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Sua privacidade já era: acostume-se a isso!

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Até James Bond se rendeu aos recursos dos smartphones em seus últimos filmes  - imagens: divulgação

Até James Bond se rendeu aos recursos dos smartphones em seus últimos filmes

No meio do noticiário olímpico onipresente, o pessoal achou espaço para mais uma teoria da conspiração: o Pokémon GO, game que virou febre, seria uma forma de a CIA espionar todo mundo, até fotografar nossas casas. Claro que é uma bobagem! Mas é fato que muita gente sabe muita coisa sobre todos nós. E isso deve piorar! A questão é: dá para escapar disso?

Foi-se o tempo que as empresas conheciam apenas nosso nome e endereço para mandar mala-direta. É possível que, por exemplo, algumas dezenas de empresas saibam exatamente onde você está nesse momento. E provavelmente estão tirando proveito comercial disso! Seu smartphone e os aplicativos instalados são os mecanismos para esse eficientíssimo “Big Brother”, mas somos nós mesmos que graciosamente entregamos nossa informação de bandeja.

Por que fazemos isso? Será que ficamos todos malucos?


Vídeo relacionado:


Claro que não!

Vivemos, entretanto, em uma nova realidade em que empresas e governos estão descobrindo maneiras criativas de coletar o que temos de mais caro: nossas informações. Não estou me referindo a nome, CPF e endereço, informações básicas que podem ser compradas de bancos de dados piratas há muitos anos. Nesse novo cenário mundial, coisas muito mais valiosas são coletadas e atualizadas continuamente: onde estamos (e estivemos), o que fazemos, do que gostamos, com quem nos relacionamos, o que consumimos, e uma infinidade de preferências pessoais. E tudo isso em um amplo espectro pessoal, profissional e social.

Há ainda uma diferença fundamental entre os bancos de dados piratas e a coleta digital: se antes o fato de descobrirmos que empresas tinham nossas informações gerava desconforto e até desconfiança, agora nós lhes entregamos tudo sobre nós, felizes e de maneira voluntária. Mas não necessariamente consciente.

Essa aparente contradição no que acontece bem debaixo do nosso nariz (ou dos nossos dedos) existe porque, em troca de nossos dados, as empresas nos oferecem uma infinidade de serviços, alguns deles muitos bacanas, outros de interesse duvidoso. Tudo sob a falsa premissa de que são gratuitos.

Não são: estamos pagando com nossas pegadas digitais. E achamos isso uma troca justa.

 

Você é o que você gosta

O truque é simples. Por exemplo, para poder jogar Pokémon GO, o usuário precisa permitir que o jogo acesse, em seu smartphone, o GPS (para a geolocalização o encaminhar aos monstrinhos virtuais), a câmera (para a realidade aumentada), o conteúdo de mensagens e o monitoramento das atividades no app (para a dinâmica do jogo), além do IP e do modelo do smartphone. O bloqueio do acesso a qualquer um deles faz o jogo não funcionar. E ninguém parece estar disposto a fazer isso e ficar de fora do mais recente fenômeno dos games.

Assim, para jogar, todo mundo entrega essas informações aos seus desenvolvedores. Só que, além de servir para o jogo, esses dados podem ser usados para outros fins. E está tudo descrito nos termos de uso do serviço, aquele enorme documento que ninguém lê.

A Nintendo e a Niantic, donas do game, agradecem a gentil colaboração.

O pior é que o Pokémon GO nem é o aplicativo que mais coleta dados do usuário. Ok, é mais bisbilhoteiro que, por exemplo, o WhatsApp (que exige apenas acesso ao número do telefone e a sua lista de contatos), mas perde do Instagram (que capta GPS, câmera, contatos, IP, número do celular, mensagens e atividades do app) e do Facebook (que coleta tudo isso, mais operadora de telefonia e modelo do aparelho).

