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Gabriel García Márquez, Nobel de Literatura e jornalista, que chamou o jornalismo “o melhor ofício do mundo” - Foto: reprodução

Por que a imprensa e a sua liberdade deveriam interessar a você

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Na quarta (7), comemora-se o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. O tema está “na boca do povo”, junto com a afamada liberdade de expressão. Ainda assim, pouca gente sabe o que é de fato ou para que serve, especialmente porque, de uns anos para cá, parte da população perdeu sua fé no jornalismo. Isso traz um enorme risco à sociedade! Por isso, aproveito a data para tentar explicar por que um bom relacionamento entre a imprensa e seu público é essencial para todos.

Em primeiro lugar, é preciso definir para quem o jornalista trabalha. Não é para nenhum governo, nem empresas, nem mesmo anunciantes: é para seu público! Ficar sem anunciantes pode quebrar um veículo, especialmente quem ainda adota um modelo de negócios “mais tradicional”. Entretanto, ficar sem público é a sentença de morte para qualquer veículo. Ele é a sua razão de existência!

Como pretendo demonstrar, uma imprensa livre, vigorosa e comprometida é condição para uma sociedade vibrante e próspera. Aí mora nosso problema! Parte dessa desconexão atual se deve a alguns profissionais e veículos de comunicação esquecerem para quem trabalham.

Isso me leva a outro tema que se popularizou recentemente em meio a muita desinformação: a busca pela objetividade. Diante da confusão que muitos colegas fazem em torno dela, seus detratores aproveitam para exigir algo que, se fosse possível alcançar daquela forma, seria um grande desserviço à população.


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De uns anos para cá, muitos colegas abraçaram a ideia de que, pela sua própria humanidade, é impossível ser totalmente isento e objetivo. Isso é verdade: todas a pessoas são movidas por paixões e, portanto, sempre teremos nossas preferências em qualquer tema. Mas, no jornalismo, isso não pode servir para afrouxar a busca da verdade incluindo pontos de vista conflitantes com os seus. Ao fazer isso, muitos jornalistas caem em uma militância, seja real ou apenas aparente.

Isso dá munição àqueles que se beneficiam com o enfraquecimento da imprensa, pois vivem da mentira e da desinformação. Eles propagam a ideia de que o jornalismo deveria se limitar a “contar os fatos”, deixando que as pessoas tirassem suas conclusões. Na verdade, só querem a liberdade para distorcer esses fatos brutos para criarem narrativas que lhes sejam favoráveis.

É nessa hora que o bom jornalismo brilha e protege a sociedade! Ele não pode se limitar a “contar os fatos”: ele precisa explicá-los, contextualizá-los, sempre norteado pelo interesse do público e pela “verdade possível”. A combalida objetividade é sua ferramenta! Não aquela utópica, que só existiria em uma máquina, mas a melhor imparcialidade dentro das limitações humanas e de esforços sinceros.

Isso cria uma armadilha. Na ânsia de apresentar todos os lados de um tema com igual peso, jornalistas podem ironicamente criar visões distorcidas da realidade, colocando, lado a lado, completos absurdos e fatos comprovados. A imprensa pode mencionar as bobagens se também explicar, de maneira equilibrada, porque aquilo não deve ser considerado. Não podem cair na arapuca da falsa equivalência!

Quando falha nessa tarefa, permite o florescimento de teorias da conspiração, que podem ser catastróficas para a humanidade. Um exemplo é a de que vacinas seriam ineficazes e até perigosas, que recebeu um espaço muito maior que o devido na imprensa em nome de “ouvir o outro lado”. Por isso, muita gente acredita nessa aberração, e alguns grupos políticos até se beneficiaram disso.

A pandemia de Covid-19 foi uma dolorosa lição. Um enorme contingente desinformado deixou de se vacinar e, por conta disso, morreu. A situação só não foi mais dramática porque, diante da tragédia em curso, a maioria dos jornalistas e veículos assumiu seu papel e informou corretamente a população para que se vacinasse.

 

Fazendo as perguntas certas

Podemos, nesse ponto, aprender algo com o afamado ChatGPT. Afinal, obtemos boas respostas dele se fizermos boas perguntas, e vice-versa.

Bons jornalistas são justamente treinados para fazer as perguntas certas. Por isso, o valor da reportagem precisa ser resgatado. Uma boa entrevista é uma ótima conversa; uma ótima entrevista é uma sedução em busca da verdade. Deve existir uma ânsia genuína de querer aprender algo, com a mente aberta.

Jornalistas são contadores de histórias da vida real. Isso não quer dizer que têm que agradar alguém, pois o mundo nem sempre é bonito. Mas uma verdade feia é melhor que uma mentira agradável! Costumo dizer que, se fossem contos de fadas, jornalistas os contariam como os Irmãos Grimm, e não como as adaptações fáceis da Disney.

Vivemos em um mundo de obviedades e mesmice. Elas nos embrutecem, eliminam nossas individualidades e nos transformam em massa de manobra. O jornalismo protege a sociedade ao romper esse ciclo, contando as “histórias por trás das histórias”. Como escreveu em 1851 o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), “importante não é ver o que ninguém nunca viu, mas sim pensar o que ninguém nunca pensou sobre algo que todo mundo vê.”

Ao contrário do que muitos imaginam, não é um trabalho fácil de um bando “apenas contando o que viu e dando sua opinião”. Em 1996, o colombiano Gabriel García Márquez (1927-2014), Nobel de Literatura e também jornalista, disse, sobre o jornalismo, que chamou de “o melhor ofício do mundo”, que “ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver apenas para isso poderia persistir em uma profissão tão incompreensível e voraz, cujo trabalho se encerra a cada notícia, como se fosse para sempre, mas que não concede um momento de paz até recomeçar com mais ardor que nunca no minuto seguinte.”

Por isso, a liberdade de imprensa é um mecanismo celebrado em todas as democracias. Os jornalistas não são perfeitos (como ninguém é), mas são a última frente de resistência da sociedade contra os diferentes abusos de poder e, por isso, precisam ser protegidos.

Na verdade, precisamos ir além. Mais que “contar fatos”, esse trabalho deve ser encharcado de inteligência e de boa vontade, vibrando com as pessoas que formam o público. Elas, por sua vez, devem apoiar esses profissionais, em uma bem-vinda simbiose.

Fora disso, não há jornalismo: resta apenas a barbárie das redes sociais. E aí salve-se quem puder!

 

Imagem artística de Tiradentes, criada por Oscar Pereira da Silva - Foto: Acervo do Museu Paulista da USP / Creative Commons

Se fosse hoje, Tiradentes teria ficado famoso no TikTok

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Quanto tempo é necessário para se criar um herói?

Na sexta, comemoramos o Dia de Tiradentes. Aproveitamos o feriado em nome do maior herói da história do país, mas são pouquíssimos os brasileiros que sabem qualquer coisa sobre ele, além de uma história rasa e totalmente fantasiosa que aprendem na escola.

