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Gilson Magalhães, novo diretor-geral da Red Hat Latin America, se apresenta no Summit Connect, em São Paulo, no dia 8 - Foto: Red Hat

Muitos querem “ganhar na loteria” com a IA, mas poucos fazem o necessário para isso

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A inteligência artificial generativa está prestes a completar dois anos de mercado. Desde o lançamento do ChatGPT, em 30 de novembro de 2022, ela vem redefinindo o mundo com uma velocidade nunca vista, não só pelos 100 milhões de usuários nos seus primeiros dois meses, mas pela avalanche de aplicações que prometem facilitar as mais diversas tarefas. Porém, apesar dessa euforia, não há milagre nisso, e poucas pessoas entendem como tirar o proveito máximo dela.

“Eu tenho convicção de que a tecnologia atual, que ainda é incipiente, é o embrião de uma nova civilização”, proclamou Gilson Magalhães, novo diretor-geral na América Latina da Red Hat, a maior empresa de software open source do mundo. “É preciso ter muita atenção a essa tecnologia, porque ela é de altíssimo impacto, e vai crescer progressivamente, trazendo novos insumos”, acrescentou, durante o Red Hat Summit Connect, principal evento da empresa no país, que aconteceu no dia 8, em São Paulo.

Mas ainda há muito mais entusiasmo que conhecimento em torno da IA. Tanto que um estudo recente da consultoria Gartner indicou que metade das iniciativas com essa tecnologia se limita a ferramentas de produtividade para as equipes, enquanto 30% agem nos processos. Implantações para verdadeiramente transformar o negócio, o que indicaria seu uso mais robusto, acontecem em apenas 20% dos casos.

Magalhães deixa bastante claro: as pessoas querem “mágica” da IA, mas não funciona assim. Como qualquer outra tecnologia, os resultados vêm com informação e trabalho.

É um cenário semelhante aos primórdios de outras tecnologias que transformaram dramaticamente o mundo: a Internet comercial e os smartphones. Nem em seus sonhos mais loucos, os responsáveis por esses lançamentos poderiam imaginar o que surgiria daquilo! Não obstante, cá estamos, com vidas profundamente digitalizadas.

Cabe a essa geração aprender a usar a inteligência artificial de maneira construtiva, segura e ética, criando utilizações que talvez hoje se pareceriam mesmo com mágica.


Veja esse artigo em vídeo:


“Nós precisamos organizar nossa vida, mas temos tantas tarefas diárias, cuidar da agenda, da saúde, dos filhos, da família, e as pessoas estão vivendo mais”, propõe Sandra Vaz, diretora-sênior de Alianças e Canais da Red Hat Latin America. “A inteligência artificial será a nossa grande parceira para que possamos ter mais produtividade e tomar decisões melhores frente à nossa concorrência”, acrescenta.

Há um caminho a ser percorrido. As empresas precisam substituir a euforia por conhecimento, capacitar suas equipes e envolver as pessoas na adoção da IA.

“Todo esse tema de IA Generativa ainda tem uma compreensão baixa no mercado”, explica Thiago Araki, diretor-sênior de Tecnologia da Red Hat Latin America. Ele explica que as empresas começam a entender que não haverá uma IA que resolverá todos os problemas, que serão necessários trabalhar com diferentes modelos. “Então ainda não temos projetos muito avançados, porque é tudo muito novo”, conclui.

Mesmo com tudo isso, cresce no mercado um consenso de que profissionais e empresas que adotem conscientemente a inteligência artificial construirão uma vantagem enorme sobre seus concorrentes. Mas isso dependerá não apenas de bons algoritmos, mas também de bons dados, um tema tratado de maneira displicente em uma parcela assustadoramente grande de empresas.

O problema começa por diferentes departamentos coletarem suas próprias informações, sem compartilhá-las com o resto da empresa. Não raro, esses dados são redundantes –e pior, conflitantes– com os de outros departamentos. O problema se agrava por metodologia frágeis para sua captura e atualização.

Mesmo com o mais incrível algoritmo, a IA trará respostas ruins se for alimentada com informações de baixa qualidade.

 

A era dos agentes

Apesar de já existirem literalmente milhares de aplicações impulsionadas pela inteligência artificial generativa, automatizando tarefas bem específicas, a maioria das pessoas continua usando ferramentas não-especializadas, como o próprio ChatGPT ou o Gemini, do Google. Mas isso tende a mudar, com a ascensão dos agentes.

