancadas da primeira versão de seu navegador proprietário, que andou bagunçando protocolos de rede do computador de algumas pessoas).
Minha resposta a quem me pergunta isso é sempre: falta de foco nos negócios e uso irresponsável do dinheiro. Apenas como exemplo, quem em sã consciência investiria US$ 24 milhões em uma única iniciativa de marketing? A AOL Brasil investiu essa soma ultrajante no vaporware Rock in Rio 3, que lhe rendeu residual zero após seis meses.
No começo desse ano, começaram a surgir rumores que a AOL estaria se preparando para voltar ao país, contrariando os prognósticos dos usuários saudosistas mais otimistas. Mas é fato que vários produtos atuais da gigante online de Dulles já têm sua versão localizada para o Brasil. A nossa bandeira inclusive já figura de novo na página de sites internacionais do serviço americano. O que vai sair disso, só o tempo dirá.
Bons tempos aqueles. O ambiente de trabalho era excepcional. Creio que você tem razão quando fala do gasto irresponsável de dinheiro. Mas esse não foi o único problema. O forte controle da matriz e o quanto ele custava, não apenas, mas também financeiramente, era outro grande problema.será que a Aol volta? Acho pouco provável. O modelo que hoje em dia se mostra rentável na internet é de produtos “matadores” e não de provedor de acesso. Ora produtos matadores são usados no mundo todo mesmo se lançados inicialmente apenas em inglês (vide facebook). Onde está o produto matador da aol?
Ao contrário do que tinha naquela época, hoje não tem mais produto matador não. A despeito dos amantes do Gmail -e eu também sou um deles- eu diria que o e-mail da AOL consegue ter melhores recursos e espaço (ilimitado de graça), mas perde na performance. O AIM também continua um messenger topo de linha, mas tampouco consegue se distanciar da concorrência (e quase ninguém mais usa no Brasil). Então concordo com você que esse ensaio de volta ao país é, no mínimo, inusitado.