A sua imagem amplamente difundida foi criada por positivistas no momento da fundação da República. Em um país carente de heróis, precisavam de uma figura para personificar os ideais republicanos. Isso foi conseguido com um discurso único e ufanista sobre um homem esquecido durante todo o Império. A imprensa e o sistema educacional foram os veículos desse processo, que levou décadas para se consolidar.

Hoje, talvez isso acontecesse em poucos meses, algumas semanas até. Os ideólogos modernos fazem isso com o apoio das redes sociais, capazes de criar mitos e de destruir reputações consolidadas com incrível eficiência. A ideia simples dá lugar à disseminação ampla e orquestrada de uma enxurrada de informações que permitem a construção de ideias que se enraízam na mente de grande parte da população.

O Brasil está em pleno debate sobre a responsabilidade das redes sociais no processo de desinformação, que vem carcomendo a sociedade. Nessa semana, deve ser votado na Câmara dos Deputados o chamado “Projeto de Lei das Fake News”, que visa disciplinar o tema. Mas um grupo de mais de cem deputados, com o apoio das big techs, tenta impedir essa votação.


Veja esse artigo em vídeo:


É de se perguntar por que a resistência a esse projeto de lei, e como tanta gente compra essa ideia. De certa forma, a resposta é justamente o motivo que faz a legislação tão necessária: a capacidade de alguns grupos de disseminar facilmente informações falsas ou distorcidas para atingirem seus objetivos. Esse mecanismo sempre existiu, mas ganhou uma força descomunal com as redes sociais.

Isso nos remete de novo a Tiradentes. A imagem que nos vem à mente é a de um homem de barbas e cabelos longos, junto ao cadafalso. Mas Joaquim José da Silva Xavier, nome do herói, era um alferes e, como militar, o máximo que se permitia era um discreto bigode. Na prisão em que passou seus últimos três anos, era obrigado a raspar o cabelo e a barba, para se evitar piolhos.

Todas as representações conhecidas de Tiradentes são criações livres de artistas que nunca o viram. A mais famosa delas, com longa barba e cabeleira, surgiu sob medida para remeter à imagem de Jesus Cristo, reforçando o aspecto messiânico do personagem que se desejava criar. Ironicamente a própria imagem dominante de Cristo, com um aspecto e vestes europeias da Idade Média, não deve representar em nada um homem que nasceu e viveu no Oriente Médio há 2.000 anos, sendo ela própria fruto de manipulação.

A apresentação de Tiradentes como líder da Inconfidência Mineira tampouco faz jus aos fatos. Ele foi o único enforcado do grupo não por ser uma liderança, mas por ser o “menos rico” de todos e o único que confessou a participação, servindo de exemplo à população. Seus companheiros endinheirados foram condenados ao exílio. De qualquer forma, seu martírio caiu como uma luva para a construção de sua imagem heroica.

Nos dias atuais, ninguém precisa morrer para se tornar um símbolo nacional. Basta saber como usar as redes sociais para captar as insatisfações da população e construir narrativas eficientes que o apresentem como a solução para essas mazelas.

 

“Libertas quæ sera tamen”

Podemos argumentar que o texto “Libertas quæ sera tamen”, tradicionalmente traduzido como “Liberdade ainda que tardia”, nunca esteve tão atual, graças ao debate em torno da responsabilidade das redes sociais pela fake news. A frase em latim foi proposta pelos inconfidentes para a bandeira da república que idealizaram no Brasil do final do século XVIII. Hoje ela faz parte da bandeira do Estado de Minas Gerais.

Aqueles que se opõem à regulamentação das redes sociais argumentem justamente que ela cercearia a liberdade de expressão, abrindo caminho para todo tipo de censura. Como muitos processos eficientes de desinformação, a ideia se constrói sobre argumentos verdadeiros e até desejáveis (no caso, a liberdade), mas colocados de maneira maliciosamente distorcida, para convencer grande parte da população a apoiar os interesses de um grupo.

De fato, o grande problema do projeto de lei é não definir, de maneira inequívoca, o que são fake news, o que pode abrir brechas para quem se beneficia delas. Por outro lado, reconheço a dificuldade de criar uma regra definitiva para tal, recaindo sobre a Justiça arbitrar casos duvidosos.

Outro ponto questionável do projeto é garantir a imunidade parlamentar no meio digital. Não é segredo algum que, entre os maiores produtores, disseminadores e beneficiários da desinformação, estão muitos políticos. Isso pode blindar essa categoria para que continuem abusando desse expediente.

Apesar disso tudo, o projeto avança em um ponto essencial, que é a responsabilização das redes sociais pelo que se publica em suas páginas. Se isso já era grave, ficou explícito com a explosão de ataques a escolas, incentivados por publicações no meio digital.

As plataformas devem bloquear conteúdos indubitavelmente criminosos. Para caso de falsos positivos, devem oferecer mecanismos de contestação. Em conteúdos dúbios, a Justiça continuará sendo acionada para decisões. O que se exige dessas empresas é celeridade e transparência no processo, algo que elas não oferecem hoje.

Não se trata, portanto, de ameaça à liberdade ou criação de um mecanismo de censura. Todos podem continuar dizendo o que quiserem nas redes sociais, sendo penalizados apenas quando infringirem alguma lei, como, por exemplo, em casos de calúnia ou difamação. E esses crimes já eram definidos muito antes desse debate.

As empresas das redes sociais não podem continuar isentas de um problema que nasceu e continua existindo graças a recursos que elas criaram, por mais que não fosse esse seu objetivo. Não se deseja cercear liberdades ou banir plataformas, e sim trazê-las para o centro dos esforços de solução dessa crise.

Nosso papel, como cidadãos, é parar de acreditar na barba falsa de Tiradentes e buscar fatos confiáveis para nossa tomada de decisões. Ninguém está isento dessa responsabilidade, nem das consequências de usos abusivos das plataformas digitais.

 

O que acontece quando as marcas nos transformam em máquinas de propaganda

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Foto: Marco Del Torchio/Creative Commons

Quem nunca ganhou alguma coisa e ficou tão feliz que quis compartilhar a alegria com quem estivesse a sua volta? Isso é perfeitamente saudável e faz pare da nossa natureza humana. Entretanto, se antes fazíamos isso apenas com nosso círculo próximo de amigos e familiares, agora, com as redes sociais, podemos contar nossa experiência ao mundo todo! Algumas marcas perceberam que isso embutia um incrível potencial para promover seus produtos e criaram um inteligente mecanismo para estimular as pessoas a fazer exatamente isso.  Fica a questão: estamos nos transformando em eficientes máquinas de propaganda?

Essa discussão veio à tona na aula do meu curso de extensão Comunicação Digital: Muito Além do Óbvio ontem. Debatíamos se quando um comunicador fala bem de um produto que ele tenha recebido, precisa informar que se trata de publicidade, nem que seja usando a hashtag #publi.