Eles são sistemas baseados em IA autônomos ou semiautônomos, criados para realizar tarefas específicas, a partir de interações com o usuário ou o ambiente. Eles podem aprender e se refinar com o uso, e funcionam a partir de dados selecionados.

Magalhães acredita que a inteligência artificial não evoluirá para um supercérebro eletrônico, capaz de realizar qualquer coisa, como se vê na ficção científica. Ao invés disso, ele aposta no surgimento de incontáveis agentes aprimorando nossa capacidade de realizar virtualmente qualquer tarefa.

Naturalmente, existirão agentes oferecidos prontos por empresas, melhorando a eficiência de seus produtos. Mas já se pode criar os próprios agentes usando plataformas como o ChatGPT.

Talvez isso ainda pareça ficção científica ou no mínimo algo nada trivial para a maioria das pessoas. Mas o recurso já está disponível e deve ser, pelo menos, aprendido. Afinal, houve uma época em que o Google também era uma novidade, e hoje ele está totalmente integrado à vida de todos nós!

Apesar de ser uma discussão tecnológica, as empresas falham também quando esquecem de incluir as pessoas. Outro estudo do Gartner indica que apenas 14% dos líderes de RH estão envolvidos em conversas sobre IA. É um grande erro, pois, com isso, as pessoas não se sentem parte da jornada da IA na organização.

Tudo isso pode parecer uma exigência um tanto opressora para muita gente, que gostaria de continuar levando uma vida sem IA. São escolhas! É preciso entender que, a médio prazo, isso pode realmente custar a competitividade profissional e até a se demorar mais tempo para fazer as mesmas coisas que seus amigos.

“É um desafio para todos, não tenho como dizer que é um caminho fácil”, afirma Magalhães. “A minha recomendação é: ‘não se afaste da IA’”, conclui.

Como costumo sempre dizer, diante da IA, não podemos ser nem deslumbrados, achando que ela fará tudo sozinha por nós, nem resistentes, rejeitando-a a qualquer custo. Com seu avanço galopante, ela realmente não é mágica, mas pode ajudar de maneira surpreendente a qualquer um que resolva dar os passos necessários para um uso consciente de todo esse poder.


Veja a íntegra em vídeo da entrevista com Gilson Magalhães, novo diretor-geral da Red Hat Latin America:

 

A inovação depende da união da sociedade, das empresas e do governo

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A inovação se tornou chave para o desenvolvimento de qualquer país. Em um cenário internacional de alta competitividade, destaca-se aquela que valoriza sua cultura e recursos com tecnologia e educação.

O melhor exemplo é a China. Até algumas décadas atrás, o país tinha vocação agrária e um sistema político-econômico fechado para o mundo. O governo passou então a incentivar uma forte industrialização. Em um primeiro momento, criou-se uma poderosa indústria de reprodução, com foco em volume e preço. Apesar de ter criado a imagem de produtos baratos e de baixa qualidade, foi fundamental para uma sólida base de produção. Hoje puxam a fila da inovação.

O país ocupa a 14ª posição no Índice Global de Inovação, organizado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual, Instituto Europeu de Administração de Empresas e pela Universidade Cornell. Nesse ano, passou o Japão! O Brasil, por outro lado, caiu duas posições, da já modesta 64ª para 66ª, de um total de 129 países.

Sobre os caminhos para a inovação, conversei com Thiago Zambotti, diretor-geral da Honeywell no Brasil, no Innovation Brazil Leaders Forum, que aconteceu em São José dos Campos.

Confira a conversa abaixo. E depois compartilhe nos comentários o seu caminho para a inovação.


Videodebate: você colabora ou compete?

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Você seria capaz de criar algo junto com o seu concorrente?

Para muitos, há uma inevitável contradição nessa pergunta. Mas os negócios mudaram. Cada vez mais empresas aprendem que é possível colaborar com seu competidor em aspectos pontuais para benefício mútuo.

A colaboração é um dos pilares do “open business”, movimento que também prega ampla participação de funcionários e até de clientes em decisões da empresa, preocupação com a comunidade, crescimento de todos os envolvidos, entre outras coisas. Algumas empresas que adotam essas práticas hoje lideram seus mercados, pois conseguem inovar mais rapidamente.

