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Videodebate: o robô vai substituir até o seu corpo

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A crise está brava! Se isso já não bastasse para criar incertezas e grandes dificuldades para todos, os robôs e os sistemas de inteligência artificial estão cada vez mais eficientes na execução de tarefas que antes eram exclusivas dos humanos. Em alguns casos, são até mesmo capazes de simular os corpos dos trabalhadores!

O que vai sobrar para nós fazermos?

Muita calma nessa hora! Sim, é verdade que a substituição de trabalhadores por robôs só cresce. Mas nem tudo está perdido.

Nesse cenário, despontam duas certezas: o que puder ser automatizado será, e não dá para continuar na zona de conforto. Quem quiser não apenas sobreviver a essa nova revolução, como ainda aproveitar o momento para se destacar precisa fazer as coisas de maneira diferente.

Quer saber como? Veja no meu vídeo abaixo! E depois compartilhe aqui com todos como você vê esse avanço da tecnologia sobre os trabalhos, e como superar isso.

Ou então fique continue na mesma, e aguente as consequências.


Videodebate: olha como você FALA!

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Como você fala com os seus clientes?

Há pelo menos uma década, a combinação de redes sociais e smartphones tem provocado mudanças profundas nesse relacionamento. Além de agora as marcas falarem e OUVIREM diretamente seu público (o que já é uma baita mudança), essa comunicação vem ficando mais flexível e ganhando nossas palavras, abreviações e símbolos, como os emojis (aquelas “carinhas” no meio do texto).

Para muita gente, essas mudanças na linguagem são completamente inadequadas. Serão mesmo? Essas “informalidades” aproximam a marca e o profissional do seu público ou podem colocar a relação a perder?

No final, tudo é questão de bom senso. É claro que não dá para usar esses recursos de comunicação em todos os casos. Entretanto, quando possível, eles são poderosíssimas ferramentas para criar vínculos fortes com o consumidor.

A língua é uma coisa viva, que está em constante evolução. Precisamos estar abertos às mudanças, para aproveitarmos isso da melhor maneira possível. Mas quando? E como? Veja no meu vídeo abaixo. E depois compartilhe aqui nos comentários com todos se você usa esses recursos com seu público.


Reflexão: o papel social das empresas

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Em um momento em que tanto se discute os rumos da educação no nosso país, é uma alegria ver o CEO de um dos maiores grupos empresariais brasileiros destacar como ela é essencial para nosso desenvolvimento, e como as empresas têm um papel relevante para que ela floresça e chegue a todos.

Esse foi um dos assuntos que conversei com João Miranda, CEO do Grupo Votorantim, nesta quarta. Falamos bastante de inovação nas diferentes empresas do grupo, e também de como isso, além de ser obviamente bom para os negócios, traz ganhos para a sociedade. Para o executivo, “as empresas fazem parte da cidadania, têm uma responsabilidade”.



Fico muito feliz quando vejo uma liderança empresarial desse porte demonstrando que empresas não devem cumprir metas sociais apenas porque alguma legislação as obrigue a isso ou por um marketing oportunista. Todos nós fazemos parte e um mesmo sistema que se apoia e se retroalimenta. Iniciativas como essa trazem ganhos reais para o negócio e ajudam o país a se desenvolver.

E a sua empresa, que iniciativas sociais apoia? Você conhece cases legais nesse sentido? Compartilhe aqui nos comentários!

Transformação digital já modifica pequenas e médias empresas

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Apesar de o segmento de midmarket, ou seja, pequenas e médias empresas, ser um dos mais pulsantes da economia mundial, ele tradicionalmente tem acesso limitado à tecnologia de ponta.

Isso está mudando agora, graças a novos modelos de negócios baseados em computação na nuvem, mais acessíveis financeiramente, mas também com formatos mais adequados para uma curva de adoção mais suave para esses negócios.

As companhias que oferecem essa tecnologia estão de olho no segmento, pois é nele que acontece alguns dos maiores crescimentos do mercado.

Conversei sobre isso com Paulo Bonucci, vice-presidente global para América Latina da Red Hat. Falamos ainda do futuro da empresa, que está sendo adquirida pela IBM pela soma de US$ 34 bilhões. O executivo explicou que a empresa e a marca continuarão como uma unidade independente dentro da estrutura, fazendo o que faz de melhor, usando a cultura do open source.

Veja a íntegra da conversa no vídeo abaixo, e depois vamos debater aqui nos comentários.

#midmarket #SMB #empresa #IBM #transformaçãodigital #gestão #RedHat #RHSummit #Boston #PauloSilvestre

Como a inteligência artificial e a computação em nuvem já ajudam os pequenos

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Imagine se o seu computador resolvesse um problema antes que ele acontecesse.

Bem, isso já acontece!

Nesta terça, foi lançado o Red Hat Enterprise Linux 8, que incorporou inteligência artificial para ficar monitorando continuamente o equipamento e identificar comportamentos que poderão levar a algum problema, com base no que aprende com o que o administrador da máquina faz e com os padrões coletados de usuários do mundo todo. Se algo potencialmente não estiver bem, o sistema dispara o alerta e já propõe soluções, também baseadas em inteligência artificial, para que o problema não chegue a acontecer.

