governo

“Vou estar utilizando” este serviço. E você?

By | Tecnologia | No Comments
Qualquer um agora pode cadastrar telefones fixos e celulares para não serem mais perturbados pelo telemarketing

Qualquer um agora pode cadastrar telefones fixos e celulares para não ser mais perturbado pelo telemarketing

Desde o dia 27 de março, o site da Fundação Procon-SP oferece um serviço que permite a qualquer um cadastrar gratuitamente os números de telefones fixos e celulares que NÃO devem mais receber ligações do telemarketing ativo. Os bloqueios passam a valer 30 dias após o cadastro. Os desbloqueios -assim como reclamações- podem ser feitos no mesmo site.

O sucesso foi imediato: em seis dias, 50 mil pessoas disseram não aos atendentes que falam no gerúndio, capazes de ligar em um domingo de manhã para oferecer os mais obscuros produtos e serviços. A iniciativa atende ao previsto na Lei 13.226/2008, regulamentada pelo Decreto Estadual 53.921/2008, e afeta também empresas de outros Estados.

Mas nem todo mundo gostou desse brilhante uso da tecnologia para facilitar a vida do cidadão. As empresas de telemarketing prometem entrar na Justiça para que o serviço seja declarado inconstitucional. A conferir.

“Paraguais” derrubam secretária

By | Educação | No Comments
Paulo Renato disse que "manterá o bom trabalho e a equipe" de Maria Helena

Paulo Renato disse que "manterá o bom trabalho e a equipe" de Maria Helena

Dez dias depois de o governador José Serra anunciar que recolheria apostilas que traziam um mapa da América do Sul com o Paraguai em duas posições (ambas erradas), a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, caiu hoje. As apostilas, produzidas pela Secretaria da Educação com a Fundação Vanzolini, seriam distribuídas para alunos do 6º ano da rede estadual de ensino.

Antes de pedir o recolhimento, Serra chegou a dizer que “não é um erro grave, mas é um erro” e cogitou recolher apenas 1,55% dos cadernos impressos, que supostamente seriam os atingidos pela falha. Além de minimizar o problema, a Secretaria da Educação tentou se isentar da responsabilidade, jogando-a sobre a Vanzolini, que se isentou da culpa, afirmando que o material foi produzido por professores indicados pela secretaria. No final, ficou decidido que a Fundação recolheria todos os 500 mil exemplares e arcaria com as despesas. Mas agora, depois de todo esse circo, Maria Helena vai embora “por motivos estritamente pessoais”.

Em seu lugar, assume Paulo Renato, o aclamado ex-ministro da Educação de FHC. Entrou prometendo manter todo o bom trabalho e a equipe de sua antecessora. Justiça seja feita: Maria Helena conseguiu alguns avanços tão importantes quanto polêmicos, como pagamento de bônus a professores mediante resultados mensuráveis e sistema de metas por escolas. Ela também reformulou o Saresp -exame estadual de escolas- e criou o Idesp -índice para avaliar o nível de aprendizado dos alunos da rede pública.

Chega a ser uma pena vê-la cair por um erro tão estúpido. Estúpido, mas grave, ao contrário do que declarou Serra.

Está “melhor”, mas está ruim

By | Educação | No Comments
Serra comemorou os 38%: de 1,41 para 1,95!

Serra comemorou os 38%: de 1,41 para 1,95!

No dia 18, o Governo do Estado de São Paulo divulgou o resultado do Idesp, índice criado para avaliar o nível de aprendizado dos alunos da rede pública, como forma de avaliação indireta das escolas e de seus professores. Tanto que o bônus pago aos mestres -que pode chegar a 2,9 salários adicionais- depende dele. Ele leva em consideração os resultados no Saresp, prova do governo estadual que avalia conhecimentos de Língua Portuguesa e de Matemática, a taxa de aprovação e de evasão dos alunos.

O governo saiu comemorando o resultado, especialmente o do Ensino Médio. Afinal o índice nessa faixa deu um salto de 38,3% do ano passado para cá! Bom mesmo, hem? Na minha opinião, nem tanto. Nesse ano, esses alunos cravaram míseros 1,95 contra 1,41 do ano passado. É bom que fique claro que o Idesp vai até 10. A meta da própria Secretaria de Educação para o Ensino Médio é 5.

Para os menores, a evolução é pior, já que estatisticamente não houve: no Ensino Fundamental 1 (as antigas 1ª a 4ª séries, atuais 1º ao 5º ano), o índice saiu de 3,23 para 3,25 (variação de 0,6%); no Fundamental 2 (as antigas 5ª a 8ª séries, atuais 6º a 9º ano), foi de 2,54 para 2,60 (2,4%). Detalhe: as metas são, respectivamente, 7 e 6.

Ok, as metas são só para 2030 (!!!) e rivalizam com números de “países desenvolvidos” (quando falo de educação, tenho que admitir que somos mesmo “subdesenvolvidos”). E reverter o estado de penúria em que a educação brasileira está (São Paulo está bem na foto do país) é trabalho para uma geração. E se for bem-feito.