Mas o mesmo Facebook vai muitíssimo além do que o smartphone lhe informa. Seu grande trunfo está no rastreamento e análise de tudo que o usuário faz dentro de seus próprios produtos. Até os prosaicos botões de “curtir”, que você clica dezenas de vezes ao dia na própria rede social ou em sites que o incorporam, são suficientes para o Facebook conhecer você talvez melhor que sua mãe.

Isso foi escancarado no site Apply Magic Sauce, criado pela Psychometrics Centre da Universidade de Cambridge (Reino Unido). Analisando apenas suas curtidas no Facebook, o site cria um surpreendente perfil psicológico do usuário em poucos segundos. Agora pense: se um site independente é capaz disso, imagine o que a própria rede de Mark Zuckerberg, detentora de toda essa informação, consegue fazer?

E nem falamos do Google, uma empresa que pode fazer tudo isso parecer brincadeira de criança…

 

Caminho sem volta

Longe de ser apenas uma grande sacada técnica e de negócios, essa troca de serviços por dados íntimos que alimentam algoritmos cada vez mais eficientes de análise do Big Data é um fenômeno social impressionante. Somos monitorados continuamente por uma quantidade crescente de agentes e somos levados a crer que isso é a coisa mais normal do mundo.

Nossa privacidade já era! Empresas estão prontas para antecipar nossos movimentos e necessidades e, claro, nos vender produtos e serviços que, por isso mesmo, deixam nossas vidas mais fáceis e divertidas. A coisa está tão bem amarrada, que fica difícil dizer que, afinal, há algo de ruim nessa nova ordem mundial.

Uma premissa, entretanto, jamais poderia ser desrespeitada: essas ofertas sempre deveriam focar naquilo que fosse o melhor para o usuário, e não para os interesses das companhias. Caso contrário, corremos o risco de nos tornarmos zumbis consumistas controlados por grandes corporações. Nosso livre arbítrio seria colocado em risco, pois passaríamos a viver em uma versão filtrada do mundo.

Será que estamos seguros contra isso?


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Crie um mundo novo para o seu negócio decolar com a realidade aumentada

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Montagem com imagens do filme “Homem de Ferro 2” e da animação “Pokémon” - imagens: divulgação

Montagem com imagens do filme “Homem de Ferro 2” e da animação “Pokémon”

No dia 6 de julho, a Nintendo e a Niantic lançaram Pokémon GO, um jogo de realidade aumentada que virou um fenômeno instantâneo. Mas as aplicações dessa tecnologia vão muito além dos games: diversos negócios podem alçar voos mais altos com ela. E já é possível ganhar muito dinheiro ou fazer belas economias com investimentos mínimos, ao alcance de qualquer um.

Muita gente acha que é coisa de ficção científica ou que funciona apenas para grandes corporações. Mas a verdade é que não é preciso ser o Tony Stark para aproveitá-la: indústria, varejo e diferentes serviços de qualquer porte, como escolas e até um salão de cabeleireiros, podem usar a realidade aumentada agora. Basta pensar criativamente e lançar mão de algum dos diversos aplicativos gratuitos disponíveis no mercado.


Vídeo relacionado:

O vídeo acima traz exemplos de todas as aplicações mencionadas no texto


Para quem não sabe do que se trata, realidade aumentada é um conjunto de tecnologias que permite que elementos que só existem no mundo digital sejam projetados no mundo real. Mais que isso: é possível manipular esses objetos como se eles fossem reais e estivessem de fato no ambiente. O conceito não é novo. Alguns experimentos nessa área já eram feitos nos anos 1970. Mas não há dúvida que ela ficou incrivelmente mais poderosa e disseminada com a popularização dos smartphones, que puseram, na mão de qualquer pessoa, um computador com grande poder de processamento, permanentemente online e com recursos de geolocalização.

Ela não deve ser confundida com outra “realidade” que também está ficando bastante popular: a realidade virtual, aquela dos Oculus Rift. Nesse caso, o usuário é “transportado” para um ambiente digital bastante imersivo, que faz com que ele se sinta em uma outra situação. Já na realidade aumentada, isso acontece exatamente onde a pessoa está, e isso a torna tão interessante para qualquer empresa.