Na semana passada, a IBM concluiu a compra multibilionária da Red Hat, maior empresa de software open source do mundo. Valor da fatura: US$ 34 bilhões! No vídeo abaixo, trago minhas conversas com Jim Whitehurst, CEO global, e com Paulo Bonucci, VP para a América Latina da empresa, sobre a aquisição e sobre cultura empresarial.

Mas será que dá para implantar isso na sua empresa? Descubra no meu vídeo. E depois conte para nós aqui as suas percepções.



Quer ouvir as minhas pílulas de cultura digital no formato de podcast? Basta procurar por “O Macaco Elétrico” no Spotify, no Deezer ou no Soundcloud. Se preferir, pode usar seu aplicativo preferido: é só incluir o endereço http://feeds.soundcloud.com/users/soundcloud:users:640617936/sounds.rss

Pare de se SABOTAR e comece a INOVAR!

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O incrível e maluco Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd, à esquerda) tenta usar uma invenção em Marty McFly (Michael J. Fox), no filme “De Volta para o Futuro” – Imagem: divulgação

O incrível e maluco Dr. Emmett Brown (Christopher Lloyd, à esquerda) tenta usar uma invenção em Marty McFly (Michael J. Fox), no filme “De Volta para o Futuro”

Inovar se tornou um mantra para sucesso de empresas e na carreira. Algumas das companhias mais admiradas do mundo –como Google, Apple, Facebook, Microsoft– são reconhecidas pela constante inovação, e seus funcionários parecem ter essa capacidade em seu DNA. Mas se inovar goza desse consenso, por que vemos tão poucas empresas e profissionais inovando?

A resposta é simples, porém dura: nós inovamos pouco porque nós nos sabotamos o tempo todo! Não porque ficamos malucos ou masoquistas, mas porque o nosso sistema de ensino forma, ano após ano, jovens com uma visão de mundo que talvez ainda funcionasse bem há uns 50 anos, mas que hoje freia a evolução de cada um de nós.


Vídeo relacionado:


Aprendemos a valorizar conquistas do passado, tradição e solidez de marcas e empresas e a tentar proteger ganhos existentes. Damos enorme atenção à “cash cow”, mesmo quando ela estiver cercada de vários bezerrinhos promissores. Afinal é ela quem dá o leite, até para os tais filhotes.

Nada mais equivocado! Era assim que a Kodak pensava: afinal tinha uma vaca muito gorda e bem estabelecida nos filmes fotográficos. Nunca deu muita bola para aquele bezerro da fotografia digital, que nasceu meio desengonçado no seu próprio curral.

Mas o bezerro renegado cresceu e engoliu a Kodak com leite!

 

Competitividade X inovação

Nossa educação também nos ensina a sermos muito competitivos, de preferência os melhores da sala, da escola. Quando deixamos os bancos escolares, continuamos querendo ser os melhores, inclusive os melhores da empresa. Muitos de nós podemos achar isso bacana, mas essa prática embute algo terrível para o processo de inovação: se estivermos muito ocupados sendo competitivos, esqueceremos de sermos colaborativos.

Grandes ideias cada vez mais são resultado do trabalho de muitas mentes e muitas mãos. Por mais que exista um gênio criativo, sempre existe alguém para complementar suas habilidades. Mesmo nas megacompanhias acima, as grandes ideias vieram de duplas (apoiadas por seus times): respectivamente Larry Page e Sergey Brin, Steve Jobs e Steve Wozniack, Mark Zuckerberg e (heh!) Eduardo Saverin, Bill Gates e Steve Ballmer.

Há ainda uma terceira e perversa característica que nossas escolas plantam em nossos corações para que nos sabotemos mais tarde: a Intolerância a falhas. Em sistemas de avaliação compostos de provas e trabalhos que punem severamente os erros com a perda de nota, os estudantes aprendem a não ousar, pois isso aumenta implicitamente a chance de cometer algum deslize. Ao invés disso, procuram fazer apenas o essencial e “seguro” para garantir a aprovação. Não precisa ser gênio para perceber que isso envenena as sementes da inovação no momento em que elas cogitavam germinar.

