Pix

Maria Juvelina de Oliveira Monteiro lidera fila para sacar em terminal Atmo, em supermercado de Oeiras do Pará - Foto: Paulo Silvestre

Na terra do “dinheiro vivo”, digitalização facilita o cotidiano

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Enquanto as pessoas das grandes metrópoles usam cada vez menos notas e moedas, nos rincões do Brasil, o “dinheiro vivo” é ainda quem manda. Seja por questões culturais ou pela dificuldade de se fazer transações eletrônicas, a população desses locais prefere andar com maços de notas para as necessidades de seu cotidiano.

Para isso, precisam fazer saques, algo simples nos grandes centros urbanos, mas um transtorno em locais em que a agência bancária ou o caixa eletrônico mais próximo fica a horas de viagem. Ironicamente, nesses casos, os recursos digitais podem facilitar muito a vida de quem quer sentir o dinheiro na mão.

Na semana passada, pude ver isso de perto em Oeiras do Pará, município de 33 mil habitantes no interior daquele Estado. Lá, em muitos casos, a dificuldade é conseguir dinheiro para sacar. Apesar de a cidade possuir uma agência do Banco do Estado do Pará e um caixa eletrônico do Bradesco, pode acontecer de o dinheiro simplesmente acabar neles, e demorar dias para ser reposto.

A empresa TecBan encontrou uma solução criativa para o problema, com seu terminal Atmo, que poderia ser definido como um “Banco24Horas sem dinheiro”. Instalado em mesas de estabelecimentos comerciais, ele permite que os clientes saquem benefícios sociais e valores de suas contas, recebendo o dinheiro do caixa de onde a máquina estiver instalada. A TecBan deposita esses valores na conta do lojista no mesmo dia e, ao final do mês, ainda o bonifica com um adicional por cada transação realizada.

Parece uma solução simples, e de certa forma é mesmo. Mas esse uso da tecnologia digital promove uma grande mudança no cotidiano das pessoas e das empresas.


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É difícil alguém que vive em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, onde pagamentos são feitos por aproximação de smartphones, compreender a dimensão disso tudo. Mas onde a Internet é precária e a vida é pouco digital, o dinheiro na mão é sinônimo de confiança.

O Pix colocou o Brasil na vice-liderança global de transações instantâneas, atrás apenas da Índia. Segundo o Banco Central, 5,28 bilhões de Pix movimentaram R$ 2,18 trilhões em junho. No primeiro trimestre, ele respondeu por 43% das transações, contra apenas 2% das feitas em dinheiro, 15% do cartão de crédito e 13% no débito.

Para entender melhor o abismo entre o “Brasil do Pix” e o do “dinheiro vivo”, precisamos olhar além da Internet ruim típica do segundo. Instalar uma agência bancária ou mesmo um caixa eletrônico exige um grande investimento de infraestrutura e de logística. Mesmo que existam, sua manutenção é cara.

“O Brasil é muito grande, e a logística, em alguns locais, é bem complicada”, explica Rodrigo Rocha Maranini, gerente de produtos e canais de distribuição do Banco24Horas. A maior dificuldade é o transporte do dinheiro para abastecer esses locais, uma operação complexa. No caso de Oeiras do Pará, ele chega de avião na cidade de Curralinho, e depois precisa viajar mais duas horas de barco, o que não acontece em todos os dias.

Há também o risco de problemas operacionais, que tornam o caixa inoperante até que um técnico venha de outra cidade, o que pode demorar dias. “Então a maneira que a gente encontrou para atender a população foi o Atmo”, acrescenta Maranini.

Antes disso, lojistas já faziam informalmente esse tipo de “serviço de saque”, mas cobravam por isso. Por exemplo, se o cliente quiser sacar R$ 400, ele faz uma compra inexistente no estabelecimento no valor de R$ 430, e o dono fica com a diferença.

Outra prática comum é entregar seu cartão e sua senha a uma pessoa que viaje a outra cidade, normalmente com os cartões de dezenas de pessoas, para sacar o dinheiro e trazer ao final do dia. Além de arriscado, também é cobrada uma taxa.

