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Aplicativo do Farmácias App, que integra o estoque de mais de 3.000 farmácias de 900 cidades no país - Foto: Paulo Silvestre

Aplicativo cria marketplace de farmácias para ajudar pequenos a concorrer com grandes redes

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Com a concentração do mercado de farmácias em poucas grandes redes nos últimos anos, que normalmente conseguem negociar condições comerciais mais vantajosas com fornecedores, a vida dos pequenos estabelecimentos do setor ficou mais difícil. Ainda assim, muitos deles resistem ao avanço dos gigantes, às vezes graças a um atendimento diferenciado.

No mundo digital, essa disputa se acirra, com os pequenos perdendo essa sua vantagem, o que pode se tornar dramático com o aumento do uso do e-commerce pela população. Por isso, um aplicativo criou um marketplace de pequenas e médias farmácias para ajudá-las a fazer frente ao poder das grandes.

“O Farmácias App ajuda a potencializar as farmácias sem concorrer com elas”, explica Rodrigo Carvalho, gerente-geral da plataforma. Isso quer dizer que apesar de ter como dono o grupo SantaCruz, maior distribuidor de medicamentos da América Latina, eles não vendem produtos, e sim buscam oferecer as melhores opções aos clientes finais, a partir do estoque de farmácias da região onde mora. “A ideia é ser uma referência em beleza e saúde, assim como o iFood é na alimentação”, acrescenta.

Isso cria uma vantagem competitiva que os pequenos dificilmente conseguiriam sozinhos, por falta de exposição e tecnologia. “Como são várias farmácias reunidas em um único aplicativo, e não só o estoque de uma grande rede, ele tem um sortimento muito maior, que pode até atender com mais velocidade que uma gigante”, explica Carvalho. Há também uma vantagem de se poder comparar preços e condições de muitos estabelecimentos diferentes, fugindo da opção única de uma rede.

Para isso, é fundamental que a plataforma esteja integrada, em tempo real, com as informações de estoque desses pequenos e médios estabelecimentos. Para aqueles que já possuem um sistema de controle mais robusto, os técnicos da Farmácias App simplesmente fazem uma integração direta entre as plataformas. Para aqueles com sistemas mais simples, a empresa instala um agente no servidor da farmácia para coletar e repassar imediatamente a informação à central. Já nos muito pequenos, que não possuem sistema algum desse tipo, cada mudança no estoque pode ser informada manualmente em um site de administração da parceria.

O modelo de negócios do Farmácias App é simples. Uma vez integrados na plataforma, os produtos do lojista passam a ser oferecidos aos clientes organizados por critérios como preço, distância e custo de entrega. Como em qualquer marketplace, uma mesma compra do cliente pode reunir itens de diferentes estabelecimentos, de maneira transparente. Quando qualquer venda é feita, a plataforma fica com 8,5% do valor de vendas. Não há nenhum outro custo para o lojista.

Toda a cobrança é feita pela plataforma, que depois repassa os valores para as farmácias. As entregas podem ser feitas pela plataforma ou ficar a cargo de cada lojista. Nesse caso, a equipe do Farmácias App monitora para verificar se o produto foi entregue dentro do prazo.

Hoje o serviço engloba farmácias de mais 900 cidades em 24 Estados e no Distrito Federal, a maioria delas concentradas na região Sudeste. “Nossa vontade é ter parcerias com todas as 80 mil farmácias do Brasil’, afirma Carvalho. No momento, a plataforma, que foi lançada em 2017, conta com mais de 3.000 estabelecimentos cadastrados. O crescimento de receitas do ano passado para esse ficou em torno de 270%.

Foto: Creative Commons

Como a tecnologia pode salvar vidas de quem você ama

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“Se alguém o tivesse escutado, talvez pudesse ter sido salvo.”

Essa frase é comum entre aqueles que tiveram que enfrentar casos de suicídio de pessoas próximas de si. Ela representa uma das faces mais perversas dessa tragédia: a maioria dessas mortes poderia ter sido evitada se as vítimas tivessem recebido o apoio necessário a tempo. Isso não acontece porque as pessoas que convivem com o suicida normalmente não percebem os sinais emitidos por ele. Sinais que são, na verdade, pedidos de ajuda. E, dos que percebem, muitos não sabem como lidar com isso adequadamente.