A primeira questão que surge disso é: se você fala bem de um produto, isso é necessariamente publicidade? Se você é um profissional de comunicação, como um jornalista, e uma marca lhe envia um produto com essa expectativa, a princípio a resposta seria “sim”, e seria de bom grado informar isso a seu público. Entretanto, essa é uma simplificação causada pelo momento em que vivemos, em que muitos jornalistas e influenciadores automaticamente promovem qualquer coisa que lhe enviam (o que me dá uma vergonha enorme).

E quem não é um profissional da área e resolve falar bem de algo que ganhou? Tem que informar a seu público que é uma propaganda?

É aí que o bicho pega.

 

O direito de gostar e de falar mal

Sou jornalista desde 1993. Comecei a minha carreira na Folha e passei por outras grandes empresas de comunicação, como Abril e Estadão. Se agora enfrentamos essa discussão ética, lá atrás esses veículos já tinham a coisa muito bem resolvida. A regra era simples: recebíamos produtos de todo tipo e valor para análise, mas não tínhamos nenhuma obrigação de falar bem daquilo. Aliás, tínhamos toda liberdade de falar mal do que não gostássemos. E, em muitos casos, nem sequer mencionávamos o produto. Se viajávamos a convite de uma empresa, informávamos isso, e passava a valer a regra acima.

Afinal a marca mandou o produto ou fez o convite porque quis, e sabia como a coisa funcionava. Ok, algumas não sabiam “brincar” e reclamavam se a coisa não saía exatamente como elas queriam, mas aí azar o delas.

Eventualmente gostávamos de verdade de algo que recebíamos, e aí a análise era francamente favorável. E isso não acontecia por qualquer tipo de favorecimento, e sim porque o produto era bom mesmo. E isso NÃO É propaganda, e sim uma análise isenta que chegou a essa conclusão. Logo, não precisa –e nem deve– ser indicada como publicidade.

De maneira geral, jornalistas, veículos, marcas e o público estavam alinhados com isso. Ninguém estava enganando ninguém. A coisa começou a azedar quando veículos e principalmente alguns influenciadores (especialmente na área de moda e maquiagem) começaram a se “vender” escandalosamente. De repente, tinha youtuber rasgando elogios por uma marca qualquer, só porque tinha recebido uma caixa de maquiagem.

Péssimo para elas mesmas, pois as pessoas não são trouxas, e isso acaba sendo um tiro na sua credibilidade. A porcaria é que isso criou uma nuvem negra sobre quaisquer promoções legítimas e isentas, e agora tudo é visto como propaganda.

Não é! Propaganda é quando se recebe para forçosamente falar bem. Se existe a possibilidade de falar mal ou simplesmente não falar do produto, isso é uma análise isenta.

 

Somos todos veículos

Esclarecido o lado dos profissionais de comunicação, vem a questão mais delicada: as redes sociais transformaram cada um de nós em pequenos veículos. Qualquer coisa que publicamos em qualquer rede tem potencial para atingir centenas, talvez milhares de pessoas! Então, se falarmos bem de um produto nas redes, isso é publicidade? E mais: temos que avisar nosso “público” que aquilo é propaganda?

Em um primeiro momento, a resposta é não! Quem não é comunicador não está sujeito aos códigos de ética dessas profissões. Se o indivíduo quiser falar bem (ou mal) de um produto, ele está dentro de seu direito de se expressar livremente. E fazer isso porque foi “estimulado” por um presente não muda nada.

Apesar disso, algumas coisas precisam ser avaliadas. Se o nosso direito de nos expressarmos livremente é inalienável, isso não pode comprometer outras coisas.

Em primeiro lugar, a primeira vítima pode ser a nossa própria reputação. Falar bem de algo não é um problema. Mas ficarmos “forçando a amizade” e fazer isso o tempo todo, especialmente se ficar evidente que estamos sendo estimulados de alguma forma, não dá.

É exatamente o que aconteceu com as youtubers de maquiagem citadas acima: elas haviam criado uma boa reputação pelas suas habilidades técnicas e de comunicação. Mas, no momento em que começaram a “carregar nas tintas” em favor de algumas marcas, tudo o que tinham construído foi por água abaixo.

Esse processo de desconstrução pode acontecer com qualquer um. Portanto, temos total liberdade de falarmos o que quisermos, inclusive falar bem de marcas. Mas devemos cuidar de nossa imagem para não cair no velho ditado “quem nunca comeu melado, quando come, se lambuza”.

Somos responsáveis pelas mensagens que publicamos, inclusive pelo que isso pode causar nos outros e a nós mesmos,

 

Abuso infantil

Mas há um ponto que é particularmente grave: o uso de crianças para promover produtos a outras crianças.

Assim como acontece com adultos, algumas crianças se tornam pequenas celebridades, especialmente no YouTube. Do alto de sua Primeira Infância, angariam centenas de milhares de seguidores, de maneira geral crianças como elas.

Muitas desses mini-influenciadores se tornaram vítimas de marcas, que lhes entregam semanalmente uma grande quantidade de brinquedos. A ideia é que esses pequenos gravem vídeos mostrando e comentando todos esses “presentes”. Por mais inocentes que sejam em suas ações, essa promoção é extremamente eficiente, pois se trata de uma criança mostrando brinquedos a outras crianças.


Vídeo relacionado (minha participação no JC Debate, sobre uso de YouTube por crianças, em 21 de outubro de 2016):


Algo que toda criança faz naturalmente a seus amiguinhos no pátio da escola ou em casa. Mas agora elas podem fazer isso em escala global!

Vale dizer que isso fere o Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe publicidade infantil. As marcas perceberam a possibilidade de burlar essa restrição justamente usando esses youtubers mirins. Mas essas empresas não são as únicas responsáveis por isso: talvez ainda mais complicada seja a situação dos pais dessas crianças, que não apenas permitem que seus filhos se prestem a isso, como ainda os “agenciam”, como uma excelente fonte de renda.

 

O papel de cada um

No final das contas, o poder está nas mãos de cada um de nós.

Esse é um terreno ainda pantanoso, com muitos pontos ainda obscuros e abertos ao debate. Como se pode ver, existem itens conflitantes, envolvendo até mesmo liberdade e ética. E isso não se aplica de maneira uniforme a todos.

O que é importante é que nos apropriemos do que essas plataformas nos oferecem, seja como produtores de conteúdo, seja como consumidores, papeis que todos nós temos atualmente. E principalmente temos que ter consciência para que não sejamos feitos de bobos por ninguém.

Em outras palavras, liberdade com ética e sem bobeira!


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Quer saber como a Internet nasceu no Brasil? Pergunte a quem estava lá (e o que isso pode lhe ensinar)!

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O personagem Dino da Silva Sauro, de “A Família Dinossauro”: quem chega primeiro pode ter uma visão privilegiada dos fatos – Foto: divulgação

O personagem Dino da Silva Sauro, de “A Família Dinossauro”: quem chega primeiro pode ter uma visão privilegiada dos fatos

Esse é o depoimento de um dinossauro da Internet. Sim, eu estava lá quando o acesso à Grande Rede foi liberado à população em geral. Entretanto, apesar de 1994 parecer tão distante quanto o período Jurássico, algumas coisas que aprendi desbravando aquela atmosfera primitiva podem ser incrivelmente úteis a qualquer negócio hoje, inclusive o seu, em temas como inovação e gestão de negócios.