O guru da administração Tom Peters costuma dizer que “o fracasso é uma medalha de honra”, pois ele demonstra que se tentou. E conclui: a única maneira de não fracassar em algo é não tentar. Mas essa também é a garantia de que não se atingirá o sucesso em nada.

Então como podemos inovar diante de um cenário desses?

 

Olhe para frente!

Conduzir um negócio ou a própria carreira dessa forma é como dirigir um carro olhando para o retrovisor. Confiamos no que já passou e esquecemos de olhar para onde realmente importa: a estrada à nossa frente.

Os pontos negativos citados acima precisam ser substituídos por coragem, curiosidade e a vontade de aprender! Ou seja, temos que cortejar a vontade de correr riscos, pois “o fracasso é ingrediente do sucesso”, novamente citando Peters.

Todos nós já passamos por isso, especialmente na nossa infância e adolescência. Quem não se lembra daquele frio na barriga, misto de medo e excitação, antes de entrar em uma montanha russa pela primeira vez? Ou antes do primeiro beijo? É verdade que muitos acabaram desistindo na primeira vez, talvez até nas seguintes também. Mas em algum momento aquele beijo teve que acontecer! E isso só se deu quando a coragem superou o receio, a curiosidade foi maior que a dúvida e a vontade de aprender nos levou a explorar ainda mais o mundo.

Não podemos aceitar que isso ficou enterrado em algum momento na nossa adolescência. Mas a maioria dos adultos age exatamente dessa forma! Nós nos acomodamos naquilo que conhecemos e dominamos: nos encastelamos ali como senhores da verdade.

Mas longe de ser uma fortaleza, isso é uma vulnerabilidade, pois impede que enxerguemos o novo à nossa volta. E não se engane: a mudança sempre chegará!

Isso me lembra uma experiência profissional que tive. Eu era responsável pela criação dos produtos digitais do grupo. Modéstia à parte, minha equipe e eu propúnhamos algumas coisas realmente interessantes e inovadoras. Mas quando as apresentávamos ao conselho de acionistas, invariavelmente acontecia um diálogo mais ou menos assim:

“Isso não vai ameaçar os nossos principais produtos?”

“Sim” –eu respondia.  “Mas, se nós não fizermos isso, alguém fará.”

“Ah, mas se é assim, não podemos fazer isso, não.”

A ideia era arquivada. E, como eu suspeitava, mais cedo ou mais tarde, alguém tinha a mesma ideia e fazia.

Dos tais “principais produtos”, dois já morreram e o que restou respira por aparelhos.

 

Seja honesto e aprenda a ouvir

Outro resquício da nossa educação que permeia empresas e profissionais é que devemos estar sempre “bonitos na foto”, coisa que, aliás, está bem na moda. Como dizia o meu pai, “come frango e arrota peru”.

Mas nem sempre acertamos. Nossa natureza humana é a garantia de que, de vez em quando, é o “frango” mesmo que aparecerá –ou algo ainda pior.

Profissionais e empresas precisam aprender que isso não é nenhum demérito. E que eventuais críticas podem ser uma oportunidade de ouro de vermos nossas imperfeições por um outro ângulo, para que aprendamos a melhorar.

A tecnologia está deixando o mundo cada vez mais transparente. Por isso, empresas que tentam encobrir suas falhas e até mesmo apagar comentários negativos podem, na melhor das hipóteses, passar por ridículas e, na pior, sofrer duríssimos golpes nos seus negócios.

Não basta ser honesto e transparente apenas para fora, com consumidores, governo e opinião pública. A inovação acontece de maneira mais rápida e natural em companhias que agem dessa forma sincera também para dentro, com seus funcionários, sem demagogia ou cortinas de fumaça. É preciso mudar não apenas as palavras, mas também as ações, inclusive na cultura da companhia.

Relembrando novamente a empresa que mencionei acima, de que adiantava o CEO nos dizer que deveríamos “pular no abismo” (no sentido de inovar), se o Conselho nos agarrava pelos pés?

Inovação é um processo incrível e libertador! Não se inova coletando mais informação, aplicando novos e eficientes processos, implantando tecnologia de ponta. Esses todos são elementos, ferramentas que podem ajudar.

Mas a inovação só acontece mesmo quando aceitamos que somos vulneráveis e que sempre podemos aprender algo novo. Aventure-se!


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