Felizmente novas tecnologias e novos métodos abrem caminhos que podem ajudar as próprias vítimas e também as pessoas a seu redor a lidar melhor com esse gigantesco problema de saúde pública.


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No mundo, mais de 1 milhão de pessoas se suicidam todos os anos. Isso dá uma morte a cada 40 segundos. No Brasil, 32 pessoas se matam todos os dias: em 2018, foram 11 mil vidas perdidas assim.

A situação é ainda mais grave entre os jovens, sendo a principal causa de morte nessa faixa etária no planeta, de acordo com a Organização Mundial de Saúde. Segundo o Ministério da Saúde, o suicídio aumentou 20% nos últimos cinco anos entre jovens de 15 a 19 anos. Já é a quarta causa de mortes nessa faixa no nosso país.

O suicídio raramente é uma decisão por impulso. O suicida amadurece a ideia com tempo. Nesse processo, emite vários sinais indicando que pensa em acabar com a própria vida, em um longo pedido de ajuda, muitas vezes inconsciente.

Gramática da Depressão e Algoritmo da Vida

Pesquisadores da University of Reading (na Inglaterra) e da Florida State University (nos EUA) descobriram que pessoas com depressão costumam publicar nas redes sociais mensagens com palavras e construções específicas. Eles catalogaram os resultados desse comportamento e o chamaram de “Gramática da Depressão”. Com ela, afirmam ser capazes de identificar essa terrível doença, mesmo em seus estágios iniciais.



A partir desse estudo, a Agência Africa e a desenvolvedora Bizsys criaram para a revista Rolling Stone Brasil o que eles chamaram de “Algoritmo da Vida”. Trata-se de um sistema que fica varrendo mensagens no Twitter seguindo as regras da “Gramática da Depressão”.

Para evitar falsos positivos, quando algo suspeito é identificado, a mensagem passa por uma checagem cuidadosa, que considera contexto, ironias e a recorrência dos termos. Se o risco for confirmado, um perfil do Twitter criado especificamente para esse serviço, com o auxílio de psiquiatras, entra em contato com o indivíduo por uma mensagem privada. O objetivo é conversar e entender o usuário, para lhe sugerir a melhor forma de tratamento. Indicações para contato com o CVV (Centro de Valorização da Vida, telefone 188) são sempre uma opção.

O “Algoritmo da Vida” está funcionando desde fevereiro, e já verificou cerca de 34 milhões de mensagens, de 1,4 milhão de perfis no Twitter. No meio disso tudo, detectou quase 300 mil riscos potenciais, direcionando cerca de 1.400 pessoas ao CVV.

Pesos-pesados tecnológicos

No último dia 11, a iniciativa ganhou dois apoios de peso: a titã de software alemã SAP e a AWS (Amazon Web Services), serviço de hospedagem na nuvem da empresa de Jeff Bezos.

O anúncio foi feito em São Paulo, durante o SAP Now, maior evento de tecnologia e negócios da América Latina, por Cristina Palmaka, presidente da SAP Brasil, que estava com Sergio Gordilho, copresidente da Agência Africa, e com Cleber Morais, diretor-geral da AWS no Brasil.

Os dois gigantes da tecnologia se uniram à iniciativa, para que ela ganhe escala e eficiência, com a enorme capacidade de processamento da AWS e diferentes tecnologias de ponta da SAP. Assim, o Algoritmo da Vida está sendo recriado dentro de soluções da SAP para aproveitar recursos como inteligência artificial e análises preditivas, que serão capazes de identificar mudanças nos padrões de comportamento dos usuários, que possam indicar, com grande assertividade, qualquer risco. A linguagem natural, ou seja, a tecnologia que permite a máquina entender e se comunicar com frases correntes, como se fosse uma pessoa, tornará esse processo ainda mais eficiente.

A tecnologia digital já dá esse tipo de visão aos negócios há bastante tempo. Mas o Algoritmo da Vida é uma prova que ela pode ser aplicada a qualquer disciplina humana. Na verdade, desde que a medicina se dissociou do curandeirismo místico para se aproximar da ciência, a tecnologia ocupa um espaço crescente nos diagnósticos e nas curas.