A primeira grande lição é acreditar e seguir seus instintos, mesmo quando a manada inteira diz não. E aprendi isso graças a uma certa impetuosidade minha. A Internet foi liberada em caráter experimental ao público brasileiro em novembro de 1994. Na época, eu era repórter da Folha de S.Paulo, meu primeiro emprego. Em janeiro de 1995, quem escrevia sobre Internet no jornal era a editoria de Ciência, onde atuava: o assunto estava ainda tão distante do cidadão comum, que nem era ainda domínio do caderno de Informática. Foi quando eu sugeri colocar a Folha na Grande Rede.


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Assista aos dois blocos da minha entrevista ao jornalista Fernando Rípoli, do Cidade Entrevista do SBT de Maringá, que foi ao ar no dia 14 de outubro


Isso só aconteceu alguns meses depois: a FolhaWeb, primeira experiência da Folha na Internet só foi ao ar no dia 9 de julho de 1995, com a página abaixo, cujo código eu editava em Word (!!!):

Primeira home page da Folha de S.Paulo na Internet - Imagem: reprodução

Depois de um mês fazendo a jornada dupla de fechar o jornal impresso e depois a versão online, decidi ficar só com a segunda. Foi quando uma coisa incrível aconteceu: meus colegas, com as melhores intenções, tentaram me demover da ideia. Ouvi de vários que eu estaria enterrando uma carreira brilhante no jornal, que estava decolando, para abraçar um “modismo”, pois “esse negócio de Internet não vai dar em nada!” Felizmente segui adiante, e construí minha carreira em cima do desenvolvimento de produtos digitais.

Temos que aprender a dar crédito a nós mesmos! Quando muita gente a nossa volta, especialmente pessoas que admiramos, diz não, é comum que abandonemos até mesmo nossos sonhos. E isso é um grande erro!

Primeiramente porque os sonhos dão cor e sabor à vida. Se ficarmos o tempo todo apenas “tocando a obra”, fazendo só “o que tem que ser feito porque sim”, vamos nos tornando cinzas. Enterramos a nossa parte mais nobre, capaz de transformar nossas carreiras e os negócios em que estivermos envolvidos em algo incrível, capaz de se destacar da concorrência.

Portanto, como profissional ou empreendedor, não esmoreça quando as pessoas a sua volta não compartilharem de seus sonhos. E, se você é gestor, incentive seu time a olhar além do óbvio.

 

Olhos abertos e orelhas em pé

Muitas vezes, a grande revolução de nossas vidas pode estar bem diante do nosso nariz e não a vemos. Foi exatamente o que aconteceu com a Internet naquela época.

A coisa estava ali, estava acontecendo e o potencial para mudar o mundo era imenso, como de fato mudou! Se você tiver mais que 30 anos, consegue se lembrar da sua vida antes da Internet? Como conversava, se informava, trabalhava, estudava, se divertia, comprava e até paquerava?

O fato é: o mundo mudou completamente desde 1994, e essa mudança se tornou dramática na última década, depois que o iPhone foi lançado, seguido pelos smartphones Android.

Mesmo assim, quase ninguém conseguia enxergar isso. Até mesmo Bill Gates, quando lançou a MSN em 1995, a concebeu como um serviço fechado, pois afirmava que a Internet era “uma moda passageira”.

Talvez por estar online desde 1987, em um sistema fechado (um BBS) da Telebrás chamado Projeto Ciranda, quando vi a Internet (primeiramente como estudante da USP, depois como repórter da Folha), aquilo me deixou louco! Como as outras pessoas não conseguiam enxergar o mesmo que eu?

É normal que, diante das tarefas do cotidiano, com trabalho, escola, família, a rotina diária, entremos em uma espécie de “modo automático”. Não paramos para olhar o que está a nossa volta. Não nos permitimos pensar de maneira pouco convencional. Ficamos na obviedade, porque não há tempo para olharmos tudo o que o mundo nos oferece.

E ele nos oferece muitas coisas o tempo todo!

Por isso, deixo aqui uma sugestão: se a rotina impede você de dar essa parada, coloque isso na sua agenda. Sim, encare esse momento de reflexão como uma tarefa a cumprir regularmente, se necessário for. Não precisa de muito, umas poucas horas por semana. E, se possível, chame as mentes mais inquietas a sua volta para participar. Coisas incríveis podem surgir desse ato simples.

 

Não pare a inovação

Não é exagero dizer que quem desbravou a Internet no Brasil foi a mídia. Nos primeiros anos da Internet comercial, os grandes nomes do mercado eram o UOL –que surgiu da FolhaWeb, propriedade da Folha e da Abril– e o ZAZ –cujo dono era a RBS, e que depois foi vendido à Telefonica para se tornar o Terra.

Um dos motivadores daquelas empresas era dominar a Internet, porque aquilo poderia “acabar com o impresso algum dia” (sim, ouvi isso incontáveis vezes desde aquela época). Mas curiosamente, apesar de essas operações online terem sido pioneiras nesse mercado, muitas das empresas que eram suas proprietárias não foram contaminadas com esse ímpeto de inovação. E hoje pagam um preço alto por essa imobilidade.

Duas lições que se podem tirar disso. A primeira é que a inovação é um caminho sem volta. A outra é que, uma vez que o público tem acesso à inovação, ele não aceita mais os antigos modelos.

As mesmas empresas de mídia que financiaram a popularização da Internet no Brasil, hoje sofrem por insistir em modelos de negócios que não se sustentam mais. Por exemplo, não adianta querer insistir que seus veículos de comunicação sobrevivam com a dobradinha “assinatura mais publicidade”. O público não quer mais isso e, sem audiência, a publicidade foge. Resultado: infelizmente (mas sem surpresa) vários títulos estão quebrando.

Não se pode ter medo de inovar. É claro que nem sempre dará certo, mas a inovação é o melhor caminho para se chegar lá. E, se já está trilhando esse caminho, não faz o menor sentido voltar para trás. Aliás, rejeitar a inovação, especialmente uma que nasceu dentro de casa, pode ter consequências terríveis.

A Kodak que o diga com a fotografia digital!

 

Aprender fazendo de tudo

Naqueles primórdios de FolhaWeb e UOL, tínhamos que fazer literalmente de tudo. Não havia modelos consolidados, não havia concorrência, não havia formação, não havia literatura, nada! Por isso, lidar profundamente com questões editoriais e técnicas era o básico do dia a dia. Mas também tínhamos que pensar quase tudo! Cheguei até mesmo a apagar de madrugada um incêndio na secretaria administrativa da Folha. E digo isso literalmente: incêndio com labaredas, e não apenas as urgências que apareciam na minha mesa.