Há 15 anos, isso seria ficção científica. Hoje a inteligência artificial faz parte da nossa vida, até em atividades prosaicas do cotidiano, até em nossos smartphones. E, muitas vezes, nem percebemos que ela está lá. Graças também à computação em nuvem, hoje empresas, mesmo de pequeno pote, têm acesso a recursos que até bem pouco tempo, eram inimagináveis.

Entenda isso melhor vendo abaixo a minha entrevista com Boris Kuszka, líder dos arquitetos de solução da Red Hat Brasil, e cm Thiago Araki, líder dos especialistas de produtos da Red Hat América Latina.

Videodebate: o Facebook mudou o jogo

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Talvez você nem use mais o Facebook tanto. Mas as mudanças que Mark Zuckerberg e a sua turma anunciaram na F8, a convenção anual da empresa, na semana passada, certamente afetarão a sua vida.

Primeiro porque você deve usar outros produtos da empresa, no mínimo o WhatsApp. Depois porque, pelo seu gigantesco tamanho, o que o Facebook faz acaba impactando outras redes sociais.

Além de mudanças que visam melhorar questões de segurança e de privacidade dos usuários, o calcanhar do Aquiles que está derrubando a rede, o Facebook apresentou uma série de alterações na maneira como as pessoas devem se relacionar entre si e com empresas. Na prática, eles querem que as pessoas se preocupem menos com números como “curtidas” e mais em publicar conteúdo de qualidade e construir conversas interessantes a partir disso. Ou, como disse o próprio Zuckerberg, as redes serão menos como “praças públicas”, em que as pessoas vão para saber o que está acontecendo no mundo, e mais como “salas de estar”, onde recebemos pouca gente para conversar melhor.

Quer saber? Acho isso ótimo! As pessoas andam mesmo muito “viciadas em curtidas” e até fazendo algumas coisas questionáveis para isso. O resultado é uma queda dramática na qualidade do que se publica nas redes, mesmo no LinkedIn, que é o melhor lugar para se encontrar conteúdo e conexões de qualidade.

São nessas conversas que encontramos o verdadeiro ouro das redes sociais, onde nos tornamos autoridade no que fazemos, onde conseguimos mais clientes.

E você, concorda? Veja como isso funcionará no vídeo abaixo, e depois vamos debater aqui nos comentários.



Reflexão: um mau projeto pode manchar uma marca de sucesso

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Hoje, ao fazer o check in para Boston, para participar do Red Hat Summit, me deparei com a tela abaixo, com o que não pode ser levado na bagagem. Ao lado de líquidos inflamáveis, veneno e explosivos, estava o Samsung Galaxy Note 7.

Por que um único produto pode colocar em risco um voo?

Em 2016, foram reportados casos do Note 7 subitamente pegando fogo, inclusive em um avião! A causa era uma falha em suas baterias.

O Galaxy Note é um dos produtos top da fabricante sul-coreana. Depois de dezenas de incidentes no mundo, o modelo 7 foi retirado do mercado. Estima-se um prejuízo de US$ 17 bilhões à Samsung. E ficou a sensação de que seus celulares não seriam tão seguros.

A Samsung já lançou dezenas de modelos depois daquilo, e eles não explodem. Mas fico impressionado como três anos após os incidentes, a marca ainda continue sendo afetada! É como se, a cada voo, todos os passageiros fossem lembrados, com o nome da companhia sendo citado.

A falha do projeto foi algo imperdoável. Será que a empresa terá que aguardar anos, até que o último Galaxy Note 7 com certeza tenha sido substituído pelos seus donos, para que deixe de ser arranhada a cada check in?

Diversidade gera lucros para empresas e satisfação para pessoas

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Você já pensou por que existem tão poucas mulheres no mercado de tecnologia? Longe de ser apenas uma estatística, isso vem de valores arraigados em nossa cultura e da falta de modelos femininos nessa indústria. De alguns anos para cá, várias iniciativas procuram reverter essa situação e promover a diversidade e inclusão nas empresas, não apenas de gênero, mas também étnica, de orientação sexual e de pessoas com necessidades especiais. Além de gerar inestimáveis ganhos sociais, elas também trazem muitos ganhos para as empresas.

Segundo o estudo “A diversidade como alavanca de performance”, publicado pela consultoria americana McKinsey, empresas com mais diversidade de gênero em cargos executivos têm 21% mais chance de ter lucros acima da média que as que apresentam pouca diversidade. No caso de diversidade étnica, isso é ainda mais aparente: 33%.

Há alguns dias, tive uma conversa inspiradora sobre isso com Judith Michelle Williams, líder global de diversidade da SAP, que estava no Brasil. A íntegra da conversa em vídeo (7’ 18’’) pode ser vista abaixo.


Vídeo relacionado:


“Quando uma organização é capaz de ter essa diversidade e essa inclusão, isso aumenta o engajamento de seus funcionários”, explica Williams. “Isso leva a uma maior inovação, pois você tem diferentes fontes de ideias, você tem pessoas com culturas diferentes.”