É só pensar que, há cem anos, pessoas morriam de gripe pela inexistência de antibióticos, e raio-X era algo ainda experimental. Hoje, pulseiras eletrônicas são capazes de medir o nível de glicose no sangue do paciente pelo seu suor, de maneira automática. Essa informação é passada em tempo real para o computador do hospital, que monitora cada pessoa individualmente.

Outra iniciativa da SAP, essa desenvolvida com a indústria farmacêutica suíça Roche, usa esse tipo de informação para antecipar problemas ligados à diabete, antes mesmo que eles aconteçam. Além de preservar a vida de cada paciente, pode ajudar a identificar problemas de saúde pública pela análise combinada e anônima dos dados de todos os pacientes, propondo até mesmo alterações em políticas públicas.

Em julho, Paul Hutton foi salvo pelo seu Apple Watch. O relógio inteligente identificou alterações em seus batimentos cardíacos e o encaminhou ao médico. O americano de 48 anos passou por cirurgia para corrigir um bigeminia ventricular e foi salvo.

De volta à depressão, o Instagram também oferece, há alguns meses, um recurso que tenta identificar comportamentos entre seus usuários que podem indicar riscos. Quando isso acontece, o sistema mostra telas que tentam conscientizar o usuário que algo pode estar errado e dá sugestões onde pode buscar ajuda.

A empresa americana HarrisLogic, que presta atendimento a pessoas com depressão, também desenvolveu um sistema em plataforma SAP para isso. Seus profissionais oferecem um atendimento mais eficiente a partir indicações oferecidas pela análise de milhões de atendimentos por inteligência artificial e big data.

A importância da humanidade

A tecnologia é realmente uma ferramenta de valor inestimável, muito bem-vinda. Mas ela é isso: uma ferramenta.

Carl Jung, fundador da psicologia analítica, dizia: “conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas, ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

A tecnologia identifica, avisa, sugere com grande precisão. Mas temos que estar atentos e sermos empáticos com quem está a nossa volta. Às vezes, uma simples palavra amiga pode ser o suficiente para salvar alguém. Se você não se sentir habilitado a prestar a ajuda necessária, sempre encaminhe a pessoa a um psicólogo.

A única coisa que não podemos fazer é nos abster de ajudar.


E aí? Vamos participar do debate? Role até o fim da página e deixe seu comentário. Essa troca é fundamental para a sociedade.


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Você acha que está seguro contra ataques cibernéticos até ser vítima de um deles

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Imagem: Visual Hunt / Creative Commons

Nos últimos dois meses, o mundo foi vítima de dois ataques cibernéticos em massa, que pararam empresas, instituições e até governos. Nos dois casos, os hackers bloquearam os computadores e pediram resgates para devolver aos usuários o acesso aos seus dados. É o tipo de coisa que vemos no noticiário e achamos que só acontece com os outros. Mas a verdade é que você pode estar vulnerável a algo assim agora mesmo. Você sabe como se proteger disso?

Isso vale para megacorporações, pequenas empresas e até usuários domésticos. É um jogo de gato-e-rato interminável: empresas de segurança tentam fechar portas, enquanto hackers tentam encontrar novas brechas. E a extensão do problema é maior que o imaginado. John Chambers, presidente da Cisco, chegou a dizer em 2014 que existem dois tipos de empresas: as que já foram invadidas e as que ainda não sabem que foram invadidas.

Talvez um dos aspectos mais cruéis desses dois ataques dirigidos a tudo e a todos foi o impacto que tiveram em hospitais no mundo inteiro. Sem acesso a seus computadores, essas instituições foram obrigadas a suspender o atendimento a seus pacientes, até que pelo menos os sistemas essenciais fossem restabelecidos. O prejuízo à saúde pública é evidente, até mesmo colocando em risco a vida de pessoas.

No Brasil, não foi diferente. A principal vítima nessa categoria foi o Hospital de Câncer de Barretos, o mais importante centro de tratamento contra a doença no país. No dia 27, seus computadores foram atacados, o que provocou a suspensão de 3.000 consultas e exames.  Todas as unidades da instituição foram afetadas, inclusive oito filiais no interior paulista e no Mato Grosso do Sul, Bahia, Rondônia e Sergipe.

Além do atendimento gratuito à população, o hospital é um importante centro de pesquisas contra a doença, com parcerias com algumas das mais importantes instituições internacionais do segmento. Felizmente, apesar de o ataque ter prejudicado o atendimento, dados de pacientes e das pesquisas não foram perdidos. A instituição se recusou a pagar o resgate.