Em um primeiro momento, isso pode passar uma sensação de desamparo: afinal, você precisa se desdobrar em coisas que vão muito além da sua formação. Não entre nessa onda! Isso é, na verdade, uma tremenda oportunidade para se desenvolver em áreas distintas da sua, além de permitir que se criem vínculos poderosos com outros profissionais. Além disso, permite que se desenvolva uma visão privilegiada do negócio como um todo. Como resultado, você se torna um profissional muito mais completo.

Além disso, o fato de ter participado de tudo isso no começo me permitiu ajudar da construção de alguns dos alicerces de toda essa indústria. Muita coisa que se vê hoje espalhada por sites e aplicativos em todo lugar surgiu daquela efervescência criativa contínua e incansável.

 

O valor da equipe

Naturalmente eu não fiz nada daquilo sozinho. Ainda que fôssemos poucos (e quase sempre incompreendidos), a turma que iniciou a FolhaWeb e o UOL –e alguns anos depois a AOL, onde também trabalhei e ajudei na sua vinda ao Brasil– era composta de um grupo multidisciplinar incrível. As pessoas ali sabiam realmente o que era trabalhar em equipe, pois –talvez até mesmo pelo descrito acima– todos estavam dispostos a oferecer seu melhor não apenas para suas tarefas pessoais, mas também para ajudar seus companheiros no que tinham que fazer.

Sim, aquilo era trabalho, mas não era “apenas trabalho”. Em maior ou menor grau, sabíamos que algo genial estava nascendo ali. Costumo dizer que, já na America Online, o grupo pioneiro de profissionais não ia ao escritório para trabalhar, mas sim para mudar o mundo um pouco a cada dia, todos os dias.

O fato é que nada daquilo teria acontecido se cada um resolvesse fazer apenas o seu. Nunca temos sozinhos todos os recursos necessários para fazer uma grande ideia alçar voos mais altos. Precisamos do outro e do que ele sabe. Temos que estar dispostos a falar e a ouvir, a dar e a receber.

Se não fosse assim, aquele começo da Internet teria sido muito mais difícil. E, quem sabe, aquilo que meus amigos disseram, que não passava de um “modismo”, ganhasse ares mais verdadeiros.

Ainda bem que escolhemos todos o melhor caminho. E você, que caminho quer escolher?


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A inovação não vem da tecnologia: vem das pessoas (e o que você faz sobre isso?)

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Imagem: Visual Hunt (Creative Commons)

“Inovação” é uma dessas palavras que está na boca de todo bom profissional e de qualquer empreendedor que se preze. Em tempos em que a concorrência é imensa e o consumidor tem cada vez maior poder, isso verdadeiramente deixou de ser um luxo para se tornar uma questão de sobrevivência. Então eu lhe pergunto: você sabe o que precisa para inovar?

A pergunta é legítima: na prática, vemos poucas empresas inovadoras. Essa escassez se deve a algumas ideias equivocadas, como a de que a inovação depende de grandes investimentos em tecnologia, que não passa de uma ferramenta. Verdade seja dita, uma ferramenta cada vez mais poderosa e acessível, mas ainda só uma ferramenta. O que realmente faz a inovação acontecer são as pessoas.


Vídeo relacionado:


Nós nascemos com todas as habilidades necessárias para inovar. Além disso, a tecnologia digital onipresente faz com que hoje quase todo mundo tenha pelo menos uma noção do que pode fazer para usar essa ferramenta criativamente.

Isso ficou muito claro em dois grandes eventos de tecnologia do qual participei nas últimas semanas: o Red Hat Forum e o SAP Forum, do qual fui Mentor de Conteúdo. Apesar de o melhor da tecnologia estar presente em toda parte ali, nada daquilo adiantaria sem a fagulha que nasce em cada um de nós. Tanto que o slogan do Red Hat Forum era “o impacto do indivíduo”. Perguntei a Gilson Magalhães, presidente de Red Hat Brasil, o porquê dessa frase. E ele explicou que a inovação depende de dois ingredientes básicos: a criatividade e a liberdade.

A primeira das duas é o que transforma necessidades em ideias, em produtos! Foi assim que a dificuldade para se conseguir um táxi deu origem ao Uber ou o desejo de compartilhar vídeos com amigos criou o YouTube, por exemplo. Hoje são duas operações multimilionárias, mas surgiram de necessidades muito simples, que todos nós temos, que foram conduzidas criativamente e com liberdade para se tentar. E veja só onde chegaram!

Todos nós temos necessidades não atendidas como essas o tempo todo. Então por que não temos muito mais exemplos assim por aí?

 

Os riscos da zona de conforto

Acontece que as pessoas e, ainda mais, as empresas têm medo da inovação.

Todos nós buscamos a nossa “zona de conforto”, um espaço em que temos a sensação de que dominamos todas as variáveis e onde não somos ameaçados. Nesse lugar, somos os senhores absolutos da situação.

Pena que isso não passe de uma ilusão.

Nunca somos os senhores absolutos do castelo: sempre algo está além do nosso controle, da nossa visão. Por isso, ao contrário de ser uma fortaleza, a “zona de conforto” é uma tremenda vulnerabilidade, pois, quando achamos que estamos “tranquilos”, ficamos cegos ao que está acontecendo a nossa volta. Perdemos a chance de identificar novas tendências e novos concorrentes. Ou pior: identificamos, mas não damos a devida atenção, até que seja tarde demais, e já estejamos sendo chutados para fora do mercado.

Mas o grande problema da “zona de conforto” é que ela inibe a inovação.

Sabe aquele ditado que diz que “em que que está ganhando não se mexe”. Profissionais e empresas que pensam assim estão condenados a desaparecer. Pois vejamos ou não, queiramos ou não, a concorrência sempre está se mexendo. Nosso próximo concorrente pode estar sendo criado nesse exato momento na mesa de um café qualquer. Essa nova empresa, inovadora e disposta a correr riscos, chegará ao mercado com potencial de destronar negócios consolidados há décadas, pelo uso criativo da tecnologia e modelos de negócios ousados.

Não podemos nos dar ao luxo de não correr riscos. Temos que estar prontos para isso o tempo todo, pois o mercado já não comporta quem quer ficar sempre igual. Não se enganem: a inovação chegará mais cedo ou mais tarde.

A questão que fica é: você estará no grupo inovador ou no que foi colocado para fora dos negócios?

 

A delícia de se correr riscos

Sim, temos medo de inovar, de correr riscos. É o nosso instinto de autopreservação gritando em nossos ouvidos, tentando evitar que quebremos a cara. Mas a única maneira de ter essa garantia é não tentando nada.

Oras, mas, se não tentarmos, nunca chegaremos a lugar nenhum. Nunca progrediremos. Nunca atingiremos o sucesso. Nunca conseguiremos sair do lugar medíocre em que a vida tende a colocar aqueles que ficam imobilizados por muito tempo.

Em resumo: nunca inovaremos.

Como disse o presidente da Red Hat Brasil, a inovação depende da criatividade e da liberdade. A primeira delas é mais fácil de entender. Precisamos pensar coisas novas, mas também pensar de um jeito diferente coisas que já existem, como nos exemplos do Uber e do YouTube. Já a liberdade é um conceito ainda mais nobre.

