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Reflexão: um mau projeto pode manchar uma marca de sucesso

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Hoje, ao fazer o check in para Boston, para participar do Red Hat Summit, me deparei com a tela abaixo, com o que não pode ser levado na bagagem. Ao lado de líquidos inflamáveis, veneno e explosivos, estava o Samsung Galaxy Note 7.

Por que um único produto pode colocar em risco um voo?

Em 2016, foram reportados casos do Note 7 subitamente pegando fogo, inclusive em um avião! A causa era uma falha em suas baterias.

O Galaxy Note é um dos produtos top da fabricante sul-coreana. Depois de dezenas de incidentes no mundo, o modelo 7 foi retirado do mercado. Estima-se um prejuízo de US$ 17 bilhões à Samsung. E ficou a sensação de que seus celulares não seriam tão seguros.

A Samsung já lançou dezenas de modelos depois daquilo, e eles não explodem. Mas fico impressionado como três anos após os incidentes, a marca ainda continue sendo afetada! É como se, a cada voo, todos os passageiros fossem lembrados, com o nome da companhia sendo citado.

A falha do projeto foi algo imperdoável. Será que a empresa terá que aguardar anos, até que o último Galaxy Note 7 com certeza tenha sido substituído pelos seus donos, para que deixe de ser arranhada a cada check in?

Reflexão: o que fazemos com todo esse lixo eletrônico?

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Nessa semana, minha TV de 64 polegadas da Samsung simplesmente apagou. Chamei a assistência autorizada. Ainda não deram o diagnóstico, mas adiantaram que, mesmo que seja algo simples (como a fonte de alimentação), posso ter que jogar a TV fora.

O motivo: o fabricante só garante peças por cinco anos. E a TV tem… cinco anos e três meses!

Ou seja, uma belíssima TV corre o risco de irremediavelmente ir para o lixo por uma peça relativamente barata que não é mais produzida, tendo que ser substituída por um modelo novo que custará milhares de reais. Pior: será mais uma peça (grande) na montanha de lixo eletrônico.

A chamada “obsolescência programada” é uma praga! Quem nunca se viu obrigado a trocar um smartphone que estava funcionando só porque não conseguia mais atualizá-lo? Que dizer então de eletrodomésticos mais baratos, como liquidificadores, cuja simples mão de obra de um técnico custa mais que comprar um novo? E eles quebram cada vez mais rapidamente….

É uma faceta cruel da vida moderna, que incentiva o consumo e polui o planeta, muitas vezes com componentes altamente tóxicos e de decomposição muito demorada.

Você tem histórias assim para compartilhar conosco?

Tirem os advogados, tragam os engenheiros

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A bandeira pirata hasteada à frente da sede da Apple em 1983

A bandeira pirata hasteada à frente da sede da Apple em 1983

A Apple acaba de ganhar mais um round contra a Samsung: dessa vez, impediu que sua filial alemã distribua o Galaxy Tab 2, de 10,1 polegadas. Apesar de provavelmente não trazer muitos efeitos práticos, pois os aparelhos poderão ser trazidos de outras partes do mundo para ser vendidos na Alemanha, é mais um capítulo de uma guerra travada por advogados das duas empresas. A Samsung contra-ataca com processos contra a Apple, também por violação de patentes.

Ninguém sugere que uma companhia não defenda seus investimentos milionários em pesquisa, mas não deixa de ser irônico ver a Apple tentando impedir que outras companhias lancem produtos que, digamos, se pareçam muito aos seus.

Vale aqui uma pequena aula de história da indústria de microinformática. No início dos anos 1980, quando a Apple atingiu o topo pela primeira vez, com seu Apple II, a empresa investiu em uma nova tecnologia: a interface gráfica, que viabilizou o seu Apple Lisa e, logo na sequência, o primeiro Macintosh.

A referida ironia está no fato de que a primeira interface gráfica e o mouse não terem sido inventados pela Apple, e sim por um grupo de pesquisa da Xerox. Os executivos dessa última não deram a menor bola para a criação de seus engenheiros. Pior que isso: abriram caminho para que Steve Jobs e sua turma literalmente se apropriassem dessa tecnologia e praticamente assumissem a sua paternidade. Não é de se espantar que, à frente da sede da Apple, a bandeira pirata estilizada (acima) ficasse hasteada.

Logo depois, a Apple provou do próprio veneno, quando a Microsoft se “inspirou” no Mac para lançar o seu Windows. Esses dois “roubos”, o da Apple e o da Microsoft, estão magistralmente representados no vídeo abaixo, um trecho do filme “Piratas da Informática” (“Pirates of the Silicon Valley”, no original):

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=JDPQABGyId4]

A Apple sempre acusou a Microsoft de ter copiado o sistema operacional do Macintosh para criar seu Windows. Felizmente nunca conseguiu impedir que a turma de Bill Gates seguisse adiante com sua própria interface gráfica. Pois, se a Xerox inventou e a Apple refinou o conceito, foi indubitavelmente a Microsoft quem o popularizou, tornando o computador finalmente algo acessível às massas.

De volta a 2011: a Apple agora quer impedir o crescimento do Android, apontando sua artilharia principalmente para os produtos da linha Galaxy, os principais concorrentes do iPhone e do iPad. O fato é que o hardware do Galaxy Tab 2 é superior ao do iPad 2. O Android também chegou lá, na sua versão 3: é um produto maduro e sofisticado. Pesam a favor do iPad várias vantagens por ter sido lançado muito antes (pelo menos para os padrões dessa indústria alucinada).

Afinal, qual o problema com a turma de Cupertino? Seus produtos são excepcionais, e a Apple se parece mais a uma religião que a uma empresa, com uma (crescente) legião de fieis. Mas eu darwinianamente acredito que a diversidade e as interações entre as espécies levam à evolução. Tentar frear isso em tribunais é muito triste, para dizer o mínimo. Além disso, ter uma concorrência forte é a receita para uma empresa continuar inovando, e já passou da hora de a Apple ser confrontada de verdade. Por isso, espero que as empresas tirem logo seus advogados de cena e deixem seus engenheiros trabalhar. É aí que está a centelha criativa. É aí que os usuários e as próprias empresas ganham.