Mas por que esses dois ataques foram tão devastadores?

 

As duas principais vulnerabilidades

Invasões de hackers costumam atuar em dois pontos principais: brechas de segurança dos sistemas e os próprios usuários. E os últimos são os mais vulneráveis.

O motivo é simples. “Buracos” em sistemas (normalmente no sistema operacional, como o Windows) sempre existiram e continuarão existindo. E isso acontece porque os hackers muitas vezes se aproveitam de funcionalidades legítimas do software para suas práticas nefastas. Do outro lado, fabricantes dos programas, empresas de segurança digital e outras instituições estão continuamente tentando identificar essas brechas, corrigindo-as.

Portanto, o simples fato de manter o sistema operacional e o programa antivírus atualizados é crítico! É uma garantia total contra os ataques? Não! Mas resolve a maior parte desse problema, do ponto de vista técnico. Os dois ataques acima, por exemplo, só afetaram computadores rodando Windows que não estavam com as atualizações em dia. Parece simples: afinal, o Windows pode fazer isso automaticamente. Mas tem muita máquina por aí com esse recurso desabilitado.

Portanto, a primeira dica é sempre deixar que o sistema operacional e os programas de segurança façam todas as atualizações necessárias de maneira automática. Parece óbvio. Mas então por que tem tanta gente que não faz isso?

Aí justamente entra o segundo fator de risco.

 

Não saia clicando em qualquer coisa!

A verdade é que o elo mais fraco na segurança acaba sendo o usuário. Por desconhecimento técnico, desleixo e principalmente ingenuidade, é presa fácil da bandidagem cibernética.

Quer ver como é verdade? Vá na sua linha do tempo do Facebook e veja quantos de seus amigos participaram da brincadeira “com qual celebridade você se parece”, que faz uma combinação (para lá de questionável) da foto de perfil do usuário com uma foto de uma celebridade. Talvez você mesmo tenha feito isso.

Acontece que, para participar disso, o usuário tem que autorizar o Facebook a compartilhar com o desenvolvedor do aplicativo os seguintes dados pessoais: nome, foto do perfil, idade, sexo, idioma, país, lista de amigos, e-mail e fotos. Oras, para que a empresa precisa de tudo isso só para fazer uma brincadeira com a foto do perfil?

A resposta: não precisa! Mas ela depois usa essa informação para fazer promoção de produtos seus e de terceiros para o próprio usuário ou -o que é muito pior- em seu nome. Sem falar no risco de outras coisas muito mais graves, como distribuição de vírus e ataques digitais!

Você também já deve ter visto publicações de seus amigos vendendo produtos ou espalhando conteúdos esquisitíssimos pelo Facebook, sem que eles jamais tenham publicado tal coisa. Isso acontece porque eles compartilharam dados e concederam poderes de publicação a essas empresas mal-intencionadas. E cancelar os privilégios do aplicativo no Facebook não resolve totalmente o problema, pois as empresas continuam com os dados dos usuários.

A verdade é que raramente alguém lê a lista de dados e recursos que vai compartilhar com o desenvolvedor do aplicativo que está prestes a instalar no Facebook ou em seu smartphone. Clica logo nos botões “próximo” e “concordo”, sem medir as consequências.

“Ah, mas então não posso participar dessas brincadeiras no Facebook?” Desculpe ser o chato da história, mas não, não pode. Não posso afirmar que todos esses “brinquedinhos” no Facebook são de caras maus, mas, na dúvida, fique fora de todos eles! Ou pelo menos, se o desejo de participar for incontrolável, pelo menos leia a lista do que compartilhará com o desenvolvedor antes de aceitar.

E daí é por sua conta e risco.

 

Outros cuidados

Antes do Facebook, a maneira mais comum para espalhar pragas virtuais eram e-mails ou atualizações de programas que carregam os vírus para o sistema, os chamados “cavalos de Troia”. Na verdade, esse método continua existindo e os mega-ataques dos últimos meses também usaram esse recurso. De novo, a inocência do usuário foi essencial para o sucesso da bandidagem.