Ironicamente, o primeiro programa de computador da história foi escrito por uma mulher: Ada Lovelace criou em 1842 o algoritmo para a máquina analítica de Charles Babbage. Mas hoje faltam modelos para que as meninas se inspirem para abraçar essas carreiras.

“Mulheres e meninas continuam extremamente sub-representadas. Os estereótipos de gênero, a falta de modelos visíveis e as políticas e ambientes sem apoio ou mesmo hostis podem impedi-las de seguir essas carreiras”, disse António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, em sua mensagem oficial no dia 11 de fevereiro passado, Dia Internacional para Mulheres e Meninas na Ciência.

“Ter quem mostre que é possível para uma mulher liderar uma companhia de tecnologia, desenvolver software e crescer em uma carreira de tecnologia é muito bom. Precisamos encorajar mais meninas a abraçar as exatas e estudar ciência e tecnologia”, afirma Williams, que, antes de liderar a diversidade na SAP, cuidou desse tema no Dropbox e no Google.

Diversidade e inclusão

Mas a diversidade sozinha não é suficiente. As empresas precisam fazer seus funcionários se sentirem incluídos, podendo demonstrar quem eles são.

“Nós não queremos que nenhum de nossos funcionários LGBT+ sintam como se não pudessem falar sobre sua vida familiar, não pudessem falar sobre seus parceiros”, explica a executiva da SAP. “É muito importante ter essa inclusão: as pessoas sentem que elas podem vir trabalhar e ser o seu melhor.”

As empresas precisam investir no treinamento de suas equipes para chegar lá. Segundo artigo publicado na revista Forbes, as dificuldades de inclusão derivam principalmente da nossa inabilidade de reconhecer e valorizar pontos de vista diferentes. A autora Phyllis Wright, vice-presidente sênior da VRM Mortgage Services, cita estudos que demonstram que 80% do que usamos para nossas conclusões vêm do que já sabemos, e apenas 20% de estímulos externos. Portanto, um treinamento eficiente pode “melhorar” os conceitos em nosso cérebro e treinar nossos olhos para a questão da diversidade a nossa volta.

Lembro-me de ter lido o livro “Círculo da Inovação”, do guru da administração Tom Peters, há uns 30 anos. Mas uma passagem me marcou muito: a que ele dizia que a gerência da maioria das empresas é composta por “homens brancos de meia idade vestindo calças de poliéster”. O problema disso, segundo ele, é que todos aqueles gerentes pensam da mesma forma, o que seria péssimo para o negócio e para seus produtos.

Ele já via a importância da diversidade, tão em moda hoje, há três décadas! Afinal, se você tem dez “chefes” que pensam exatamente igual, você só precisa de um! O que faz um negócio realmente prosperar é ter pessoas diferentes trocando suas experiências para atender clientes que também são diversos.

E então: como está a sua companhia nisso tudo?


E aí? Vamos participar do debate? Role até o fim da página e deixe seu comentário. Essa troca é fundamental para a sociedade.


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Paulo Silvestre (esquerda) conversa sobre transformação digital com John Allessio (centro) e Nick Hopman – Foto: reprodução

Transformação digital depende de entusiasmo e de apoio

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Você está pronto para a transformação digital?

Um dos termos mais badalados do momento na administração, ela movimenta empresa e profissionais que querem encontrar, com o apoio da tecnologia, novas maneiras de realizar o próprio negócio, para atingir níveis de produtividade inéditos, ou ainda descobrir um grande novo negócio. Mas poucas empresas realmente sabem qual caminho adotar, pois acham que a transformação digital acontece ao escolherem a tecnologia disruptiva certa para seu empreendimento, quando, na verdade, ele deve obrigatoriamente começar transformando a cabeça das pessoas.

Essa necessidade ficou muito clara na conversa que tive com John Allessio, vice-presidente sênior de serviços globais da Red Hat, e com Nick Hopman, vice-presidente de práticas e soluções globais da empresa, nesta terça (16 de abril), na sede da Red Hat em São Paulo. Os dois executivos vieram participar da inauguração do Red Hat Open Innovation Labs. A íntegra da conversa pode ser vista no vídeo abaixo:



Para Allessio, uma empresa que busca a transformação digital deve começar com um projeto pequeno o suficiente para que possa “abraçar”. Dessa forma, evita-se que a mudança crie barreiras instransponíveis logo de cara.

Mas o executivo adverte que o processo só dará certo se contar com dois ingredientes essenciais: o entusiasmo das equipes, e gestores realmente patrocinando as mudanças necessárias. “Você precisa da paixão das equipes -com negócios e TI trabalhando juntos- e você precisa do apoio dos executivos”, explica. “Sem esse apoio é muito difícil fazer isso acontecer.”

“Precisa ser um cliente que busca mudança, que quer prosperar”, explica Hopman. É por isso que a transformação digital começa sempre com uma transformação cultural. Para ele, nenhuma tecnologia resolverá sozinha um problema causado por um modelo de negócios que já não se sustenta.

Ele está certíssimo. Costumo dizer que “transformação digital” é muito mais “transformação” que “digital”. Se as pessoas realmente não acreditarem na mudança e estiverem dispostas a abandonar velhas fórmulas, mesmo as que deram certo por décadas, será, no máximo, coisa velha com um verniz moderninho.

