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Videodebate: quem fala o que quer ouve o que não quer!

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Está ficando cansado das bobagens e das brigas nas redes sociais?

Calma, tudo tem solução!

A sequência de falas infundadas e inconsequentes parece não ter fim no meio digital. Pior que isso é o bate-boca insano que, muitas vezes, vem na sequência.

Na semana passada, tivemos três exemplos emblemáticos: a Bettina, que teria feito seu primeiro milhão em três anos a partir de R$ 1.500, os pedidos de fechamento do Supremo Tribunal Federal e a “culpa dos videogames” pelo massacre na escola em Suzano.

Tudo isso na semana em que a Web completou 30 anos! Um dos maiores inventos da humanidade, criada para facilitar o compartilhamento de informações, tem aberto as portas para o lado sombrio das pessoas.

Muito chato isso, né? A parte boa da história é que a solução está em nossas mãos! Como? Veja no meu vídeo abaixo.



O artigo sobre o massacre na escola Professor Raul Brasil, mencionado no vídeo, pode ser encontrado em https://www.linkedin.com/pulse/o-videogame-causou-massacre-de-suzano-sqn-silvestre-jr-/

Como o Facebook ficou “maior” que a Internet e como isso afeta você

By | Educação, Jornalismo, Tecnologia | 4 Comments

Foto: Philippe Put/Visualhunt.com/Creative Commons

Não é novidade dizer que o Facebook é a maior rede social do mundo, com mais de 1,5 bilhão de usuários. Para muita gente, ele é maior que a própria Internet! Mas esse erro de análise não é inócuo: ele está causando impactos decisivos na vida de todos nós, e pouca gente parece perceber isso.


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Hoje pouco mais de 20% da população mundial acessa a rede de Mark Zuckerberg pelo menos uma vez por mês. Mas estudos feitos em países em desenvolvimento pela LIRNEasia e pela Geopoll indicam algo bizarro: pessoas estão afirmando que usam o Facebook mas NÃO usam a Internet, ignorando o fato de que o primeiro roda sobre a segunda, seja na Web, seja em um app no smartphone.

Até seria legítimo pensar que usuários do aplicativo do Facebook, por não precisarem de um navegador Web, vejam aquilo como algo apartado da Internet. Mas o fato é que, mesmo em países desenvolvidos, para muitos usuários, o Facebook parece ser tudo o que eles precisam de conteúdo online.

Bom, e daí? Como isso pode afetar você ou eu?

Acontece que isso é apenas um reflexo de como o Facebook se tornou um elemento central em nossas vidas. Ele é a página inicial do navegador de muita gente e é acessado nos smartphones onde estiverem, a qualquer momento. Aliás, é a coisa mais acessada no geral.

Entram em cena os algoritmos de relevância no feed de notícias.

Nem todo mundo sabe que o Facebook não mostra na página de abertura de cada usuário tudo que seus amigos e páginas que segue publicaram no dia: isso nem seria possível, dado o enorme volume de conteúdo. O sistema então seleciona aquilo que ele considera relevante para mostrar a cada um de nós.

E aí é que mora o perigo.

 

Dono da “verdade”

A escolha do que é exibido a cada usuário é um dos segredos mais bem guardados do Facebook. Claro que coisas como ser amigo de alguém e se relacionar bem com essa pessoa (coisas como clicar, curtir, comentar e compartilhar o que ela publica) têm enorme peso nessa decisão. Mas não é tudo: há um “molho secreto” temperando as zilhões de combinações possíveis.

O problema é que isso pode ser manipulado. E a própria empresa já admitiu ter feito isso pelo menos uma vez.

Em 2012, o pesquisador do Facebook Adam Kramer e sua equipe realizaram um estudo, demonstrando que é possível “transferir estados emocionais” a pessoas simplesmente manipulando o que elas veem online. Por análise semântica, os feeds de 689.003 usuários (1 a cada 2.500 na época) foram manipulados pelo sistema por uma semana. Metade deles ficou sem receber posts negativos; a outra metade não viu nada positivo.

O resultado foi assustador: análises automatizadas comprovaram que pessoas expostas a posts neutros ou positivos tendiam a fazer posts mais positivos, enquanto as expostas a posts neutros ou negativos tendiam a fazer posts mais negativos!

Ou seja, Kramer atuou decisivamente no humor de quase 700 mil pessoas deliberadamente manipulando seus feeds de notícias. O paper foi publicado na prestigiosa “Proceedings of the National Academy of Sciences of USA”. A despeito do resultado impressionante, ele admitiu que fez a pesquisa sem pedir autorização prévia das “cobaias”, o que é antiético. Na época, isso provocou uma enorme gritaria. O Facebook foi obrigado a vir a público pedir desculpas: “não queríamos magoar ninguém”, disse a porta-voz.

Mas eles quiseram, sim! Bom, pelo menos com metade da amostra.