Do lado do lojista, o Atmo resolve o problema de ter que se viajar com o dinheiro do dia para depositá-lo na conta da empresa. “Ficava muito dinheiro na loja”, explica, Thalita Santana Pereira, responsável pelas lojas da rede de supermercados Solzão, que têm Atmos instalados. “Agora não tem mais esse problema.”

 

Dinheiro na cidade

Os lojistas também apontam a vantagem de o dinheiro ficar na cidade e até no seu estabelecimento. “Antes deixavam parte do dinheiro em outro lugar”, afirma Kledson Pantógena Pereira, dono da Farmácia Popular, em Oeiras do Pará, que também tem um Atmo. Ele sente que, com o terminal, oferece um serviço: “é bom ser útil!”

O Pará possui uma agência bancária para cada 16 mil habitantes, o 15º Estado no país nesse índice. Em São Paulo, por exemplo, há uma agência para cada 9 mil. Além disso, segundo o Cetic.br (órgão de pesquisa ligado ao Comitê Gestor da Internet no Brasil), o Pará tem o menor percentual da população conectada à Internet no Brasil.

Maria Juvelina de Oliveira Monteiro, vendedora de açaí em Oeiras do Pará, tem celular, mas não faz Pix porque tem medo de que algo dê errado: “aí dá uma dor de cabeça, meu filho!” Ela recebe Bolsa Família e o salário do marido falecido, e saca o dinheiro todo no Atmo do supermercado Solzão da cidade assim que ele chega. “Gosto de sacar aqui, porque, em outros lugares, às vezes não tem dinheiro”, explica.

Os benefícios sociais, como o Bolsa Família e o Seguro Defeso (pago a pescadores impedidos de trabalhar na época de reprodução dos peixes), são muito importantes para a população dessas regiões. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, 8.692 famílias de Oeiras do Pará recebem o Bolsa Família, com um valor médio de R$ 434 por mês.

Tudo isso configura um mundo muito diferente do “Brasil do Pix”. São pessoas que sacam, de uma só vez, todo dinheiro que têm, para poder pagar suas contas e comprar o que precisam, sem ter que se deslocar, às vezes longas distâncias, gastando um dia todo, para fazer isso.

Como se pode ver, mesmo onde o “dinheiro vivo” impera, os recursos digitais podem fazer uma grande diferença, se usados com criatividade.

 

Empresas analisam como seguramos e digitamos em nossos celulares para confirmar nossa identidade - Foto: Shurkin Son/Creative Commons

Em um mundo com menos dinheiro físico, tecnologia vai além de garantir transações

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No mundo todo, as pessoas cada vez mais trocam notas de dinheiro e moedas por meios eletrônicos de pagamento. Os brasileiros seguem essa tendência, e o estrondoso sucesso do Pix é o exemplo mais reluzente disso. Nesse cenário, a tecnologia digital ocupa um espaço que vai muito além de garantir as transações: ela viabiliza segurança, combate o crime e até promove a inclusão social.

Alguns podem dizer que os problemas decorrentes da digitalização dos meios de pagamento são um preço a se pagar pelos benefícios que isso traz. Pode ser verdade, mas isso não pode ser usado como desculpa para descuidos, pois os prejuízos para pessoas e empresas podem ser devastadores. E ninguém deveria passar por isso!

“Se as pessoas perderem a fé na segurança do seu meio de pagamento, eles vão parar de usá-lo e voltarão a usar dinheiro”, explicou-me Andrew Reiskind, Chief Data Officer da Mastercard, durante uma visita que fiz na semana passada ao laboratório da inovação da empresa, localizado em Nova York (EUA).

A solução não é simples e cabe a todos os envolvidos. Empresas, governos, universidades a até os usuários têm seus papeis para que a experiência de pagamentos digitais aumente seus benefícios e reduza seus riscos.

Algumas velhas preocupações ganham nova roupagem, enquanto outras surgem. A inteligência artificial e a computação quântica despontam como poderosas novidades. Enquanto isso, a ética e a experiência do cliente ganham ainda mais importância.

