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A cantora Taylor Swift, vítima de “deep nudes” que inundaram as redes sociais na semana passada – Foto: Paolo V/Creative Commons

Imagens geradas por IA podem agravar problemas de saúde mental

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Na semana passada, as redes sociais foram inundadas com fotos de Taylor Swift nua. Não se tratava de algum vazamento de fotos íntimas da cantora, mas de imagens falsas criadas por inteligência artificial, uma técnica conhecida por “deep nude”. Apesar da compreensível revolta dos fãs pelo uso criminoso da sua imagem, o episódio não deve ter causado grandes transtornos para ela, que tem uma equipe multidisciplinar para ajudá-la a lidar com os problemas típicos da sua superexposição.

Infelizmente quase ninguém tem essa rede de proteção. Por isso, a explosão de imagens sintetizadas digitalmente vem provocando muitos danos à saúde mental de crianças, jovens e adultos, que não sabem como lidar com fotos e vídeos falsos de si mesmos ou de ideais inatingíveis de beleza ou sucesso.

Isso não é novo: surgiu na televisão, antes das mídias digitais. Mas elas potencializaram esse problema, que agora se agrava fortemente com recursos de inteligência artificial generativa usados inadequadamente.

Junte ao pacote a dificuldade que muitos têm de lidar com os efeitos nocivos da exposição que as redes sociais podem lhes conferir, ainda que de maneira fugaz. Não é algo pequeno, não é “frescura” ou uma bobagem. Família, amigos e as autoridades precisam aprender a lidar com esses quadros, oferecendo o apoio necessário para que o pior não aconteça.


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O youtuber PC Siqueira não teve esse apoio. Neste sábado (27), fez um mês que ele se suicidou em seu apartamento, na zona sul de São Paulo. Um dos primeiros influenciadores do país, quando o termo ainda nem era usado com essa acepção, ele surgiu no YouTube em 2010 e chegou a apresentar um programa na MTV Brasil.

PC Siqueira nunca escondeu que sofria de ansiedade e de depressão. Seu quadro se deteriorou à medida que sua audiência diminuiu com os anos. A situação piorou muito em junho de 2020, quando ele foi acusado de pedofilia. Sempre disse que estava sendo vítima de uma “armação” e, de fato, em fevereiro de 2021, a Polícia Civil concluiu que não havia qualquer indício de que ele tivesse cometido o crime. Ainda assim, nunca conseguiu se recuperar, chegando a essa ação extrema no fim de 2023.

Se PC Siqueira foi vítima de aspectos sórdidos da autoexposição, crescem os casos em que as vítimas são envolvidas de maneira totalmente involuntária. Foi o que aconteceu com um grupo de alunas do Ensino Fundamental II do colégio Santo Agostinho, um dos mais tradicionais do Rio de Janeiro, em outubro passado. Alguns de seus colegas usaram plataformas de criação de “deep nudes” para gerar imagens delas nuas, e as espalharam pelas redes sociais.

Para uma adolescente, isso é devastador! Subitamente elas se tornam o “assunto” da escola inteira, de amigos, de parentes e até nas redes sociais. As fotos passam a ser vistas como se elas as tivessem tirado de fato. Como enfrentar tanta pressão, ainda mais não tendo feito absolutamente nada de errado?

Outro fenômeno que não para de crescer com a IA são as “influenciadoras virtuais”. São imagens de mulheres “perfeitas” que atuam como influenciadoras digitais. Mas tanta beldade não existe: elas são sintetizadas por comandos que podem reforçar estereótipos e falta de diversidade. E isso cria padrões de beleza distorcidos e ainda mais inatingíveis, piorando as já conhecidas pressões por conformidade e empecilhos para aceitar o próprio corpo que afetam muitas mulheres, especialmente adolescentes.

O problema fica mais grave quando se observa que, por trás dessas criações, estão homens, o que reforça a visão masculina de como uma mulher deve ser. Tanto que muitas delas também possuem perfis em sites de imagens pornográficas, em que outros homens pagam para ver as avatares nuas, obviamente também sintetizadas.