“Quando as pessoas falam em transformação digital, normalmente se preocupam muito com o digital e com os aspectos técnicos, e não se focam em como eles realmente apoiam aquela transformação dentro de sua cultura, dentro de sua organização”, explica Hopman. Com o laboratório que acaba de ser inaugurado em São Paulo, o quarto da Red Hat no mundo (os outros ficam em Boston, Londres e Cingapura), a empresa pretende ajudar seus clientes a desenvolver essa consciência. “Queremos ensinar obviamente a tecnologia, mas também as práticas abertas, como trabalhar em uma cultura aberta de colaboração”, diz.

“É uma oferta de transformação cultural com os produtos da Red Hat”, explica Fabio Pereira, líder do Red Hat Open Innovation Labs Latam. “A gente chama de uma oferta de inovação imersiva, onde a equipe do cliente vai ficar imersa em um ambiente de inovação, fazendo alguma coisa que adicione valor para o cliente, entregando valor em semanas, ao invés de entregar valor por anos.”

Ele explica que, a princípio, qualquer empresa pode ser beneficiar do Labs. Se você ficou interessado, veja como participar assistindo à minha conversa com o líder da operação local no vídeo abaixo:



Os clientes que participarem da iniciativa podem ter suas equipes trabalhando no laboratório, como também em suas próprias instalações. Além disso, apesar de o Labs estar fisicamente em São Paulo, ele pode atender empresas de qualquer lugar do país e até do mundo. As quatro instalações trocam continuamente informações e desenvolvimentos, funcionando como “concentradores regionais”. A escolha de São Paulo se deve ao tamanho do seu mercado, representado cerca de metade da Red Hat na América Latina.

Allessio afirma que companhias de qualquer porte e qualquer indústria podem ser atendidas: “trabalhamos em empresas tão grandes quanto as que tem 10 mil desenvolvedores até companhias que são tão pequenas como uma nova startup.”

Portanto, se a transformação digital faz os seus olhos brilharem, faça os questionamentos necessários antes de embarcar na empreitada. Esteja pronto para realizar verdadeiras mudanças na cultura empresarial, modelos de negócios e até mesmo na maneira como os profissionais se relacionam “É mais que métodos, ferramentas, processos”, diz Allessio. “Queremos ajudar o cliente a realmente casar TI com o negócio, que é o verdadeiro molho mágico.”

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A inovação pode ser inimiga da produtividade?

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Charlie Chaplin em cena do filme “Tempos Modernos” (1936) que contrapõe uma caricata inovação à eficiência - Foto: divulgação

Charlie Chaplin em cena do filme “Tempos Modernos” (1936) que contrapõe uma caricata inovação à eficiência

Já é senso comum que precisamos inovar para nos mantermos no mercado, seja lá o que façamos. Há cada vez menos espaço para fórmulas cristalizadas. Apesar disso, no frigir dos ovos, são poucas as empresas que realmente inovam em seus processos e modelos de negócios, preferindo manter tudo como está, mesmo com o risco de serem passadas para trás. O motivo: inovar nos tira de nossa zona de conforto e embute riscos no negócio. A qual grupo de profissionais você pertence: os inovadores ou os conservadores?

Isso gera um tremendo dilema: como pensar em modelos disruptivos se isso pode, pelo menos em um primeiro momento, atrapalhar algo que esteja funcionando bem há anos? Isso fica ainda mais dramático em um cenário econômico como o que vivemos, com uma crise profunda que resiste há anos.


Vídeo relacionado:


Essa questão me foi apresentada na semana passada, durante o Red Hat Summit, que aconteceu em San Francisco (EUA). Ela surgiu na conversa que pode ser vista no vídeo acima, que tive com Jim Whitehurst, CEO da Red Hat, a maior empresa de software open source do mundo.

Para ele, ainda estamos nos dias inicias em que a inovação mudará os modelos de negócios das organizações. “A maneira como a maioria das empresas é tocada e como os modelos de negócios foram construídos no passado é focada em eficiência”, afirmou. “Como consigo mais escala, como consigo ser mais eficiente?” Considerando que a maioria dos gestores detesta riscos, a inovação acaba encontrando profundas barreiras internas, pois as mudanças que ela inevitavelmente traz batem de frente com esse conceito.

Mas, afinal, por que é tão imperioso inovar?

 

A morte da vaca leiteira

Como jornalista, pertenço a uma indústria que está em crise. A grande maioria das empresas de comunicação tradicionais está com seríssimos problemas. Seus faturamentos estão em queda livre há anos, há uma gigantesca fuga de público e sangria de publicidade, veículos tradicionais são descontinuados e várias empresas já fecharam as portas. Muitas outras, verdadeiros colossos empresariais até bem pouco tempo atrás, definham melancolicamente.

Diante desse cenário aterrorizante, seus gestores jogam a culpa nos meios digitais e no próprio consumidor. Alguns dizem até que o jornalismo está morrendo! Nenhum olha para o espelho e assume a sua inoperância como o verdadeiro problema.

Isso não passa de chororô de quem não faz a sua lição de casa e se recusa a inovar!