Uma coisa é clara: não há atalhos nesse processo, e aqueles que não se ajustarem às novas exigências podem ser fortemente penalizados pelo mercado.


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Os números do Pix dão a dimensão das transações digitais no Brasil. Segundo o Banco Central, em junho, o Brasil tinha 165,8 milhões de usuários cadastrados na sua plataforma. Em maio, foram realizadas 5,2 bilhões de transações, que movimentaram R$ 2,1 trilhões. O Pix representou 43% das transações no primeiro trimestre, contra 15% dos cartões de crédito, 13% dos de débito, 5% dos boletos e apenas 1% da TED. Com esse vigor, o país terminou 2023 na segunda posição global em transações instantâneas, atrás apenas da Índia.

Em contrapartida, os saques em dinheiro vivo nos caixas eletrônicos e agências bancárias caem ano após ano. Em 2012, os brasileiros sacaram R$ 3,9 trilhões; em 2022, esse valor foi de R$ 2,1 trilhões, o mesmo que o Pix movimentou só em maio.

Infelizmente a bandidagem também está trabalhando com força no mundo digital. O Brasil se converteu em um paraíso para golpistas, e o próprio Pix tornou-se uma de suas ferramentas preferidas, pela instantaneidade das transferências.

O golpe mais comum consiste em se passarem por outras pessoas, enganando familiares e amigos para que façam transferências. Uma vez que elas acontecem, os fraudadores passam os valores para outras contas, com o Pix. Isso impede que os bancos rastreiem o caminho do dinheiro. Assim essas instituições não se sentem obrigadas a devolver o dinheiro, e seus clientes via de regra amargam o prejuízo.

“É muito fácil fingir ser alguém ou comprar uma identidade roubada na Dark Web”, explica Chris Reid, vice-presidente executivo de soluções de identidade da Mastercard. Por isso, a gigante de meios de pagamento investe fortemente em tecnologias que tentam garantir a identidade do usuário, desde biometria até análise de comportamentos, como a forma com que a pessoa interage com seu smartphone. “Depois de 10 usos do seu dispositivo, é quase impossível alguém replicar como você o segura e como digita nele”, acrescenta.

 

O real valor do celular para o crime

Enquanto esses recursos não são amplamente disseminados, os criminosos aproveitam as deficiências de segurança dos smartphones e dos aplicativos de instituições financeiras para “limpar a conta” de vítimas. Por isso, esses aparelhos se tornaram o item mais roubado no Brasil desde o ano passado.

O problema ficou tão grave que, no último Google I/O, evento global de desenvolvedores da empresa, que acontece sempre em maio, ela anunciou novidades de segurança para o sistema operacional Android inspiradas nos crimes brasileiros. Entre eles, estão o bloqueio automático do celular se ele for retirado abruptamente da mão do usuário (como nos roubos pelas “gangues de bicicleta”), a criação de uma área escondida e protegida por senha para os aplicativos sensíveis, proteção contra “reset de fábrica” e autenticação aprimorada.

A digitalização do dinheiro e da própria vida exige também comportamentos mais transparentes e éticos das empresas no uso dos dados de seus clientes e na adoção de uma inteligência artificial responsável. No último dia 2, tivemos um movimento emblemático nesse sentido, quando a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) proibiu a Meta (empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) de usar os dados dos usuários para treinar seus modelos de inteligência artificial.

“Os dados dos indivíduos não nos pertencem, não pertencem ao banco”, afirma Reiskind. “Eles não são uma mercadoria, são um direito humano e, portanto, devemos tratá-los bem!”

O executivo lembra também que as empresas devem estar atentas para que seus dados e sua IA não desenvolvam vieses que possam prejudicar os clientes. Ele cita, como exemplo, empresas que não querem fazer negócios com pessoas que vivem em áreas de muita criminalidade. Mas, segundo Reiskind, a tecnologia deve ser usada para garantir serviços mesmo nesses casos, pois nem todos que vivem ali são criminosos, e merecem respeito.

A boa notícia é que o mesmo avanço exponencial que viabiliza soluções como o Pix também permite que mais pessoas tenham acesso legítimo a recursos como esses. Abrir uma conta corrente ou aprovar transações de cartão de crédito para esses indivíduos marginalizados pelo local em que vivem significa muito mais que uma transação: pode representar um importante fator de inclusão social.