 

Capturados pelos seguidores

Todas essas práticas podem impactar seriamente o equilíbrio emocional das pessoas. Apesar de já convivermos há duas décadas com as redes sociais, a verdade é que ainda não sabemos lidar adequadamente com a influência de seus algoritmos e a visibilidade que eventualmente recebemos graças a elas. A ascensão violenta da inteligência artificial generativa apenas está acelerando esses efeitos.

O artista americano Andy Warhol disse em 1968 que “no futuro, todos serão mundialmente famosos por 15 minutos”. Naturalmente ele não antecipava o fenômeno das redes sociais, mas foram elas que viabilizaram sua profecia. Porém, com raríssimas exceções, elas só oferecem mesmo “15 minutos de fama”: da mesma forma que podem alçar um anônimo ao estrelato instantâneo, podem devolvê-lo ao ostracismo com a mesma velocidade. E muita gente não suporta voltar ao lugar de onde veio.

Muitos querem ser famosos e as redes sociais parecem ser o caminho mais fácil para isso. Almejam dinheiro e outros benefícios da exposição, mas poucos estão realmente preparados para lidar com isso. Assim, enquanto poucos são capazes de “capturar sua audiência”, muitos são capturados por ela.

Em algum momento, todos nós ajustamos nossa personalidade para satisfazer expectativas alheias. Isso acontece com muita força na adolescência, no grupo de amigos. Mas com as redes sociais, agora potencializadas pela IA, muita gente se transforma em uma persona que não é, e eventualmente até em algo que lhe cause sofrimento, apenas para agradar seu público online: pessoas que nem conhecem e que, em muitos casos, têm um prazer mórbido de dar suas “curtidas” pelo nosso pior, desvalorizando o que temos de bom a oferecer em um mundo-cão.

Atire a primeira pedra quem nunca produziu uma foto pensando nas “curtidas” que ela geraria! O grande problema disso, para muitas pessoas, é que elas acabam se tornando reféns dessa persona. Para não perderem sua audiência, esquecem do que são e passam a viver uma caricatura de si mesmos, sem escapatória.

Como jornalista, aprendi desde cedo a não cair nessa arapuca. Claro que estou atento aos interesses de meu público, mas, para não entrar nesse “poço narcisista”, nunca esqueço quem sou ou sobre o que falo. Mas admito que essa é uma tarefa muito difícil em um mundo digital que vive de aparências distorcidas pela inteligência artificial.

Todos nós temos a obrigação de resistir aos padrões e pensamentos-únicos que nos são impostos pelas redes sociais e pela inteligência artificial. Isso vai desde não se encantar por influenciadoras virtuais até resistir ao apelo fácil do “copia-e-cola” dos textos desalmados do ChatGPT em nossos posts e trabalhos.

Talvez, se fizermos isso, tenhamos menos gente “gostando” de nós. Em compensação, além de paz de espírito e de uma saúde mental muito mais equilibrada, teremos as pessoas que gostam de nós pelo que genuinamente somos. Isso é essencial, até mesmo para fecharmos negócios sustentáveis e transparentes com o nosso público, e termos mais que os 15 minutos de fama de Andy Warhol.

 

Os perigos de ser famoso

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Em 1968, o genial artista americano Andy Warhol disse que “no futuro, todos serão mundialmente famosos por 15 minutos”. Ele não poderia antecipar o fenômeno das redes sociais, que, 35 anos depois, viabilizariam, pelo menos em tese, sua visão. Afinal, com elas, uma publicação de qualquer pessoa pode potencialmente ganhar visibilidade internacional, mas esse indivíduo provavelmente voltará depois ao anonimato com a mesma velocidade com que dele saiu.

Isso não é uma abstração filosófica: é um fato! As redes sociais realmente vêm permitindo isso, especialmente na última década, o que iniciou uma corrida generalizada pela fama, de uma maneira que deixaria Warhol surpreso.

Muita gente quer ser famoso e trabalha para tal nas redes sociais. Uns tantos querem o dinheiro que pode vir disso, mas a maioria quer mesmo aquilo que eles acreditam serem benefícios da superexposição. Mas são iludidos ao pensar assim!

Primeiramente porque as redes sociais, com raríssimas exceções, não tornam as pessoas verdadeiramente famosas. No máximo, dão a elas os tais “15 minutos de fama”. Depois porque elas não estão nem de longe preparadas para o lado sombrio da fama, do qual ninguém quer falar.