Liberdade não é a porta da gaiola aberta. É ter a garantia de poder ser criativo, sem que possíveis falhas no percurso da inovação sejam punidas. Como as empresas não conseguem garantir isso aos funcionários (mas ainda querem se dizer inovadoras), elas criam os famigerados “departamentos de inovação”. Esse é um jeito bonitinho de colocar a inovação dentro de quatro paredes, deixando-a bem controlada.

Nada mais equivocado!

A inovação não pode ser controlada, não pode ser parametrizada, não pode jamais ser restrita! Todos os funcionários de uma empresa devem ser incentivados a inovar, inclusive naquilo que não faz parte do seu trabalho. Pois a criatividade mais brilhante pode brotar nos lugares mais inesperados, como uma flor que escolhe nascer na rachadura de uma parede de concreto.

Querer restringir isso aos poucos escolhidos do “departamento de inovação” não faz o menor sentido. Da mesma forma, cabe a cada um querer ampliar os seus horizontes e fazer esses movimentos. Isso o tornará um profissional e uma pessoa melhor.

Em tempos de grande desemprego, isso pode ser decisivo.

 

Continue faminto!

Vivemos um momento riquíssimo em que a tecnologia digital está barata e fácil de usar como nunca, inclusive tecnologia de ponta! Felizes aqueles que conseguem aproveitar isso com criatividade e liberdade para criar produtos que podem redefinir o mercado. Precisamos resgatar aquela mente livre com a qual todos nascemos, mas que, com o passar dos anos, vai sendo aprisionada, primeiramente por um sistema educacional tacanho, depois por empresas acovardadas, ambos intolerantes a falhas e contrários à colaboração genuína.

Isso me lembra do histórico discurso de Steve Jobs para a turma de formandos de Stanford em 2005 (que pode ser visto na íntegra abaixo). O fundador da Apple, uma das pessoas mais inovadoras da história, termina sua fala com uma recomendação: “stay hungry, stay foolish’.


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Em uma tradução livre, isso poderia significar algo como “continue faminto, continue inocente”. Jobs não sugeria ser inocente para ser feito de bobo, mas sim para continuar acreditando em suas ideias, mesmo quando todo mundo diz que é ruim ou que simplesmente você não pode querer inovar. E ser faminto no sentido de que nunca saberemos o suficiente: sempre há espaço para aprender mais, para querer mais, para crescermos e sermos ainda melhores.

Portanto, se você é um executivo, não crie “departamentos de inovação” na sua empresa: dê liberdade para que todos os seus funcionários queiram -e sejam- criativos. Não tenha medo de correr riscos, ou você matará seu negócio. E, se você é um profissional de qualquer área, de qualquer nível, mantenha essa chama acesa dentro de você.

Em outras palavras, “continue faminto, continue inocente”.


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“Trabalho digital” vira salvação de muita gente, mas tem “pegadinhas”

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O personagem Quico, da série mexicana Chaves: o “dono da bola”, exatamente como os serviços digitais – imagem: divulgação

O personagem Quico, da série mexicana Chaves: o “dono da bola”, exatamente como os serviços digitais

Fazer o seu próprio horário, gerenciar seus custos e seus ganhos e, acima de tudo, não ter mais chefe: quem não gostaria de um trabalho assim? Pois tem muita gente materializando esse sonho profissional, graças a serviços digitais inovadores. Mas não há negócio mágico, nem garantido. Na verdade, “trabalhos digitais” exigem dedicação e planejamento como qualquer outro, e ainda escondem algumas “pegadinhas” que quebram as pernas de muita gente.

As aspas em volta do “trabalho digital” existem porque, na imensa maioria dos casos, a coisa acontece de forma bastante convencional, sendo apenas viabilizados, de alguma maneira, por recursos digitais. E alguns profissionais caem nas armadilhas justamente por esquecer que as regras do mercado continuam valendo da mesma forma.


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Um bom exemplo é o Uber. Uso o serviço regularmente desde que ele chegou em São Paulo e sempre “entrevisto” informalmente os motoristas sobre como eles veem a experiência de dirigir o próprio carro para os outros. Com raríssimas exceções, a resposta é sempre positiva: eles gostam e veem naquilo uma maneira de conseguir exatamente as condições que abriram esse artigo. Por outro lado, todos eles também dizem que hoje precisam dirigir muito mais para ganhar o mesmo que ganhavam há alguns meses. Isso, claro, para aqueles que já têm mais de seis meses de volante, o que é a minoria.

A empresa não divulga a quantidade de motoristas que tem em São Paulo, mas eles mesmos estimam que hoje seja algo entre 30 mil e 40 mil. Como consumidor, é fácil notar que há mesmo muito mais carros na rua: se antes eu chegava a esperar mais de 10 minutos por um deles, hoje raramente espero mais que três. Claro! Em tempos de uma gravíssima crise de empregos no país, muita gente teve a mesma ideia, e resolveu dirigir para o Uber. Pela lei de mercado, com o aumento da oferta, os ganhos caem. Sem falar que a porcentagem que o Uber retém aumentou consideravelmente.

Outra coisa que me chama a atenção desde o começo é o nível educacional dos motoristas. Claro que existe de tudo, mas já cansei de pegar engenheiros, advogados médicos e outros profissionais normalmente muito valorizados topando guiar 12 horas por dia para poder pagar suas contas, diante do desemprego explosivo. O nível dos carros também varia bastante, mas há duas semanas fui surpreendido por uma BMW impecável vir me buscar, apesar de ter chamado um carro do Uber X, versão mais barata do serviço. O carrão não se classificava na categoria Black, a mais cara, por ser de 2013, portanto velho demais para os critérios da empresa.  O dono do carro, um homem de cerca de 45 anos, estava ali porque sua empresa havia falido, e não sabia o que fazer.

No final, a corrida deu R$ 16,75, dos quais 25% ficaram com o Uber. E aí está a grande pegadinha.

 

“A bola é minha: brinco como eu quiser”

Como consumidor, eu adoro o Uber! Mesmo me colocando no lugar dos motoristas, ainda acho que ele seja interessante, especialmente porque está sendo a saída de muita gente para ganhar algum dinheiro nesses tempos bicudos.

Mas claramente eles não têm tanta liberdade quanto imaginam, pois precisam trabalhar cada vez mais para garantir um ganho mínimo, e nas condições que lhes são impostas unilateralmente. E, se não são empregados de nenhuma empresa, na prática respondem, sim, para uma companhia, que, como qualquer outra, visa lucros. Por fim, se não há um chefe personificado em alguém, ele existe de fato no aplicativo que determina quem devem transportar, de que forma e a que custo. Mais que isso: pode lhes aplicar punições se não seguirem as regras da empresa.

O aplicativo é, portanto, um chefe insensível e implacável, com quem não se pode argumentar. Assim como dizia o personagem Quico, da série mexicana “Chaves”, a bola é dele, e todos têm que brincar do jeito que ele quer.

