Vivemos em tempos exponenciais

Vivemos em tempos exponenciais. A capacidade de se adaptar à forma e principalmente à velocidade com que a tecnologia modifica a vida de todos nós é a nova seleção natural darwiniana.

O post em que fiz uma análise da carta aberta de Arnaldo Saraiva, em que o livreiro sugeriu que as editoras de livros didáticos serão brevemente substituídas (com vantagem) pelos próprios autores, que se valerão da tecnologia para publicar seus livros, despertou algumas reações nervosas de profissionais dessa indústria. Repito aqui o que disse a todos que vieram até mim para discutir a proposta: nem Saraiva nem eu sugerimos que os diferentes profissionais envolvidos deixaram de ter sua importância. Quem tem um problema são as editoras como instituições, pela sua dificuldade de se adaptar à velocidade das mudanças. Por outro lado, os profissionais que resistirem ao tsunami que já chegou à praia de cada um, também serão engolidos por essa onda.

O fato é: todas as profissões e negócios estão sendo dramaticamente impactados pela tecnologia. E isso sempre foi assim. Ou alguém acha que os monges copistas da Idade Média acharam a prensa de tipos móveis de Gutemberg bacana, enquanto assistiam o invento criar a imprensa e torná-los obsoletos? Lentamente eles desapareceram. E alguém hoje chora por eles ou critica Gutemberg e sua prensa? Claro que não! A tecnologia do alemão revolucionou a humanidade, ainda que tenha destruído um modelo sedimentado havia séculos.

A diferença é que a velocidade agora parece atropelar a todos. Nesta segunda, reportagem publicada no UOL jogou um pouco de luz nas mudanças que a Internet vem provocando na Psicologia. Entre os entrevistados, estava uma psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática, da PUC de São Paulo. O grupo realiza pesquisas pioneiras sobre o tema há mais de uma década, não apenas em como pode ser um atendimento psicológico online, mas também como psicólogos precisam se adaptar a pacientes que chegam a seus consultórios com queixas totalmente ligadas à tecnologia, impensáveis até poucos anos atrás e jamais discutidas em sua formação acadêmica. Mas esses temas hoje são não apenas reais, como corriqueiros, denotando uma mudança dramática nessa profissão. Tolice querer resistir a isso.

O vídeo abaixo, de onde saiu o título deste post, não chega a ser novo: já tem quatro anos. Ele traz algumas estatísticas que reforçam o que está dito acima, e pelo menos um item que ficou desatualizado desde então apenas comprova a sua tese: ao ser produzido, o MySpace era a rede social dominante no mercado, enquanto o Facebook era apenas um recém-chegado.

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Para quem não sabe, a derrocada do MySpace se deve basicamente a sua incapacidade de se adaptar às mudanças (o que chega a ser surpreendente para uma grande rede social) e a um novo ritmo imposto por quem chegou depois.

Como o vídeo também sugere, o conhecimento técnico aprendido por um estudante no início da universidade estará ultrapassado antes mesmo de ele concluir seu curso. Como resolver esse dilema? A velocidade de nossa inovação tecnológica levará a humanidade a um beco sem saída?

Obviamente não. Mas ela certamente não deixa mais espaço para quem resiste a mudanças. As escolas, de todos os níveis, devem se preocupar menos em despejar sobre seus alunos formulas prontas e conteúdos fechados. Ao invés disso, precisam desesperadamente ensinar seus alunos a resolver problemas usando todas as tecnologias que tiverem a seu alcance, sem medo de errar.

Afinal, o erro é componente do acerto. A única forma garantida de não errar, em absolutamente qualquer tema, é não tentar. Mas, sem tentativa, não há sucesso.

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