Portanto, outra dica é nunca clicar em mensagens suspeitas, como as cheias de erros de português ou com um visual tosco. No Brasil, alguns dos temas preferidos dos criminosos são simular comunicações de bancos ou cobranças de dívidas. Vale lembrar que bancos não costumam mandar links em suas comunicações, sejam e-mails ou SMS, justamente por problemas de segurança.

Outra dica óbvia, porém muito ignorada, se refere às senhas. Você já deve ter visto essas recomendações dezenas de vezes, mas nunca é demais repetir. As senhas devem ser difíceis de adivinhar, portanto nada de usar nomes de familiares, datas de nascimento, placas de carro ou coisas assim. Elas devem ser longas (pelo menos oito caracteres) e conter letras maiúsculas e minúsculas, números e símbolos. Use uma senha diferente para cada sistema que você usa: se não der para decorar tudo, guarde-as impressas em um lugar seguro. E, por fim, troque as senhas regularmente.

Tudo isso parece exagerado e muito chato? Acredite: não é! Quando se acostuma a realizar esses procedimentos, eles se tornam corriqueiros. E isso pode fazer toda a diferença na hora de proteger seus arquivos e até mesmo a sua conta bancária. Vai continuar dando mole?

 

Como você pode ajudar

No começo desse artigo, citei o ataque digital ao Hospital de Câncer de Barretos. Para quem não conhece, todo o atendimento da instituição é gratuito, e ainda assim é considerado o melhor centro do país no combate a essa doença terrível. Fazem 830 mil atendimentos por ano a pacientes de cerca de 2 000 municípios de todas as regiões do Brasil, além de pesquisas de ponta. Parte disso tudo é custeado pelo SUS, enquanto o resto vem de campanhas e doações.

Apesar de possuir uma equipe de TI dedicada e competente, acabaram sendo vítimas dos criminosos digitais. Nessa guerra, todo cuidado é pouco e toda ajuda é bem-vinda. Portanto, se você for profissional de TI ou responsável por uma empresa da área de segurança digital, e puder ajudar a instituição na preservação de seu importante trabalho, entre em contato com eles. O mesmo vale para colaborações na atualização de seus computadores (são milhares deles nas unidades espalhadas pelo país).

Quem quiser ajudar pode entrar em contato com os representantes da instituição pelos e-mails fescobar@portavoz.com.br e imprensa@hcancerbarretos.com.br . A causa é mais que nobre!


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A Olimpíada, a TV, as redes sociais e os riscos do pensamento único

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Serginho, eleito o melhor jogador de vôlei da Rio 2016, chora ao receber a medalha de ouro - imagem: reprodução

Serginho, eleito o melhor jogador de vôlei da Rio 2016, chora ao receber a medalha de ouro

A Rio 2016 chegou ao fim, deixando emoções inesquecíveis para todos. Não há como negar que os Jogos foram um grande sucesso! Por 17 dias, foi como se todos os problemas do nosso país tivessem sumido, sendo substituídos por um júbilo olímpico que ocupou a mente e o coração de todos. Mas isso só foi possível por um interessante e perigoso alinhamento entre TV e redes sociais.

Evidentemente os nossos problemas não desapareceram. Apesar de a bandidagem tradicionalmente pegar mais leve em grandes eventos (pois isso é bom para os negócios), quem precisou de um hospital público no período sofreu para conseguir qualquer atendimento, exatamente como acontecia antes dos Jogos. Isso só para ficar nos exemplos da violência e da saúde falida. Então como explicar esse pensamento único que, apesar de ter desempenhado um importante papel de resgate da autoestima do brasileiro, foi quase uma lavagem cerebral?


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A resposta é totalmente midiática. Ou seja, por baixo de tanta alegria, nossas mazelas persistiam. Mesmo assim, televisão e redes sociais praticamente só mostravam as Olimpíadas. E os sentimentos eram sempre positivos.

Estive no Rio nos dias imediatamente anteriores à abertura dos Jogos. Apesar de a cidade estar ainda mais bonita, e de já se ver o volume de turistas aumentando, era fácil notar que ainda faltava muita coisa a ser feita, e que a entrega só se daria nos acréscimos do árbitro. Os exemplos mais emblemáticos foram o metrô para o Parque Olímpico e a Vila dos Atletas, cujos inúmeros problemas ganharam as manchetes no mundo todo.