Mas é possível se divertir muito com a bola do outro. É só alinhar as expectativas.

 

De salvação a opção de vida

A essa altura, muita gente pode estar pensando que eu acho o “trabalho digital” algo ruim ou que o Uber explora os motoristas.

É exatamente o contrário disso!

Como disse acima, especialmente em tempos de crise, o uso inovador de tecnologia para criar empregos (ou pelo menos trabalho remunerado) é muito bem-vindo! O grande desafio é que isso deixe de ser apenas uma maneira de conseguir algum dinheiro para pagar as contas por falta de alternativa, e passe a ser uma opção de vida.

A primeira coisa a se fazer é parar de achar que existe uma mágica em torno disso tudo. “Não existe almoço grátis”, como diz o ditado. Quem pensa que vai criar uma fan page no Facebook e ganhar muito dinheiro vendendo qualquer coisa está muito enganado.

Como qualquer empreitada, é preciso conhecer bem as regras do jogo para fazer um modelo de negócios confiável. Seja Uber, Facebook, Mercado Livre, Airbnb ou qualquer outro serviço digital que possa virar nosso parceiro no negócio que estejamos nos metendo, temos que saber quais seu funcionamento, exigências, restrições, vantagens e desvantagens. Cada um tem o seu e o que funciona para um cliente pode não funcionar para outro. Portanto, muita calma nessa hora, para avaliar, sem deslumbramento, o que cada um tem a oferecer.

Além disso, deve-se estudar outros fatores, como quem é a clientela, a concorrência, as características do mercado, a legislação aplicável, fornecedores e outros parceiros, custos e riscos, para então descobrir boas oportunidades.  Os “trabalhos digitais” são muito sedutores porque criam oportunidades e abrem portas que muitas vezes sequer existiam no mês passado, e por isso são muito bem-vindos! Mas a maior parte do trabalho é bastante “analógico”, como qualquer outro negócio. Sem isso, corre-se o risco de engrossar a estatística do IBGE que diz que 60% das empresas brasileiras quebram antes de completar cinco anos.

O objetivo, portanto, é fazer todo esse planejamento com calma e detalhadamente. Assim, as expectativas ficarão alinhadas e os projetos serão bem construídos, evitando-se frustrações. E aí os “trabalhos digitais” brilham com força!


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A liberdade não pode ser vítima da guerra ao terror

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"A Liberdade Guiando o Povo", de Eugène Delacroix - Imagem: reprodução

“A Liberdade Guiando o Povo”, de Eugène Delacroix

O jornal Le Figaro divulgou ontem uma pesquisa que indica que 84% dos franceses estariam dispostos a aceitar restrições a sua liberdade para se sentirem mais seguros. Claramente impulsionados pelo medo causado pelos atentados terroristas de sexta passada, esses números escondem o enorme risco de uma população abrir mão de seus direitos em um momento de crise e isso se perpetuar depois.

A França é tradicionalmente um dos países que mais defendem as liberdades e a privacidade do indivíduo. Mas agora está ferida por um inimigo que ninguém sabe quando, onde ou como atacará de novo. Essa sensação de impotência é terreno fértil para o crescimento de abusos de toda natureza. Na mesma pesquisa, 74% se disseram favoráveis à prisão de suspeitos de terrorismo, enquanto a retirada da nacionalidade francesa desse grupo é aceita por 53% de integrantes da esquerda e por assustadores 94% da direita radical. Vale ressaltar que se tratam de suspeitos, não de casos confirmados. Por fim, 62% dos franceses se dizem contrários à entrada de imigrantes no país (eram 47% há um mês).

Naturalmente a tentativa de controle de tudo que trafega na Internet também está na pauta do dia. Afinal, os terroristas usam os meios digitais para se comunicar, de maneiras bastante criativas (cheguei a ouvir –não-confirmado– que estariam até mesmo usando o inocente game Super Mario Maker para distribuir coordenadas de ataques).

Esse controle é um desejo antigo de políticos, principalmente dos mais sujos e medíocres, que não vira lei em países que prezam o indivíduo justamente pela enorme rejeição da sociedade. Mas o que impedirá isso na França em um momento como esse?

A Internet finalmente será controlada?

 

Não devemos deixar a coisa ainda pior

Não seria a primeira vez que o medo do terror patrocinaria a tentativa de se controlar as vidas digitais dos cidadãos. Principalmente depois dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, o governo americano tentou emplacar várias leis que legitimariam a espionagem online do governo (e conseguiu algumas), como o PATRIOT Act.

Claro que o governo americano usou largamente a Internet para se intrometer nos negócios de pessoas, empresas e governos do mundo todo. As revelações de Julian Assange e de Edward Snowden estão aí para documentar isso largamente. Mas o fato de isso permanecer no campo da ilegalidade pelo menos dificulta que a prática se dissemine para qualquer nível de poder, até os mais medíocres.

Já usei este espaço para discutir anteriormente os riscos de governos controlarem a Internet. Mencionei, inclusive, projetos de lei que tramitavam no Congresso Nacional e que permitiriam a qualquer “autoridade competente” arbitrariamente censurar publicações que lhe desagradassem e punir seus desafetos.

Hoje mesmo uma aluna me questionou como fica a liberdade de expressão em um momento como esse. Mais que isso, terroristas poderiam usar, por exemplo, o YouTube para fazer a sua odiosa propaganda? Respondi que a liberdade de expressão é um direito inalienável do ser humano, mas que, na prática, isso é algo bem difícil de se manter e de se exercitar. Defendo-a por princípio e tenho certeza que ela nos traz muito mais benefícios que perdas, por mais que, em muitas ocasiões, seja usada para propagar ideias das quais discordemos ou até mesmo abominemos. Mas essa é a regra do jogo.

Nesse exemplo, o próprio YouTube deve remover o vídeo, pois ele viola os seus termos de uso. Mas e no caso de o vídeo estar hospedado em um servidor dos próprios jihadistas? Além disso, como a imprensa deve tratar esse material? Ele é notícia? Deve ser usado em uma reportagem? Mais ainda: a imprensa tem o direito de querer publicar isso?

Isso nos leva a outro ponto: o exercício de liberdades, inclusive de expressão, está sujeito a critérios morais de cada um. Portanto, do meu ponto de vista, sim, a imprensa tem o direito de reportar as barbaridades, assim como tem o direito de editar o conteúdo para preservar o seu público dos momentos mais crus da exibição (que, diga-se de passagem, seriam desnecessários para as pessoas compreenderem o que estava acontecendo). Da mesma forma, as pessoas têm o direito de serem informadas, mesmo de coisas horrendas.

É uma situação muito delicada, sem dúvida. “Na guerra, a verdade é primeira vítima.” A frase, atribuída ao dramaturgo grego Ésquilo, poderia ser complementada perfeitamente por “seguida pela liberdade”. Os terroristas têm, pela natureza de sua ação furtiva, uma vantagem sobre os Estados que combatem. A esses últimos, cabe o dever de enfrentar o agressor da melhor maneira possível, a despeito de tal vantagem. Mas não podemos permitir que, em nome desse combate, os governos firam seus próprios cidadãos ainda mais, tirando-lhes a liberdade e a privacidade.