Mas, afinal, como essa coisa pode ajudar o seu negócio?

 

Varejo e indústria

Se você vende qualquer coisa, a resposta é muito simples: permitindo que o consumidor veja o produto em detalhes e por todos os ângulos. Como consultor de e-commerce, posso afirmar que a impossibilidade para se experimentar o produto é uma grande barreira para as vendas online.

Muitos poderiam argumentar que bastaria colocar um modelo tridimensional no seu site para resolver esse problema. Isso é parcialmente verdade: um modelo desses realmente permitiria ao potencial comprador olhar o produto (por exemplo, um tênis) por todos os lados. Já seria uma grande ajuda, porém os e-commerces não fazem nem isso. Mas e se a pessoa estiver comprando um novo sofá, uma mesa ou uma TV? Como eles ficariam na SUA sala? Ficariam bonitos? Combinariam com o resto da mobília? Encaixaria naquele espaço? São perguntas que pedem que a TV, a mesa, o sofá estejam na casa do cliente, ainda que virtualmente. A realidade aumentada pode responder isso, projetando esses produtos em tamanho real e tridimensionalmente onde eles ficarão na casa do cliente.

Outra aplicação bastante evidente no varejo é o teste de um mostrador em um ponto de venda. Ele chamaria a atenção do consumidor? Qual o melhor lugar da loja para ele ficar? Ele cabe naquele espacinho? Com a realidade aumentada, não é preciso criar modelos caros para testar tudo isso: basta um modelo digital e alguém com um tablet posicionando-o na loja. Como se ele realmente estivesse lá! No caso de uma rede de lojas espalhadas pelo país, a economia é ainda maior, pois, além de não ser mais necessária a produção dos modelos, tampouco é preciso transportá-los a cada um dos pontos de venda a serem testados.

Na indústria os ganhos também podem ser enormes. Tomemos como exemplo os projetos de um novo produto ou a alteração de algo já existente. A realidade aumentada pode simular, por exemplo, o impacto de uma nova peça no produto. Além disso, equipes distribuídas em cidades diferentes podem não apenas participar de reuniões virtuais como se estivessem em um mesmo local, como manipular objetos digitais simultaneamente, colocado “sobre a mesa” de todos os participantes.

 

Médicos, cabeleireiros e professores

A medicina também tem feito grande uso dessa tecnologia. Médicos ganham “visão de raio-X” em cirurgias, conseguindo ver os órgãos de seus pacientes graças a óculos ou telas que os projetam sobre a pele, tornando os procedimentos muito mais assertivos.

Mencionamos no início do artigo o caso de cabeleireiros. Seus clientes ficariam muito mais felizes se pudessem ver, em tempo real e tridimensionalmente, como ficaria seu novo corte no próprio cabelo. Isso antes que qualquer fio fosse tocado.

Há ainda a educação, uma área que pode atingir um nível novo e incrível com a realidade aumentada. Afinal, muito do que se aprende em sala de aula é essencialmente abstrato. Por exemplo, como os átomos se conectam em uma ligação covalente? Mais que isso: quantos átomos são necessários para se formar uma molécula específica? Todo aluno do Ensino Médio estuda isso, porém de maneira teórica. Mas o aprendizado seria mais eficiente (e divertido) se ele pudesse, de alguma maneira, manipular os átomos com as próprias mãos e visse o compartilhamento dos elétrons acontecendo diante de seus olhos.

A realidade aumentada também pode ser útil para que os estudantes se apropriem do espaço em que vivem, como seu bairro ou cidade, com atividades pedagógicas. A fundação holandesa Waag vem realizando coisas incríveis nesse sentido! Um incrível exemplo é o game Frequency 1550, que nem é tão novo, mas faz com que alunos do Ensino Médio de Amsterdã saiam para as ruas com seus smartphones para realizar tarefas associadas ao conhecimento histórico da cidade. Funcionando como uma gincana, diferentes equipes de estudantes têm que ir até pontos específicos da cidade para realizar tarefas. Um detalhe interessante: na tela dos aparelhos, os alunos veem um mapa da Amsterdã medieval, e a localização de cada um é exibida no mapa em tempo real. Em determinados pontos da cidade, os alunos podem colocar os aparelhos na vertical para ver ilustrações medievais daquele mesmo local. Todas as tarefas acadêmicas são realizadas e enviadas pelos próprios smartphones. Outros games semelhantes, como The Island, colocam alunos de países diferentes em contato (nesse caso, Holanda e Estados Unidos).