Acontece que essas empresas foram inovadoras há algumas décadas, criando produtos que lhes garantiram enorme prestígio financeiro e político. Criaram um negócio muito bem azeitado. Agora insistem em continuar vivendo dessa glória do passado.

Entretanto, essas “vacas leiteiras”, que alimentaram a organização por décadas, morreram ou estão moribundas. Em outras palavras, se transformaram em “abacaxis”, ou seja, esses produtos não apenas deixaram de ser fontes consistentes de recursos sustentáveis para se transformar em preocupações que drenam energia e dinheiro das organizações.

Até uns 15 anos atrás, se quiséssemos nos manter bem informados, tínhamos que forçosamente assinar um jornal, uma revista semanal e uma ou outra revista segmentada. E era assim porque não tínhamos alternativas! Apenas as grandes empresas de comunicação produziam conteúdo de qualidade.

O cenário mudou completamente. Os meios digitais baratearam imensamente a produção de novos veículos de comunicação. E, com isso, esse mercado foi inundado por novas empresas, muito mais ágeis, com produtos adequados aos novos anseios do público, com uma nova linguagem, modelos de negócios inovadores e bom uso dos recursos digitais.

O público –que não é trouxa– percebeu que tinha mais poder de escolha, e migrou para os novos produtos, que lhe ofereciam muito mais vantagem. O consumidor, portanto, mudou –e para algo melhor!

Os meios digitais não estão matando aquelas empresas tradicionais. Quem está fazendo isso é a sua própria incompetência em inovar para se manterem competitivas.

E não se engane: isso acontece da mesma forma com qualquer negócio.

 

O infame departamento de inovação

A inovação deve ser um processo de liberdade e amplo. Uma empresa só é verdadeiramente inovadora quando oferece, a todos os seus funcionários, a possibilidade de correr riscos e criar coisas novas.

Muitas companhias, quando decidem “inovar”, criam “departamentos de inovação”. Ou seja, elegem algumas mentes e os colocam em uma salinha, onde serão responsáveis por tirar a organização da mesmice.

Nada mais equivocado!

Quando os gestores fazem isso, passam uma mensagem ao resto da companhia de que a inovação é exclusividade daquela turma. A todos os outros, cabe manter a máquina girando, executando os processos já consagrados.

Mas a inovação pode vir de todo lugar, mesmo do funcionário mais insuspeito! E pode acontecer até mesmo em pequenas mudanças no cotidiano da produção, que podem ter impactos significativos no negócio.

De volta ao Red Hat Forum, Whitehurst construiu sua fala na abertura do segundo dia do evento em cima do conceito de “configurar, habilitar, engajar”. Em outras palavras, as empresas precisam criar e oferecer recursos para que seus públicos internos e externos se envolvam com o negócio.

A inovação vem, portanto, com mudanças culturais.

 

O caminho para a inovação

Uma mudança cultural de uma organização pode ser um processo doloroso, pois ela implica em mudanças essenciais na maneira como a liderança é exercida. Envolve os valores da companhia, seus processos, seus sistemas, sua gestão.

Portanto, a mudança tem que inevitavelmente envolver a liderança. Pode até começar em níveis inferiores, mas precisa forçosamente ser conduzida pela chefia. E isso não quer dizer que “o pessoal do andar de cima” de repente ficará “bonzinho” ou se preocupará menos com os lucros.

A mudança verdadeira acontece quando a liderança permite que qualquer um possa contribuir com ideias. Mais que isso, quando cria mecanismos para que as equipes implantem protótipos de novos modelos e produtos, mesmo que a maioria acabe sendo rejeitada depois, sem medo de serem punidos por isso. E isso deve acontecer de maneira recorrente e rápida!

Mesmo que, de cada dez ideias apresentadas, nove sejam abandonadas, a que “vingou” pode ser aquela que levará a empresa a um novo patamar de crescimento. E, no caso de ciclos recorrentes de inovação, o aprendizado dos anteriores, inclusive com as ideias desprezadas, faz com o processo se torne cada vez mais eficiente.

Em outras palavras, quando a empresa inclui a inovação em seu DNA, esse processo se torna tão natural, que não impacta a eficiência e a produtividade. Pode-se criar o novo sem impactar o que já está funcionando.

O guru da administração Tom Peters costuma dizer que “o fracasso é uma medalha de honra”, pois ele demonstra que se buscou o novo. E conclui: a única maneira de não fracassar em algo é não tentar. Mas essa também é a garantia de que jamais se atingirá o sucesso!

E então: vai continuar parado aí?


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Insensibilidade online pode jogar no lixo sua marca e sua reputação: o que fazer?

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O Brasil acordou chocado nesta terça com a notícia do trágico acidente de avião na Colômbia que vitimou a maior parte do time da Chapecoense. As redes sociais foram tomadas por todo tipo de manifestação, especialmente de apoio e luto. Mas dois casos despertaram a ira dos internautas, demonstrando claramente como NÃO se comportar nos meios digitais: Catraca Livre e Netshoes.

O primeiro deles foi resultado de publicações sensacionalistas explorando a tragédia; o segundo, um aumento repentino do preço da camisa oficial do Chapecoense no dia em que quase todo o time morreu. Os dois tentaram se explicar, mas os usuários foram implacáveis.