Dessa forma, empresas que abusarem dos dados de seus clientes ou não trabalharem de forma mais justa com o público podem, aos poucos, perder mercado e manchar sua reputação. É preciso sempre criar serviços incríveis, mas também devem fazer o certo socialmente, sem comprometer a segurança.


Veja a entrevista em vídeo com Andrew Reiskind, Chief Data Officer da Mastercard:

 

Entramos no ano mais digital de nossas vidas

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Este promete ser o ano mais digital de nossas vidas. Por isso, entender o que aconteceu nesse setor em 2021 pode nos ajudar a aproveitar melhor o que a tecnologia tem de bom a nos oferecer e a fugir de enormes arapucas que já armaram para todos nós. E a maioria das pessoas não tem esse conhecimento.

Por exemplo, no final de novembro, o dicionário Collins escolheu NFT como a “palavra do ano”. Como toda seleção assim, ela é controversa, mas essa representa bem os efeitos da digitalização galopante de nossas vidas, dando o tom do ano que começa. Essa sigla indica um conceito que poucos conhecem e que, mesmo entre os que já ouviram falar dele, muitos não entendem. E há ainda uma multidão completamente de fora, por não ser tão digital assim.

A pandemia acelerou incrivelmente esse processo, abrindo oportunidades para empresas e indivíduos, mas aumentando o risco de se criar “cidadãos de segunda categoria” entre os “menos digitalizados”. Governos, instituições e companhias precisam ajudar para que isso não ocorra, e cada um de nós deve abraçar o digital com consciência, evitando, de um lado, o deslumbramento e, do outro, o medo.


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Para quem nunca ouviu falar, NFT é a sigla em inglês para “tokens não-fungíveis”, uma comercialização de arte digital que combina tecnologia e mudança cultural. Com ela, ao comprar uma obra, a pessoa passa a ser sua legítima dona, mas isso não lhe garante nenhum controle ou remuneração por qualquer reprodução do material. Além disso, os direitos autorais continuam sendo do autor da obra.

É como o Museu do Louvre ser dono da Mona Lisa, mas ele não tem como impedir que as pessoas fotografem o quadro, e usem isso como quiserem. Mas, se algum dia quiser vender o original, o Louvre receberá uma fortuna.

O que dificulta o entendimento do NFT é que o original pode ser algo simplório como um meme famoso, facilmente reprodutível com um clique do mouse. Ainda assim, em maio, o meme “Disaster Girl” foi vendido por incríveis R$ 2,5 milhões.

NFT venceu, entre os pesquisadores do Collins, a palavra metaverso, outro conceito digital que certamente impactará muito mais nossas vidas em breve. Se bem usado, esse mundo virtual abrirá uma infinidade de oportunidades de trabalho, aprendizagem e diversão. Trata-se de um ambiente digital em que as pessoas entrarão com seus avatares para interagir mesmo com quem estiver do outro lado do mundo e com ferramentas que só existem ali.

Apesar de não ser algo novo, o metaverso ganhou holofotes em 2021 pela disposição do Facebook de investir pesadamente nessa tecnologia. Mas o que a torna tão incrível também inspira muitos cuidados. Por ser um ambiente completamente imersivo, há um enorme risco de manipulação dos usuários, muito maior que o já visto nas redes sociais. Além disso, por exigir equipamentos poderosos para ser usado, ele pode ampliar o abismo digital entre os mais ricos e os mais pobres.

Mas a virtualização de nossas vidas já acontece com força de outras formas. Desde que a Internet comercial foi lançada, em 1994, realizamos cada vez mais atividades de nosso cotidiano pelo meio online. A popularização dos smartphones, há uma década, acelerou muito esse processo.

Mas foi a pandemia que definiu um novo patamar aí.