Mas vamos combinar: não dá para sair comemorando esses resultados, ok?

Onde fica o Paraguai?

By | Educação | 2 Comments
Material complementar do Governo do Estado de São Paulo não sabe bem onde ficam nossos vizinhos

Material complementar do Governo do Estado de São Paulo não sabe bem onde ficam nossos vizinhos

Você sabe onde fica o Paraguai? Se não souber, NÃO consulte o material complementar ao livro didático que o Governo de São Paulo distribuiu aos alunos do 6º ano da rede estadual. Ele traz um mapa em que o nome do vizinho aparece em dois países. Detalhe: errado nos dois casos! No primeiro, aparece sobre a região da Bolívia; no segundo, sobre o Uruguai. No que deveria ser o Paraguai, aparece Uruguai. E tem mais: o Equador sumiu!

A Secretaria da Educação joga a culpa na Fundação Vanzolini, que produziu o material. Essa se defende dizendo que o material foi criado por professores indicados pelo governo e que o erro atingiu “apenas” 1,55% dos cadernos impressos. Ou seja, 7.750 dos 500 mil exemplares, número de alunos do 6º ano da rede estadual. Pode parecer percentualmente pouco, mas em termos absolutos é muito! E o Serra: “não é um erro grave, mas é um erro”. O que seria grave? Talvez dizer que Buenos Aires é capital do Brasil. Na dúvida, o governador mandou recolher os 500 mil exemplares e que todo o custo de substituição ficará por conta da Fundação.

Não bastasse a falta de respeito com alunos e professores, uma coisa dessas é uma ofensa às editoras de livros didáticos, que se submetem a regras draconianas do Governo Federal para entrar no páreo do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e do PNLEM (Programa Nacional do Livro do Ensino Médio). As normas desses dois programas, que distribuem milhões de livros às escolas do Brasil inteiro todos os anos, tratam até do entrelinhamento: que dizer então do conteúdo? E, se um livro for reprovado (sem direito a contestação), só poderá tentar de novo depois de três anos. Não questiono que as editoras não devam ter todos os cuidados na produção de seus livros, mas um caso como esse manda todo esse esforço por água abaixo. Afinal, os dois materiais chegarão juntos às mãos dos alunos de São Paulo.

Entrando no aluguel (que bom!)

By | Educação, Tecnologia | No Comments

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo anunciou uma iniciativa que deve melhorar e muito a situação dos laboratórios de informática das escolas estaduais: está trocando o modelo de compra de computadores pela locação de equipamentos. A idéia vem ganhando cada vez mais espaço em empresas, e o motivo é simples: microcomputadores estão entre os itens que ficam obsoletos mais rapidamente em qualquer lugar. Com os contratos de locação ou leasing, as companhias mantêm seu parque de máquinas sempre atualizado, livrando-se do que está ficando velho. É o que o governo quer agora para as escolas do Estado.

Não é pouca coisa: substituição de 75 mil computadores existentes em laboratórios e secretarias das escolas e acréscimo de outros 30 mil. E os equipamentos não são nada modestos: processadores com dois núcleos (dual core), 2 Gbytes de memória RAM, 160 Gbytes de disco e monitor LCD de 17 polegadas. Os equipamentos devem vir com Windows Vista e Office 2007. Preço da brincadeira: R$ 400 milhões por um contrato de 48 meses. Quem levou: o consórcio Educat, formado pelas empresas CTIS e Diebold.

Se a proposta der certo -e tem tudo para dar- é um modelo a ser copiado por todo o país. Em São Paulo, cujas escolas públicas estão em situação (bem) mais favorável que a grande maioria do que se vê pelo Brasil, mais da metade dos equipamentos tem mais de cinco anos de idade. Pode parecer pouco, mas é o suficiente para inviabilizar o uso de programas mais modernos, justamente aqueles que são capazes de atrair a atenção das crianças: elas já chegam na escola com uma linguagem multimídia e uma capacidade de realizar várias coisas ao mesmo tempo (são “multitarefa”) que a sala de aula e os professores não conseguem acompanhar, mesmo na rede particular. No ensino público, o abismo entre mestres e pupilos fica ainda maior, pois os professores têm uma formação mais deficiente e, portanto, sofrem mais para acompanhar essa demanda.

Resta agora saber se e como os professores receberão algum tipo de capacitação para fazer um bom uso desse poder computacional. E isso não significa apenas saber como ligar a máquina, e sim ser capazes de -e motivados para- constantemente criar atividades pedagógicas que sejam beneficiadas pela informática. Precisam de treinamento, orientação e ferramentas (incluindo softwares educacionais de qualidade). Se não for assim, continuaremos vendo laboratórios fechados porque os professores não sabem o que fazer ali ou porque o diretor tem medo que os equipamentos sejam roubados. Se der certo, a criançada e o país agradecem.