E é aí que a coisa complica!


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Posso usar o meu próprio exemplo para ilustrar o caso. Escrever no Estadão e ser LinkedIn Top Voice, com mais de 750 mil seguidores nessa rede me dão uma ótima visibilidade a minhas ideias. Toco a vida de muitas pessoas e espero, pelo menos em alguns casos, inspirá-las e compartilhar um pouco do que sei. Eventualmente sou reconhecido em eventos, em aulas e, em raras ocasiões, na rua. Mas isso não me faz famoso.

Famosos são, por exemplo, o William Bonner, o Fausto Silva, o Mário Sergio Cortella, o Caetano Veloso. Esses são reconhecidos em qualquer lugar que estiverem, a qualquer hora. Caetano chegou até a “virar notícia” em 2011 ao estacionar seu carro no Leblon, uma pérola do antijornalismo que rendeu muitas piadas, mas que demonstra a perseguição que alguém famoso de fato sofre. Há também o caso da barba de William Bonner, que sacudiu as redes sociais após sua volta de férias, na segunda passada.

Afinal, qual o real interesse nesses dois casos? Nenhum! Mas a quem se referem interessa.

Muitos daqueles que querem ser famosos buscam desesperadamente ser amados, para compensar carências pré-existentes. Sem dúvida, alguém famoso tem a possibilidade de conhecer uma quantidade enorme de pessoas, e algumas delas podem se tornar verdadeiros amigos e (quem sabe?) algo mais. Mas é preciso ter consciência que será necessário beijar muitos, muitos sapos até encontrar o príncipe.

Há aqueles que esperam ganhar rios de dinheiro! Ser famoso pode, de fato, ajudar nisso. Mas, mesmo para famosos, o dinheiro só vem com trabalho. Muitos bons negócios podem surgir disso, mas não se deve achar que o dinheiro simplesmente cairá do céu.

É possível se tornar o rosto de ações importantes para a sociedade. Isso pode ser particularmente gratificante quando a iniciativa está em linha com suas próprias crenças, emprestando sua imagem para melhorar a vida de quem precisa.

Por outro lado, tem gente que quer ser famosa para ganhar presentes e “furar filas”. Particularmente acho isso muito ruim, mas, para esse pessoal, essa é a melhor coisa de ser famoso.

 

O lado sombrio

As pessoas adoram falar do lado bom dessa vida, mas infelizmente nem tudo são flores nisso. Quem quiser trilhar esse caminho precisa lidar com alguns aspectos bem sombrios.

Por exemplo, é preciso estar preparado –emocionalmente e às vezes com medidas práticas– para enfrentar todo tipo de insultos e ameaças, até mesmo contra a sua vida, as de seus familiares e as de seus amigos. Na imensa maioria dos casos, elas são inócuas, vindas de haters e de outros tipos de desocupados que simplesmente não gostam de você. Mas, com o aumento da polarização política e da irracional intolerância, essas ameaças nem sempre podem ser simplesmente ignoradas.

Por outro lado, muitas pessoas acham que são “amigas de infância” do famoso. Isso não seria um problema, se algumas delas não exigissem um comportamento recíproco e atenção, o que obviamente é inviável. Diante dessa negação, elas podem cair no grupo anterior, dos haters, que, em muitos casos, não passam de fãs que querem colo.

Outro fator com o qual também se deve lidar (e muito) é a quantidade de pessoas (a maioria desconhecidas) que lhe pedem todo tipo de favor. E não me refiro a autógrafos, mas sim a emprego, dinheiro e até alguns pedidos bem esquisitos ou questionáveis. Naturalmente, também não é possível atender isso, especialmente quando se avolumam. Alguns “famosos de primeira viagem” tentam ajudar, mas se sentem culpados quando percebem que não conseguem. Precisam entender que não podem salvar o mundo e que devem conviver com isso!

Uma das piores coisas de ser famoso é perder a liberdade para se fazer em paz coisas básicas, como ir a um restaurante, supermercado ou cinema. Sempre haverá alguém que o reconheça e que se sentirá no direito de invadir seu espaço pessoal, como se atender fãs fosse um trabalho contínuo. Mas ainda pior é quando quem faz a abordagem não é um fã, e sim um hater, que se dá o direito de fazer agressões publicamente.