 

Tudo de casa

Possivelmente a mudança mais profunda e permanente que o vírus nos apresentou foi o home office. Antes do lockdown (aliás, a palavra de 2020 para o mesmo dicionário Collins), trabalhar de casa era algo inimaginável ou pelo menos visto com enorme desconfiança por gestores de empresas de todo tipo. Mas hoje isso se tornou tão aceito, que muitas empresas adotaram, mesmo com a retomada das atividades nos escritórios, o trabalho híbrido, em que os profissionais desempenham suas tarefas de casa em alguns dias da semana. Há casos em que o trabalho remoto se tornou definitivo. Dessa forma, os escritórios ficaram menores ou simplesmente desapareceram.

Primo dessa mudança é o crescimento explosivo do ensino a distância. O tempo em casa permitiu que as pessoas experimentassem e gostassem desse jeito de aprender, vencendo muitos preconceitos contra o EAD. Agora, muita gente faz cursos que antes eram inacessíveis pela distância ou por horários inflexíveis.

Mas tanto o home office quanto o EAD reforçam as diferenças entre a população digitalizada e a “nem tanto assim”. Afinal, para participar dessas atividades é preciso ter uma boa conexão com a Internet e um computador, pois a experiência pelo celular acaba sendo de pior qualidade. E nem todos têm isso.

O e-commerce também se enquadra nessa mudança de comportamento. Apesar de crescer consistentemente na casa dos dois dígitos percentuais desde que surgiu, as vendas online praticamente dobraram seu faturamento nos primeiros 12 meses da pandemia. Com a reabertura das lojas físicas, esse crescimento perdeu um pouco de fôlego, mas o e-commerce permaneceu em um patamar muito superior ao que tinha antes da Covid-19. Graças a isso, muitas entregas, que antes levariam dias para serem feitas, passaram a acontecer em algumas horas.

O e-commerce pelo menos é um pouco mais democrático: funciona bem em praticamente qualquer smartphone.

 

Virtualização de valores

O Pix, sistema de transferências e pagamentos instantâneos do Banco Central, também poderia concorrer à palavra do ano, se não fosse restrito ao Brasil. Ele já é usado por 71% dos brasileiros, com aprovação de 85% deles, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Já há mais Pix que TED, DOC e cheque juntos! Entre os jovens de 18 a 24 anos, a aprovação chega a 99%, semelhante aos 96% da faixa seguinte (de 25 a 44 anos). A maior resistência fica entre as pessoas de baixa renda e os de menor escolaridade, mas ainda com adesão superior a 50%.

Muita gente tem medo do Pix devido aos incontáveis golpes que usam essa tecnologia. Essa, aliás, é outra coisa que explodiu nesses dois anos e que infelizmente deve se ampliar em 2022. Vale lembrar que o ano passado começou com o maior vazamento de dados da história do Brasil e terminou com um suspeito “ataque hacker” aos sistemas do Ministério da Saúde que gerenciam os dados relativos à Covid-19 e à vacinação, que demoraram semanas para serem restabelecidos.

As pessoas precisam de orientação para escapar desses problemas, que acabam atingindo mais os de renda inferior ou os menos informados. O que nos leva a um último flagelo digital que vem crescendo com força nos últimos anos e deve chegar às raias da loucura em 2022: a desinformação. O que me faz lembrar que, em 2016, outro importante dicionário, o de Oxford, elegeu pós-verdade como a palavra daquele ano.

Ela explica que importam menos os fatos e mais as versões construídas a partir deles (ou da ausência deles). Assim, quem elaborar as versões mais “palatáveis” para o público convencerá as pessoas com suas ideias, por mais bizarras que sejam.

Isso fica particularmente mais grave em anos de eleições, como esse que estamos começando. Políticos sempre mentiram, mas a combinação da pós-verdade com as redes sociais criou as fake news, que se tornaram a ferramenta suprema de manipulação da sociedade. E políticos que mais dominam esse recurso vêm se elegendo.

Por isso, se puder desejar algo a todos nesse ano que se inicia, minha escolha é conhecimento e informação, para que possamos usar o mundo digital que tivermos a nossa disposição –seja muito, seja pouco– da melhor maneira possível. Ele deve ser usado para melhorarmos (e muito) nossa vida, e não para sermos controlados por quem quer que seja.