O Caso do Catraca Livre foi o que teve mais repercussão. Tudo começou com a criação de slide-shows com fotos dos jogadores, incluindo “selfies do último dia de vida”, e postagens de vídeo de pessoas entrando em pânico em um avião prestes a se acidentar. Ou seja, um caso incrível de falta de sensibilidade não apenas com as vítimas retratadas, mas com toda a população, chocada com a tragédia.

Diante de um tsunami de críticas, grande parte delas raivosas, a publicação resolveu se posicionar. E, ao fazer isso, piorou ainda mais a situação. As primeiras explicações publicadas não assumiam o erro e ainda reforçavam a falta de sensibilidade diante da irrelevância do que havia sido publicado, com frases como “mostrar outros aspectos da tragédia, como medo de voar e os mitos”. Outras explicações e, finalmente, pedidos de desculpas se seguiram, mas aparentemente aquilo só fez tudo ficar ainda pior. Diante de uma aparente falta de ter para onde correr, o Catraca Livre começou a apagar seus próprios posts e comentários negativos de usuários: um erro grosseiro.

Resultado: milhares de “reações” negativas e de comentários se espalharam por todas as publicações do Catraca Livre hoje. Como os posts sobre a tragédia foram eliminados e a fan page continuou a ser alimentada com chamadas sobre outros assuntos, inclusive trivialidades, os usuários começaram a inundar tudo com seu descontentamento e sua incredulidade.

As reações negativas continuaram: rapidamente criou-se um movimento que pedia às pessoas que parasse de seguir o veículo nas redes sociais. Segundo o site Quintly, o Catraca Livre já tinha perdido mais de 300 mil “curtidas” no Facebook até o fim da tarde de terça (os valores mudam continuamente).

Mais ou menos nessa hora, Gilberto Dimenstein, um dos mais respeitados jornalistas brasileiros e criador do Catraca Livre, resolveu se manifestar. Em um post em sua página e na do veículo (abaixo), ele chamou para si o erro de julgamento pelas publicações, absolvendo o resto da equipe.

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Empenhou a sua credibilidade na tentativa de revertera gigantesca onda de ódio. Mas era tarde demais.

 

A culpa é do sistema

No caso do Netshoes, quem levou a culpa foi o sistema. No site de material esportivo, a gritaria começou porque o valor da camisa oficial do Chapecoense passou de R$ 159 a R$ 249, justamente no dia em que a tragédia aconteceu. Os clientes e internautas viram na mudança de preço um inadmissível oportunismo diante de um eventual aumento de procura pelo produto causado pela tragédia.

A empresa publicou uma nota oficial (abaixo) procurando apaziguar os ânimos. Segundo a nota, a camisa estava com um preço promocional por conta da Black Friday. Por uma infeliz coincidência, o item teria se esgotado na manhã do acidente, fazendo com que o sistema automaticamente o marcasse como indisponível, porém com o preço normal.

Imagem: reprodução

Assim como aconteceu no caso do Catraca Livre, as explicações não foram suficientes para apaziguar os ânimos dos internautas, que continuaram criticando pesadamente a empresa, rotulando-a de insensível e oportunista. Apesar de as críticas não terem acontecido com a virulência vista no Catraca Livre, certamente a imagem do Netshoes saiu arranhada desse episódio

Mas o que fazer diante de mancadas tão grandes como essas?

 

Gestão de crise explosiva

Lidar com situações assim exige grande sensibilidade e rapidez. A gestão de crise vem ganhando enorme importância com as redes sociais, pois escorregões como esses se alastram como rastilho de pólvora pela própria natureza das redes sociais.

Esse ano contou com várias crises brasileiras de marcas e reputações que escorreram pelo ralo porque seus responsáveis demoraram muito a reagir. Em termos de redes sociais, um dia pode ser devastador para uma empresa ou um profissional que se vê sob fogo cerrado. Que dizer então de uma semana?

Nos eventos desta terça, do Catraca Livre e da Netshoes, o problema não foi agilidade: eles responderam quase instantaneamente à enxurrada de críticas. Nas duas situações, o que faltou foi sensibilidade, humanidade.

No caso da Netshoes, isso fica evidente já na resposta oficial: a culpa foi do sistema. Frio, insensível, analítico, o software simplesmente executou aquilo que foi programado diante da ocorrência de uma condição: no caso, o término do estoque do produto. Portanto, a empresa reagiu rapidamente, assumiu a falha e encontrou uma explicação plausível. Para muita gente, não haveria muito mais a ser feito.

Mas sempre há, ou a crise não teria ganhado a proporção que ganhou. Primeiramente, trata-se de um varejo de itens esportivos. Logo, diante de uma tragédia maiúscula que afeta diretamente algumas de suas linhas de produtos, os seres humanos que cuidam da gestão do negócio deveriam redobrar a atenção com tudo que se refira ao caso, e não deixar tudo nas mãos de um software.