Na mesma linha, a pessoa famosa tem muito mais chance de ser perseguida presencial e digitalmente. Tudo que faz será visto e divulgado, mesmo as coisas mais insignificantes, o que pode causar muitos transtornos. Há ainda o roubo de informações e de identidade, e tentativas de extorsão. Nesse caso, o problema necessariamente deve envolver a esfera jurídica, ou pode resultar em muita dor de cabeça.

Em uma situação extrema, há o risco de sequestros ou coisas do tipo. A ironia maior é que o famoso nem sempre é rico. Mas, por ser muito conhecido, os bandidos acham que pode render um vultoso resgate.

 

Vidraça maior, pedrada mais fácil

É triste, mas o famoso pode não ter feito absolutamente nada de errado e ainda assim sofrer um ou mais desses problemas. Eles não estão associados a ser uma pessoa boa ou ruim, e sim ao tamanho da sua exposição. Em resumo, quanto maior a fama, mais coisas boas e ruins virão com ela.

Isso me faz lembrar de quando Pedro Bial entrevistou William Bonner para seu programa. A conversa foi ao ar no dia 26 de maio do ano passado. Em determinado momento, o editor-chefe do Jornal Nacional explicou como tem dificuldade de ir até a uma padaria, não pelo assédio dos fãs, mas pela hostilidade de haters. Morador do Rio de Janeiro, em determinada época, teve que viajar de carro todos os fins de semana para ver o pai doente em São Paulo, porque não conseguia mais pegar um avião. O mais triste é saber que isso se deve à sistemática campanha do governo federal de inflamar a população contra jornalistas, e ele é o jornalista mais famoso do país.

Pouquíssimas pessoas têm o preparo e o apoio de Bonner para lidar com alguma exposição que as redes sociais lhes dão. Às vezes, sequer recebem algo do lado bom da história. Isso explica, pelo menos em parte, por que, de vez em quando, vemos casos de influenciadores digitais cometendo suicídio.

Curtidas não pagam boletos e seguidores não fazem ninguém famoso!

Ter 5.000 ou 50.000 fãs faz tanta diferença assim? “Fazer dancinhas” no TikTok ou tirar fotos insinuantes no Instagram podem dar isso a qualquer um. Mas o que há de realidade nessa exposição? Essa “fama” provavelmente é ilusória!

Se o que se procura é dinheiro, melhor que ter seguidores é fazer verdadeiramente um bom trabalho. No caso das redes sociais, o que mais importa é construir conversas com profundidade e que acrescentem algo ao outro. Se isso for bem feito, a fama pode vir, e de maneira mais sustentável.

No final, exceto para os egocêntricos, é muito melhor que conheçam seu nome que seu rosto. Do meu lado, quero apenas compartilhar minhas ideias, meu conhecimento e meu trabalho. Talvez o melhor seja mesmo ter apenas 15 minutos de fama.

Ou 30 talvez.

 

Exibicionismo nas redes sociais: por que as pessoas se expõem online

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Cena de “Janela Indiscreta”, clássico de Alfred Hitchcock de 1954 – foto: reprodução

Cena de “Janela Indiscreta”, clássico de Alfred Hitchcock de 1954

Desde as primeiras webcams, voyeurismo e exibicionismo inundam a Internet. Com os smartphones, ambos passaram a ser praticados a qualquer hora e lugar, ganhando uma legião de adeptos, inclusive entre adolescentes. Longe de qualquer discurso moralista, de vez em quando, as coisas fogem do controle, reabrindo o debate sobre os riscos do exibicionismo online.

Recentemente, tivemos dois exemplos extremos disso. Há alguns dias, uma adolescente se suicidou após suas amigas publicarem no Snapchat um vídeo dela tomando banho. Em outro caso, uma mulher está sendo processada por transmitir o estupro de uma amiga pelo Periscope. Apesar de, nesses dois episódios, os vídeos terem sido postados sem consentimento, esses dois aplicativos se tornaram ferramentas incríveis para esse “Big Brother pessoal”.


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Apesar de os termos de uso do Periscope e do Snapchat proibirem explicitamente conteúdo sexual ou pornográfico, não é difícil se deparar com isso nos dois serviços. Mas o que leva alguém a se expor dessa forma? E as pessoas realmente têm consciência do que estão fazendo?