E a imprensa nacional e estrangeira batia. As delegações batiam. Nós todos batíamos nas redes sociais. Mas o que mais me preocupou naquela visita foi notar que muitos, talvez a maioria dos cariocas, não pareciam dar a menor bola para o que estava prestes a começar, quase como se a Olimpíada fosse acontecer em outro país. E eu sentia uma grande tristeza, pois via que aquelas pessoas estavam jogando fora a chance de algo que provavelmente nunca mais teriam de novo.

Foi quando Vanderlei Cordeiro de Lima acendeu a pira olímpica no dia 5. E o fogo pareceu esterilizar tudo o que havia de ruim.

E ninguém mais bateu.

 

Caixa de ressonância

No dia 5 de janeiro, publiquei aqui um artigo questionando o que restaria à mídia nesse ano que então começava. Em determinado momento disse que a principal cobertura da Rio 2016 ficaria na mão da grande imprensa, particularmente da Globo, pois é um evento que exige imensos investimentos. O que de fato aconteceu.

Mas a Vênus Platinada não foi a única responsável por essa mudança acachapante do pessimismo pelo encanto. As redes sociais tiveram papel determinante na amplificação disso tudo.

Como acontece em muitas ocasiões, a grande imprensa foi a origem do noticiário, enquanto as redes sociais funcionaram como perfeitas caixas de ressonância. Entretanto, como não se via há anos no Brasil, dessa vez todos foram juntos para um único lado. Não havia embates entre coxinhas e petralhas, nada de Corinthians versus Palmeiras, nem sinal de motoristas contra ciclistas.

Agora eram todos olímpicos, indo na mesma direção e no mesmo sentido. A TV cumpria seu papel de fornecer material. E as redes sociais transformavam aquelas imagens em um fator de união nacional.

Foi lindo! Esse povo sofrido precisava disso… Mas que medo!

 

Diferentes unanimidades

O grande Nelson Rodrigues, pernambucano de nascimento, mas fervoroso torcedor do Fluminense, disse a célebre frase “toda unanimidade é burra”.  E arrematou: “Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”.

Isso é uma dolorosa verdade quando vamos todos para o mesmo lado só porque a manada está indo para lá. Quando vamos a um restaurante porque os críticos o elogiam. Quando metemos o pau na Seleção Brasileira porque está jogando muito mal, e passamos a enaltecê-la quando continua ruim, mas melhora só um toquinho, o suficiente para o Galvão Bueno voltar a soltar seus infames bordões ufanistas. Afinal, o show tem que continuar!

É verdade que o futebol masculino brasileiro acabou ganhando o inédito ouro. Mas, para isso, tivemos que ouvir Neymar dizer a todos que “vocês vão ter que me engolir”, e depois partir para a agressão física contra torcedores ainda com a medalha no peito, dentro do Maracanã.

Esse é um preço muito alto por esse ouro. Não quero ter que engolir o galinho de briga, só porque a maioria diz que ele é um craque. Não estou impondo, com isso, o que eu acho sobre Neymar. Posso estar errado, afinal, e tenho que aceitar isso. Assim é a democracia, liberdade de pensamento, livre arbítrio.

Quero ter o direito de questionar, mas preciso aceitar quem pensa diferente de mim. Esse é o alicerce para tentar chegar a outra unanimidade, a inteligente. Que também pode falhar, mas que sempre constrói algo de bom ao contrapor pensamentos diversos e livres.

Por isso, sou muito mais Serginho, eleito o melhor jogador do torneio de vôlei da Rio 2016, com uma carreira muito mais campeã que a de Neymar, mas que, assim mesmo, se desfez em um choro muito humilde ao ganhar sua medalha de ouro. Um bom exemplo, afinal, para futuros atletas e para toda a sociedade.

Isso aconteceu no último dia da Olimpíada. Coincidentemente, nesse dia as redes sociais voltaram a apresentar divergência de pensamentos, patrocinados por esses comportamentos tão distintos desses dois atletas. Prefiro assim: redes sociais promovendo pensamentos diferentes, mesmo sob risco de polarizações (mas sem insanidades).

Já estou com saudades da Rio 2016! Não porque me cegou, mas porque me permitiu continuar vendo o mundo de diferentes maneiras, além do óbvio. Essa discussão foi mais um de seus legados. Agora é arregaçar as mangas para tentar resolver os problemas que estão aí. Aliás, de onde nunca saíram.


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