 

O mundo inteiro cabe aqui

Apesar daquele deslize ético pontual, quero crer que os algoritmos do Facebook trabalham para realmente identificar conteúdos que sejam relevantes para cada um dos seus usuários. Isso porque o sucesso da empresa depende de as pessoas usarem mais e mais os seus produtos, e isso só acontecerá se eles se demonstrarem úteis a elas.

Assim, o Facebook precisa, de alguma forma, demonstrar comprometimento com os interesses das pessoas. O que não quer dizer que tenha que fazer o mesmo com as marcas que utilizam a plataforma para promover seus produtos e serviços.

O sucesso dessa empreitada pode ser medida por outro comportamento dos usuários: cada vez mais, eles consomem todo tipo de conteúdo dentro do próprio Facebook. A plataforma se transformou em uma gigantesca banca que promove de tudo. Ou seja, as pessoas começam a ver um mundo filtrado pelo algoritmo do feed de notícias.

É verdade que, desde sempre, nós vemos notícias filtradas. Antes dos algoritmos, esse trabalho era feito pelos jornalistas dos grandes veículos de comunicação. A vantagem é que, por essa curadoria ser feito por pessoas, ela evita destacar alguma grande barbaridade. A desvantagem é que todos recebem o mesmo “recorte” do mundo, independentemente de seus interesses pessoais. Os consumidores é que têm que se adequar à linha editorial dos veículos que escolherem.

Com todo o conteúdo sendo consumido “dentro” do Facebook –e isso é reforçado pelos “artigos instantâneos” e pelo comportamento de carregar páginas de qualquer fonte encapsulado no seu próprio aplicativo nos smartphones– quanto faltará para as pessoas deixarem de dizer, por exemplo, “vi na Folha” para começar a dizer “vi no Facebook”, mesmo para conteúdo da própria Folha?

Não cabe aqui apontar o dedo para o Facebook: ele está colhendo os resultados de seu trabalho bem feito. Não há dúvida que isso é ruim para os produtores de conteúdo, que veem suas marcas perdendo força. Mas eles estão exatamente na posição em que se puseram, por não conseguir se adaptar à nova realidade de seus públicos. Não lhes resta muito a fazer agora além de dançar as músicas do Facebook, do Google e da Apple, com suas plataformas de publicação hiperpopulares.

Fica a dúvida se isso é bom ou ruim para cada um de nós, usuários. Se os algoritmos forem “bonzinhos”, sorte nossa! Entretanto, ser capaz de se informar por fontes distintas e aprender a interpretar criticamente o que se consome deveria ser uma das competências mais importantes a ser ensinadas nas escolas, para a formação de um cidadão consciente. Pois é assustador imaginar uma empresa ditando o que 1,5 bilhão de pessoas devem ver, e todas elas consumindo isso cegamente.


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Feliz Aniversário, Web!

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O NeXTcube de Berners-Lee hoje está no museu do CERN - Foto: reprodução

Tim Berners-Lee usou esse NeXTcube como primeiro servidor de sua Web

A Word Wide Web acaba de completar 20 anos de idade! No dia 6 de agosto de 1991, o físico britânico Tim Berners-Lee publicava o que é considerada a primeira página da sua inestimável contribuição à humanidade: um texto sobre o próprio projeto, concebido com o objetivo de facilitar o compartilhamento de informações entre pesquisadores.

Sir Berners-Lee (ele foi sagrado cavaleiro britânico em 2004) modestamente não tinha a menor ideia do que seu invento se tornaria. Tanto é assim que, apesar de ser enormemente reconhecido por ele, nunca ficou milionário com a Web. Uma ironia e tanto para algo que individualmente criou a maior quantidade de milionários da história.

Tim Berners-Lee, o criador da Web - Foto: Uldis Bojārs

Tim Berners-Lee ganhou todo tipo de reconhecimento -foi até sagrado cavaleiro britânico- mas não ficou milionário com a Web, ao contrário de muitas outras pessoas que conseguiram isso graças a seu invento

Mas, afinal, quem se preocuparia com o dinheiro depois de ter mudado de maneira radical todo o planeta, não é mesmo? Na modesta opinião deste Macaco, poucos inventos se aproximam da envergadura da Web. Superando infinitamente o que previa Berners-Lee, a Web levou o conceito de compartilhamento de informação –qualquer informação– a níveis inimagináveis. Com a Web, as pessoas alteraram dramaticamente a maneira como se relacionam com ela e como se relacionam entre si. Por isso, a Web representa muito mais que o rádio, a televisão ou o telefone. Curiosamente, supera largamente a própria Internet, sobre a qual reside, mas que, antes da Web, não era muito mais que uma rede de computadores.

Nenhum quadrinho de Flash Gordon ou desenho dos Jetsons sugeriu a existência de algo como a Web. Muito de sua ficção científica está hoje em nossos bolsos, mas seus autores nunca pensaram em algo como ela. Talvez porque, apesar da fagulha criativa de Berners-Lee, todos nós somos responsáveis pela Web ter se tornado o que é em apenas vinte anos: a maior criação colaborativa da humanidade.