Isso não aconteceu, portanto algo deveria ter sido feito após a crise ter se instaurado. E, nesse caso, o melhor a ser feito seria oferecer um posicionamento demonstrando uma verdadeira empatia diante do fato trágico. E isso tampouco aconteceu: a nota oficial carrega uma distância e uma frieza tão grandes quanto a ação do sistema que aumentou o valor da camisa do Chapecoense. Diante de um público em estado de choque, isso é praticamente o mesmo que nada.

O caso do Catraca Livre é ainda mais grave, pois não há um software para culpar: a crise foi instaurada devido a uma série de decisões desastradas da equipe editorial. E novamente todas as ações vieram embebidas de muita insensibilidade e até de certa arrogância.

Marcas e profissionais nunca podem esquecer que eles estão lidando com pessoas. Quando alguém bate à sua porta pedindo uma explicação e um posicionamento diante de uma grande mancada, não se pode limitar a ser burocrático. As pessoas estão com os nervos à flor da pele, extremamente sensíveis. Precisam, antes de qualquer justificativa técnica, ser acolhidas. E, após isso, os responsáveis devem tentar oferecer uma compensação plausível.

Somos seres humanos. As redes sociais não nos tiram essa qualidade: até mesmo amplificam nossas emoções. Assim, por favor, as pessoas merecem gentileza verdadeira.


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O real custo de produção do jornalismo

By | Jornalismo, Tecnologia | 2 Comments
O The New York Times e sua versão para o Kindle - Foto: divulgação

O The New York Times e sua versão para o Kindle

Depois do meu último post, sobre o fim da versão impressa do Jornal do Brasil, várias pessoas vieram conversar comigo sobre isso, e se a Internet pode ser mesmo a salvação para veículos que não conseguem mais se manter em suas mídias de origem.

Para essa inquietação, a minha resposta é: depende. Como demonstrei no referido post, essa migração jamais salvará um veículo mal administrado, como é o caso do Jornal do Brasil. Ele morreu no papel e, salvo aconteça alguma improvável mudança empresarial, a morte também na Web é apenas uma questão de (pouco) tempo. Mas a passagem de uma mídia que já não atende aos interesses econômicos do veículo para os meios digitais é -sim- algo a ser considerado.

Afinal, quanto custa produzir o jornalismo, o “conteúdo” de um veículo? Vou me concentrar na grande mídia impressa, apenas para ficar no exemplo do JB (se bem que diria que ele já deixou de ser “grande” mídia há muitos anos). Fiz a minha lição de casa e constatei uma coisa muito interessante: se considerarmos todos os custos de um grande jornal (e isso inclui os associados à impressão e distribuição), a parcela referente ao jornalismo (considerando salários, infraestrutura para apuração, viagens, prêmios e qualquer tipo de despesa ordinária) gira em torno de apenas 20%. Ou seja, de tudo que custa um jornal, 80% não se refere ao jornalismo.

Oras, qual é o produto do jornalismo? Pelo que as pessoas pagam? Por mais que o grande furo noticioso de hoje esteja forrando a gaiola do passarinho amanhã, as pessoas compram informação, e não papel impresso.

Quando as prensas primitivas começaram a soltar os primeiros exemplares do que se pode chamar de um jornal “moderno”, o papel era fundamental para a disseminação da notícia, simplesmente porque não havia outra maneira de se fazer isso (pelo menos não tão eficientemente). As revistas surgiram depois como uma alternativa de melhor qualidade gráfica, mas faziam essencialmente o mesmo. O problema é que, depois de alguns séculos fazendo isso, o papel e a notícia passaram a ser vistos como uma entidade homogênea e indissolúvel, o que não é verdade. Papel e tinta são apenas veículos do verdadeiro jornalismo.

No ano passado, publiquei um post sobre estudo feito por Nicholas Carlson, do The Business Insider. Basicamente o que ele fez foi calcular quanto custa ao The New York Times, em um ano, imprimir os exemplares enviados a cada um de seus assinantes. Dividiu essa cifra pela quantidade de assinantes e descobriu que isso é mais que o dobro do preço de um Kindle, o popular e-reader da Amazon, que, a propósito, oferece a assinatura digital do mesmo jornal a um custo bastante competitivo se comparado à versão impressa. O autor sugeriu então que o jornal presenteasse cada um de seus assinantes com um Kindle e economizasse, assim, muito dinheiro.

Claro que as coisas não são tão simples assim (e Carlson sabe disso): nem todos os anunciantes do jornal, quem paga a maior parte dos custos do negócios, são tão simpáticos a uma ideia dessas. Mas é um fato matemático que um jornal digital pode ser produzido a um custo muitíssimo menor que um impresso, sem prejuízo algum de seu jornalismo.

Não se trata, portanto, daquela conversinha fiada que o JB publicou em seu site de estar abandonando a versão impressa por se preocupar com as árvores. Eles não estão nem aí para o verde, exceto o do dólar, que eles não têm mais. Trata-se, isso sim, de uma alternativa viável para os grandes títulos continuarem no negócio, produzindo jornalismo de qualidade, algo que eles tanto prezam e que a sociedade muito necessita.

Há algo a se aprender com o fim do JB impresso?

