Esse post é uma atualização do post “Jornalistas salvando jornais“, de três dias atrás. Nele eu mencionei a iniciativa de 35 ex-jornalistas do recém-finado Rocky Mountain News que decidiram lançar um site para tentar ocupar, na Internet, o espaço que o Rocky deixou no jornalismo local de Denver. Nada de papel: apenas online. Para que desse certo, eles calcularam que precisariam de 50.000 assinantes que pagassem US$ 4,99 por mês. O conteúdo do InDenverTimes.com é irrestritamente aberto: os pagantes teriam o privilégio de “fazer parte” do produto, participando de ferramentas de criação de comunidades e, o que mais me chamou a atenção, tendo acesso direto aos jornalistas.
Apesar de criativo, questionei no post anterior que talvez isso não fosse o suficiente em um momento em que as pessoas justamente consomem mais conteúdo que nunca, mas que paradoxalmente não querem mais pagar por ele. E foi o que aconteceu: o deadline que o próprio site se deu para arrebanhar os assinantes foi ontem, quando o Rocky completaria 150 anos. E não deu: não atingiram essa meta.
“Nós acreditamos que existe dinheiro no jornalismo local, feito por jornalistas locais, e que há um oportunidade única em Denver com o fim do Rocky Mountain News”, disse David Milstead, jornalista de economia e um dos criadores do inDenverTimes.com. A equipe buscará agora viabilizar a publicação com modelos de negócios alternativos.
E devem mesmo. O jornalismo local é o jornalismo em sua forma mais essencial (em diferentes acepções da palavra). Em um cidade de quase 600 mil habitantes, como Denver, um único jornal local -no caso, o The Denver Post- é muito pouco. E modelos alternativos também existem. Para um veículo que já se mostrou disposto a inovar na parte editorial, há espaço para inovarem também no seu modelo de negócios.