Neste 1º de setembro, o Jornal do Brasil circulou apenas na Internet, abandonando para sempre sua versão impressa de 119 anos. O diário carioca, que já chegou a tirar 230 mil exemplares aos domingos, não resistiu à pressão de um mundo com um volume incrível de informação de qualidade, gratuita e ao alcance de qualquer internauta. Mas se engana quem acha que foi a Grande Rede que matou o JB.
O jornal cavou a sua sepultura sozinho e agora se prepara para deitar nela. Não há mais espaço para incompetentes ou aventureiros na mídia globalizada e democratizada, e esse tipo de gente habita a administração do jornal há muitos anos. A crise brotou ainda nos anos 1990 e se agravou em 2001, quando a Docasnet, do empresário Nelson Tanure, assumiu a administração do JB. Com receitas publicitárias mais e mais minguadas para os jornais e cada vez mais títulos disponíveis para dividir os tostões, o Jornal do Brasil caiu.
Claro que a Internet tem um papel determinante neste cenário crítico, que atinge a mídia impressa em todo mundo. Afinal, ela ofereceu ao (antes) leitor, (agora) internauta uma alternativa mais vantajosa e eficiente de se informar. Com isso, as pessoas passaram a consumir menos todas as outras mídias.
O tombo do impresso -que paradoxalmente tem mais leitores que nunca- só não foi mais dramático graças aos crescentes títulos gratuitos (como Metro e Destak). Mas perdem os jornalões para esses últimos, que roubam dos grandões leitores e uma importante fatia da publicidade, o que de fato sempre manteve essas publicações.
Diante da inevitabilidade dos fatos, o JB abraçou justamente a Internet como tábua de salvação. E o resultado foi ridículo! O site do periódico já era muito fraquinho e não melhorou agora. Não bastasse isso, ainda tenta pateticamente travestir esse gesto desesperado como uma iniciativa moderna, sustentável, alinhada com as tendências internacionais e os interesses de seus leitores. Como cereja desse bolo, o JB online ainda tem a cara de pau de convocar seus internautas a colaborarem enviando reportagens, fotos, charges e até vídeos. Tudo de graça, claro, em nome da “cidadania”. E ainda espera que alguém pague R$ 9,90 por mês por uma assinatura do site.
Ah! Outra coisa que se pode aprender com o fim do JB impresso: quando quiser fechar um jornal, chame a turma do Tanure. Afinal, o JB não foi sua primeira vítima: há exatos 15 meses, o mesmo empresário matou a Gazeta Mercantil, outrora referência do jornalismo econômico brasileiro, falecida depois de 89 anos de bons trabalhos. E aquela ali nem teve a chance de manter uma versão online.