Estamos vendo o fim da TV, pelo menos como a conhecemos

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Wagner Moura como Pablo Escobar, na série "Narcos", lançada recentemente pelo Netflix - Foto: divulgação

Wagner Moura como Pablo Escobar, na série “Narcos”, lançada recentemente pelo Netflix

No dia 24 de novembro, “A Estrada do Futuro”, primeiro livro de Bill Gates, completará 20 anos. Como todo exercício de futurologia, apenas algumas de suas previsões se concretizaram, e nem sempre como se esperava. Mas uma delas está colocando em xeque algo que faz parte de nossas vidas há mais de meio século: a televisão.

Gates antecipou em seu livro o surgimento do vídeo sob demanda, termo técnico que define serviços online em que o consumidor assiste à programação que quiser, na hora que quiser, cujos dois maiores expoentes são o YouTube e o Netflix. Mas talvez ele não tenha imaginado que a popularização desse recurso ameaçaria o modelo de negócio das emissoras e redefiniriam o uso do aparelho de TV como se vê hoje.

O fato é que a tecnologia mudou a maneira de nos relacionarmos com qualquer tipo de conteúdo, e as empresas de comunicação demoraram muito a perceber a chegada desse tsunami. Agora que a onda as atingiu, estão se debatendo em uma tentativa atabalhoada de se salvar.

A primeira e decisiva mudança é que, com um smartphone, o cidadão comum abandonou a sua condição milenar de consumidor de mídia para se tornar produtor. Não chega a surpreender, portanto, que a câmera seja um dos recursos mais usados dos celulares: fotografamos compulsivamente tudo (inclusive nós mesmos, o fenômeno das selfies) e criamos nossos próprios programas, que compartilhamos não apenas com nossos amigos, mas com o mundo todo. E, quando alguém deixa de assistir à Globo para ver nossas produções, passamos a ser concorrentes da Vênus Platinada.

Aliado a isso, o vídeo sob demanda acabou de vez com o monopólio das emissoras sobre o que vemos. Por que eu tenho que assistir a uma novela só porque “é o que está passando agora”? Eu quero ver um filme nesse momento! Ou uma série ou desenho animado. Ah, eu também quero ver a novela, mas na hora que eu quiser! E tem mais: quero ver três capítulos na sequência.

Trocando em miúdos, a grade de programação, algo essencial no modelo de negócios das emissoras, está com os dias contados. Graças a ela, os executivos criam os espaços para a publicidade e controlam a liberação dos conteúdos seguindo seus interesses. Por isso, o novo consumidor ameaça não apenas a TV aberta, mas também a TV por assinatura.

Os números são impactantes e ilustrativos. Estudo recente do ConsumerLab, divisão da Ericsson que estuda o comportamento dos consumidores, feito com 22.500 pessoas de 20 países, indica que 36% do tempo diário em que os brasileiros assistem a vídeos é destinado a conteúdo sob demanda, 1% a mais que média mundial. E 66% dos brasileiros entrevistados afirmaram que não encontram nada interessante para assistir na TV tradicional, o que justifica o crescimento dos serviços de vídeo sob demanda.

 

O consumidor paga pelo conteúdo que lhe interessa

Engana-se quem acha que esse fenômeno é motivado pelo desejo de se consumir conteúdo de graça. Essa premissa, usada por executivos das mais diferentes “mídias tradicionais” (música, imprensa, TV, entre outros) é absolutamente falsa! O consumidor paga, sim, por conteúdo de toda natureza, desde que esse produto lhe traga um benefício claro. De fato, a pesquisa do ConsumerLab mostra também que 22% dos consumidores que nunca pagaram por uma TV por assinatura já estão pagando por serviço de vídeo sob demanda. E aí o Netflix mostra o caminho a ser seguido.

Apesar de a empresa não divulgar a quantidade de assinantes no Brasil (são 65 milhões no mundo), o mercado estima que esse número deve variar entre 2,5 milhões e 4 milhões. Colocando isso em dinheiros, a receita da empresa para esse ano por aqui deve variar entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. Na hipótese mais conservadora, o Netflix faturaria mais que a Band e a Rede TV!, quarta e quinta maiores emissoras nacionais; na mais arrojada, empataria com o SBT. Os números foram debatidos no congresso da ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura), no início de agosto, cujos membros afirmam que o Netflix é um concorrente desleal.

Não precisa ser gênio para juntar os números do Netflix e de outros serviços com conclusões de estudos como o do ConsumerLab e entender o que está acontecendo. A tecnologia deu ao consumidor o poder de escolha, abrindo-lhe os olhos para perceber que não é obrigado a consumir uma programação de qualidade rasteira em um formato que não lhe convém.

O aparelho de TV cada vez mais é um poderoso computador conectado à Internet (e os fabricantes estão investindo nisso), diminuindo a importância de sua histórica função de receptor de imagens empurradas goela abaixo do telespectador. Permite que a escolha do usuário agora vá muito além dos canais acionados pelo controle remoto.

Além disso, a TV não é mais o único equipamento para se assistir a vídeos: ela ocupa apenas uma fatia do tempo do consumidor para esse fim. Uma fatia cada vez menor, diga-se de passagem, que vem sendo substituída pelo crescente uso dos dispositivos móveis, especialmente os smartphones. No caso de conteúdo sob demanda, 61% do total já é consumido nas pequenas telas, segundo o ConsumerLab.

 

Observem as crianças

É muito interessante observar as crianças, pois elas entendem e se apropriam de novas tecnologias com grande facilidade e velocidade. Por isso, são excelentes indicadores de como será o futuro breve. E, no assunto que aqui discutimos, elas têm um comportamento muito interessante: quando querem assistir sozinhas a um vídeo, fazem isso no seu smartphone, mesmo que estejam em casa. Por outro lado, quando se trata de uma experiência com outras pessoas, como a família, o melhor lugar para o YouTube e o Netflix é a smart TV da sala. Claro, faz todo o sentido!

Pago mensalmente um adicional de R$ 30 para ter os canais da HBO no meu plano de TV por assinatura. Quis usar o aplicativo de vídeo sob demanda HBO GO, incessante promovido em seus comerciais, mas não consegui, pois a minha operadora de TV a cabo não permite. Devo dizer que fiquei com uma vontade enorme de pagar os R$ 30 mensais diretamente à HBO, e não à operadora, que deixou de ser uma facilitadora para se tornar uma dificultadora.

Essa empresa e seus pares precisam urgentemente repensar seus modelos, assim como as emissoras precisam melhorar sua programação. Ou, em muito pouco tempo, as crianças de hoje enterrarão a TV como a conhecemos, transformando sua tela em uma ferramenta de liberdade e qualidade em que nenhuma dessas empresas fará parte.