Dá vontade de voltar aos bancos escolares para aprender dessa forma!

 

Como participar de tudo isso?

Criar uma aplicação como Pokémon GO não é para qualquer um. Mas a realidade aumentada hoje está ao alcance de todos. Para isso, existem diversas aplicações e serviços, muitas delas gratuitas.

Algumas delas dispensam qualquer programação, oferecendo um ambiente de fácil operação, que torna o processo tão simples quanto montar uma apresentação. Entre os melhores exemplos dessa categoria, estão o Augment e o Aurasma. Outros, como o LayAR, trazem também recursos para programadores.

Para essa turma que sabe como polir os bits e criar aplicações inteiras, várias plataformas oferecem tudo para introduzir poderosos recursos de realidade aumentada nos seus produtos. Entre elas, destacam-se o Vuforia, o WikiTude, o Kudan AR e o ARToolKit.

O interessante disso tudo é que se pode ir tão longe quanto se queira na oferta de realidade aumentada, e um bom resultado depende muito mais de um uso criativo de suas potencialidades que o domínio de ferramentas de programação. Os ganhos podem ser surpreendentemente bons. Claro que eles são proporcionais ao tamanho do seu negócio e do investimento que fizer.

Vejamos o caso do Pokémon GO, mencionado no primeiro parágrafo. Apesar de, no momento em que este artigo está sendo escrito, ainda estar disponível apenas nos EUA, Reino Unido, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia, o game surpreendeu a Niantic e a Nintendo. Em apenas cinco dias, teve 7,5 milhões de downloads, e já está sendo executado em mais de 3% dos smartphones Android do mundo, superando o Tinder (2%) e encostando no Twitter (3,5%).

Os desenvolvedores estão correndo para aumentar a potência de seus servidores, que estão abrindo o bico diante de tantos acessos. E isso significa muito dinheiro entrando: apesar do game ser gratuito, ele permite que os jogadores comprem itens para facilitar sua vida no game. Essas microtransações renderam US$ 14 milhões na primeira semana. Além disso, as ações da Nintendo dispararam, acrescentando US$ 9 bilhões ao valor da empresa.

Mas se usar a realidade aumentada é relativamente simples, por que então não a temos espalhada por milhares de negócios em toda parte? Na verdade, do pouco que se vê, a maioria a maioria é composta de uns experimentos bem toscos e de utilidade duvidosa.

Isso acontece por pouco conhecimento das possibilidades ou por achar que “é areia demais para seu caminhãozinho”. E principalmente falta de criatividade para sair do básico de se colocar uma animação 3D no lugar de uma imagem plana. Isso é divertido, mas dá para fazer muito mais com as mesmas ferramentas! A criatividade é a chave: nem é preciso desenvolver nada para ganhar com essa tecnologia.

Por exemplo, uma pizzaria de Long Island (EUA) está usando um recurso que pode ser comprado no Pokémon GO para atrair clientes. O proprietário paga, com um smartphone que fica no estabelecimento, para que temporariamente um grupo de pokémons virtuais sejam atraídos para o aparelho. Junto com os monstrinhos, um monte de gente vai até a pizzaria para capturá-los. E algumas dessas pessoas podem decidir comer uma pizza.

Então, a criatividade é o que manda! A realidade aumentada pode ajudar qualquer negócio, de maneiras simples ou elaboradas. Felizes aqueles que conseguiremos pular nesse “cenário de negócios aumentado”.

Vá pegar o seu!


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