O principal motivo é que, em tempos de vidas hiperconectadas, ver uma foto ou um vídeo seu sendo amplamente compartilhado e “curtido” causa um enorme prazer aos seus autores. O feedback instantâneo de comentários e de ícones de positivo e corações aquece o ego e incentiva uma corrida para se tornar uma microcelebridade online, seja entre seus amigos, seja em um grupo de desconhecidos em escala global.

Nessa busca pela “fama”, vale tudo. E poucas coisas são tão eficientes nessa jornada quanto erotismo e sexo.

O Snapchat tem uma curiosa característica de que todo o conteúdo publicado nele se autodestrói pouco tempo após ser visto pelo destinatário. Isso causa uma sensação de segurança, que tem favorecido o compartilhamento de imagens íntimas para “sexting”, ou seja, conversas online de conteúdo sexual.

Só que essa segurança é pura ilusão.

 

“Manda nudes”

O Snapchat realmente destrói os conteúdos logo após serem visualizados. Mas nada impede que os destinatários criem cópias dessas fotos e vídeos antes que isso aconteça. Portanto, aqueles “nudes” (fotos explícitas) podem ter uma vida nada efêmera.

Trocando em miúdos: sabe-se onde surge a imagem, mas não se sabe onde ela vai acabar. E aí está o problema: as pessoas nem sempre têm consciências disso.

Por exemplo, aquelas imagens enviadas cheias de confiança para o outro podem se transformar, no futuro, em outro fenômeno recente: a “revenge porn”, quando uma das partes espalha fotos íntimas da outra na Internet, normalmente por vingança pelo fim de um relacionamento.

No caso de adolescentes, a exposição de sua intimidade também pode estar associada a mais um fenômeno da cultura digital: o “cyberbullying”, quando as redes sociais são usadas para humilhar um desafeto. E imagens íntimas são ótimas para isso. Disso podem surgir atitudes extremas, como o suicídio mencionado no segundo parágrafo.

O fato é que não existe segredo na Internet. Por mais que se use os controles de privacidade das redes sociais, por mais que aplicativos garantam o anonimato, uma vez na rede, não tem volta: tudo corre o risco de vazar.

Mesmo lugares que são criados com a premissa da defesa da privacidade, não há garantia de segurança absoluta. Em 2014, James Comey, diretor do FBI, disse que existem dois tipos de grandes empresas: aquelas que já foram invadidas e aquelas que não sabem que já foram invadidas.

Como esquecer do caso da invasão do site Ashley Madison, que promove relacionamentos extraconjugais, ocorrida em agosto de 2015? Subitamente não apenas os dados pessoais de milhões de usuários foram expostos pelos hackers, como também as pessoas com quem conversaram, o que disseram e até as fotos que trocaram.

 

O que fazer?

Mas então devemos parar de usar nossos smartphones? Abandonar as redes sociais? Deixar de enviar fotos a quem gostamos?

Claro que não! Não devemos renegar o mundo que vivemos, e sim usá-lo com sabedoria.

E isso significa, para começar, seguir o ditado que diz que “não devemos dar sorte ao azar”. Em outras palavras, ao fazermos alguma coisa, devemos pelo menos estar conscientes do que cada ato representa. Tirar uma foto sensual não é um problema; publicá-la online para um grande grupo de pessoas (especialmente se tiver desconhecidos nela), pode ser. A menos que a superexposição não seja um problema em absoluto para essa pessoa, e ela estiver muito segura disso.

No caso de se ter filhos na adolescência ou entrando nela, uma conversa sincera é fundamental. Nunca no sentido de proibição ou de amedrontamento, mas de conscientização. A melhor maneira de se evitar dissabores nesse sentido é oferecer aos filhos todos os recursos para que eles compreendam o que fizerem. Além disso, é fundamental que pais e filhos conversem com franqueza e confiança sobre tudo, para que os primeiros sejam o porto-seguro dos segundos, sempre que precisarem.

Tudo porque estamos vivendo um momento de grande transformação social. Não é necessário temê-lo. Tentar impedi-lo não é possível. A melhor coisa a se fazer é compreender as mudanças e usá-las com inteligência e a nosso favor: curti-las numa boa e com confiança!