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Primeira página da última edição do JB - Imagem: reprodução

Primeira página da última edição do JB

Neste 1º de setembro, o Jornal do Brasil circulou apenas na Internet, abandonando para sempre sua versão impressa de 119 anos. O diário carioca, que já chegou a tirar 230 mil exemplares aos domingos, não resistiu à pressão de um mundo com um volume incrível de informação de qualidade, gratuita e ao alcance de qualquer internauta. Mas se engana quem acha que foi a Grande Rede que matou o JB.

O jornal cavou a sua sepultura sozinho e agora se prepara para deitar nela. Não há mais espaço para incompetentes ou aventureiros na mídia globalizada e democratizada, e esse tipo de gente habita a administração do jornal há muitos anos. A crise brotou ainda nos anos 1990 e se agravou em 2001, quando a Docasnet, do empresário Nelson Tanure, assumiu a administração do JB. Com receitas publicitárias mais e mais minguadas para os jornais e cada vez mais títulos disponíveis para dividir os tostões, o Jornal do Brasil caiu.

Claro que a Internet tem um papel determinante neste cenário crítico, que atinge a mídia impressa em todo mundo. Afinal, ela ofereceu ao (antes) leitor, (agora) internauta uma alternativa mais vantajosa e eficiente de se informar. Com isso, as pessoas passaram a consumir menos todas as outras mídias.

O tombo do impresso -que paradoxalmente tem mais leitores que nunca- só não foi mais dramático graças aos crescentes títulos gratuitos (como Metro e Destak). Mas perdem os jornalões para esses últimos, que roubam dos grandões leitores e uma importante fatia da publicidade, o que de fato sempre manteve essas publicações.

Diante da inevitabilidade dos fatos, o JB abraçou justamente a Internet como tábua de salvação. E o resultado foi ridículo! O site do periódico já era muito fraquinho e não melhorou agora. Não bastasse isso, ainda tenta pateticamente travestir esse gesto desesperado como uma iniciativa moderna, sustentável, alinhada com as tendências internacionais e os interesses de seus leitores. Como cereja desse bolo, o JB online ainda tem a cara de pau de convocar seus internautas a colaborarem enviando reportagens, fotos, charges e até vídeos. Tudo de graça, claro, em nome da “cidadania”. E ainda espera que alguém pague R$ 9,90 por mês por uma assinatura do site.

Ah! Outra coisa que se pode aprender com o fim do JB impresso: quando quiser fechar um jornal, chame a turma do Tanure. Afinal, o JB não foi sua primeira vítima: há exatos 15 meses, o mesmo empresário matou a Gazeta Mercantil, outrora referência do jornalismo econômico brasileiro, falecida depois de 89 anos de bons trabalhos. E aquela ali nem teve a chance de manter uma versão online.

Há algo a se aprender com o fim da Gazeta Mercantil?

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Detalhe do que era o site da Gazeta Mercantil, onde a CBM diz que não responde mais pelo jornal, que deixou de circular

Detalhe do que era o site da Gazeta Mercantil, onde a CBM diz que não responde mais pelo jornal, que deixou de circular

Hoje não veio a Gazeta Mercantil. Nem virá amanhã, e nem depois, e nem depois. Conforme anunciado na edição de sexta passada, aquela foi a última do periódico, outrora referência de jornalismo econômico nacional. Ironicamente, o que o matou foi justamente sua má gestão empresarial (para dizer o mínimo).

Há algo a se aprender com o falecimento do jornalão que retratava entrevistados com bico de pena? Sim! A Gazeta Mercantil construiu sua reputação ao longo de 89 anos por boas reportagens e análises diferenciadas, ou seja, muito trabalho e inteligência na produção. Para tanto, sempre investiu nos profissionais da casa, alguns dos melhores do país. Mas, como acontece com a maioria das empresas de comunicação brasileiras, parece que seus proprietários não liam o material que produziam. Para resumir a crise, os problemas vêm de quando Herbert Levy passou a administração do jornal ao filho Luiz Fernando, que, diante de sua inabilidade administrativa, passou a bola a Nelson Tanure, da CBM (Companhia Brasileira de Multimídia). Esse último, deparando-se com uma enxurrada de dívidas, jogou a toalha. E mandou a Gazeta Mercantil às favas!

Assim, não foi a crise internacional que matou o jornal. Nem foi a queda do dólar ou gripe suína. Ele já estava há anos nessa situação lamentável. O que pôs tudo a perder foi falta de seriedade. E, nessas horas, não há bom jornalismo que resista. Por diferentes motivos, é mais ou menos o que se vê hoje na mídia dos EUA, com a diferença que lá existe um enorme catalisador econômico representado pela combinação da crise econômica global com a ascensão da Internet roubando o market share dos impressos.

Em um tempo em que a notícia virou um produto, o leitor é quase um co-autor da publicação e a concorrência vem de todos os lados e maneiras, não há espaço para aventuras ou incompetência. O bom jornalismo é ingrediente essencial para o sucesso de uma publicação, mas ele não segura a onda sozinho. É preciso inteligência, agilidade, arrojo aos capitães do barco. Mas faltou isso no caso. Resultado: todo mundo em “férias”.

Quem sabe não nasce um novo veículo (online?) desse espólio profissional?