David de Oliveira Lemes

Twitter dá voz a alunos dentro e fora da sala de aula

By | Educação, Tecnologia | No Comments
[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=6WPVWDkF7U8]

A tecnologia é uma poderosa aliada de educadores que não têm medo de inovar em suas aulas. O vídeo acima exemplifica isso com o Twitter ajudando a professora de História Monica Rankin,da Universidade do Texas em Dallas (EUA), a resolver um problema tão antigo quanto comum: a pequena participação de alunos na aula.

Especialmente em salas com muitos alunos, como é o caso das do ensino superior, são poucos os que participam, algo que incomodava sobremaneira Rankin (assim como boa parte dos professores). Ela explica que não conhecia o Twitter em detalhes, mas já tinha ouvido falar de que era uma ferramenta que estimulava as pessoas a expressar suas opiniões. Pensou então isso poderia lhe ajudar como seu problema. E acertou!

A dinâmica da aula mudou: os alunos, a grande maioria com notebooks, netbooks ou smartphones, disparam twits sobre o assunto da aula a partir de seus equipamentos. Esses posts com perguntas ou comentários são exibidos em um telão ao lado da lousa, e servem de base para a professora enriquecer a aula.

“Esse é um formato muito diferente de uma aula típica de História”, conta Rankin. “Eu não tinha ideia de como isso funcionaria. Eu acho que eu me lembro de dizer ‘vai ser uma bagunça’. E tenho que admitir que é uma bagunça, mas uma bagunça não necessariamente significa que é ruim.” Acertou na mosca!

Os alunos sem acesso a um equipamento podem escrever “posts” em uma folha de papel que depois vão para o Twitter pelas mãos da assistente da professora. Isso trouxe outros benefícios inesperados: a discussão do tema estudado passou a continuar fora da sala de aula, após seu horário, e não apenas para os estudantes dos “posts de papel”. Como resultado, os alunos se envolveram ainda mais com o assunto, chegando mais motivados e preparados para a aula seguinte, criando um círculo virtuoso de conhecimento.

Além disso, o fato de os twits estarem limitados a 140 caracteres ajuda os alunos a se concentrar na essência do que está sendo discutido, evitando que se dispersem com assuntos periféricos, o que tornou as aulas mais eficientes. Outro benefício não planejado inicialmente foram as “aulas remotas”: quando precisou viajar, Rankin pôde acompanhar, pelo Twitter, a sua aula, que estava sendo dada pela sua assistente. Pela ferramenta, interagiu com seus alunos.

Claro que existe aí um fator que dificulta a reprodução dessa iniciativa na maioria das escolas: a infra-estrutura deficiente. Mesmo em universidades, são poucos os casos em que dispositivos com essa capacidade de conexão estão disponíveis a quase todos os estudantes, na sala de aula. Mas o exemplo é bom para mostrar que pensar criativamente pode trazer resultados pedagógicos expressivos com tecnologias já existentes e até mesmo gratuitas, como o Twitter.

E aí reside outra dificuldade, muito maior que a falta de infra-estrutura: os professores não apenas precisam aceitar a tecnologia, como também estar dispostos a mudar substancialmente como dão suas aulas. No exemplo texano, a professora pautava, pelo menos parcialmente, o roteiro de sua aula em torno dos posts dos alunos. Na minha experiência, isso talvez seja a maior barreira para a adoção da tecnologia pelos professores, ao lado do medo de os alunos a dominá-la mais que os próprios professores ou até mesmo que a tecnologia torne os mestres obsoletos.

A professora Rankin está aqui para mostrar que esses medos não têm fundamento. A tecnologia ajuda o professor e os alunos no processo de aprendizagem. Há alguns dias, o professor David de Oliveira Lemes, da PUC-SP, me contou o caso de um aluno que usou seu PlayStation Portable para exibir à turma a apresentação de seu trabalho escolar, feita em Powerpoint. Isso é sensacional, por ver o aluno usando os recursos que tem disponíveis e com os quais tem mais afinidade para executar sua tarefa escolar! E ponto também para o professor, que lhe deu essa abertura. Esse é o caminho a ser seguido pela Educação.