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A personagem Vivi Guedes, interpretada por Paolla Oliveira na novela global “A Dona do Pedaço”, faz uma “live” antes de se casamento - Foto: reprodução

A maldição do influenciador deprimido (e o que faz um influenciador “dar certo”)

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Quem acompanha a novela global “A Dona do Pedaço” viu nesta segunda a personagem Vivi Guedes, aspirante a influenciadora digital, interpretada por Paolla Oliveira, “postando uma live” (vídeo ao vivo nas redes sociais) na porta da igreja antes de entrar para o próprio casamento, e minutos antes de receber um “não” do noivo no altar. Seria só mais uma cena de folhetim se, no mesmo dia, uma tragédia real não guardasse certa semelhança: a blogueira Alinne Araújo se suicidou após ter publicado, nas redes sociais, seu “casamento consigo mesma” nesse domingo, um dia depois de seu ex-noivo desistir do compromisso por WhatsApp.

O “matrimônio”, devidamente documentado nas redes sociais, “viralizou”, atraindo muitos comentários de apoio à noiva, mas também muitas mensagens de ódio de “haters”, que diziam que ela estava querendo apenas ganhar visibilidade. Em sua última postagem, ela escreveu: “última vez que me pronuncio aqui sobre essa palhaçada de eu estar querendo me promover com um dos piores momentos da minha vida… Ridículos!”

Fiquei chocado com essa sequência de fatos, que claramente representa muitos valores da cultura atual, fortemente influenciada pelos meios digitais. Várias perguntas surgem disso:

  • Por que as pessoas estão tão preocupadas em exibir publicamente cada vez mais detalhes de sua vida privada?
  • Como alguém pode cancelar seu casamento na véspera por mensagem instantânea?
  • Por que a noiva decide “casar consigo mesma” e publicar isso nas redes sociais?
  • Por que tantas pessoas destilam ódio contra alguém que nunca lhes fez nenhum mal?
  • Os meios digitais podem estar associados ao aumento de casos de depressão?

A depressão é uma doença séria, que precisa ser tratada. Ela se instala de maneira silenciosa e pode ser devastadora.  Qualquer pessoa pode ser vítima dela, mesmo as que se dedicam a fazer os outros rirem, como o humorista Whindersson Nunes, brasileiro com mais seguidores no YouTube (mais de 36 milhões), e o ator Robin Williams, que se suicidou por causa da doença em 2014. Alinne Araújo também sofria do mal.

Conversei com a psicóloga Katty Zúñiga, pesquisadora da PUC-SP que estuda há duas décadas a influência da tecnologia sobre o comportamento humano. Segundo ela, o meio digital não causa depressão, mas mudanças no comportamento da sociedade podem provocar esses desequilíbrios.

“Vivemos uma época de ansiedade, em que tudo acontece cada vez mais rapidamente, e em que ganha mais quem grita mais alto”, explicou. As redes sociais são o cenário para dar vazão a essas demandas.

“Parece fácil, mas não é”, disse a pesquisadora. Qualquer um pode achar que basta criar contas nas redes e começar a publicar coisas “fofas” para angariar multidões de seguidores e se tornar um “influenciador”. Isso pode até acontecer, mas traz responsabilidades e muita pressão, com as quais muitas dessas pessoas não sabem lidar. Como resultado, problemas relativamente pequenos, da sua vida pessoal, podem ganhar grandes proporções, porque se tornam públicos inadvertidamente ou -o que é pior- por ação do próprio influenciador.

A celebridade digital se sente, cada vez mais, na obrigação de criar “fatos” para manter a sua audiência “aquecida”, e isso pode gerar uma pressão insuportável. Daí, quando algo mais grave acontece, toda aquela imagem, que é na verdade construída sobre uma fundação muito frágil, pode vir por água abaixo. “Sempre existiram influenciadores, como grandes jornalistas e atores, mas eles têm estrutura, sabem como lidar com críticas, que inevitavelmente aparecem”, explica a psicóloga. Por isso, passam por isso sem desmoronar.

A prisão da imagem

Muitas pessoas, quando percebem que se tornaram influenciadores (ou acham que se tornaram), acabam criando um personagem, que se torna maior que o próprio indivíduo. Ele pode até ter surgido de uma característica de sua personalidade, mas cresce de uma maneira tirânica, que não permite ser “contrariado”, mesmo quando a pessoa muda.

É o caso da influenciadora mexicana Yovana Mendoza Ayres, que fez fama como Rawvana e caiu em desgraça com os fãs em março. Ela construiu um império comercial em cima do conceito de crudiveganismo, mas foi flagrada em um vídeo de poucos segundos com um filé de peixe em seu prato. Apesar de tentar explicar que estava comendo aquilo por ordens médicas, os tribunais das redes sociais foram implacáveis, e ela foi obrigada a abandonar a personagem que a fez rica. Abordei esse caso em um vídeo na época, que pode ser visto abaixo:


Vídeo relacionado:


Essa “ditadura do personagem” surge com o aumento dos seguidores, com quem o suposto influenciador se sente comprometido, e cresce quando aparecem vantagens disso. Começam com pequenos presentes e convites -o que no jornalismo chamamos de “jabá”- e podem se transformar em polpudos contratos publicitários ou mesmo linhas de produtos, como no caso de Rawvana.

Em grande parte, o problema se agrava pelas marcas e agências que contratam esses influenciadores de uma maneira irresponsável. Para essas empresas, o único que importa são grandes visualizações e curtidas. Ignoram se aquela pessoa tem relação com o produto que está promovendo e se é sequer capaz de sustentar uma conversa sobre ele. E a celebridade digital, que na maioria das vezes não tem qualquer preparo profissional para lidar com aquilo, vê uma oportunidade aparentemente fácil de ficar famoso e de ganhar muito dinheiro. E embarca na onda.

Foi o que aconteceu com Arianna Renee, uma norte-americana de 18 anos conhecida como arii no Instagram, onde tem 2,6 milhões de seguidores. Ela abandonou seu projeto de criar uma linha própria de moda. O motivo, que ela própria explicou publicamente: foi incapaz de vender míseras 36 camisetas, o mínimo que a confecção contratada exigia para tocar a obra. Em um post no dia 27 de maio, depois apagado, ela disse que “ninguém cumpriu a promessa de comprar” suas peças.

Oras, ninguém compra algo, nem mesmo uma camiseta, assim. Aquilo tem que fazer sentido para o consumidor. Se for por um influenciador, ele precisa -bem- convencer por que aquilo é realmente bom. Como diz o ditado, “não é só pelos seus lindos olhos”.

Felizmente essa fase de deslumbramento dá sinais de que está chegando ao fim. As empresas estão percebendo que, muito mais que milhões de visualizações, o que realmente é capaz de vender algo são argumentos sólidos, autoridade no assunto e uma comunidade interessada no tema, mesmo que seja proporcionalmente pequena. Em resumo, é necessário profissionalismo.

Marketing de influência não é um passatempo, uma diversão inconsequente. É um trabalho que deve ser feito com seriedade, como qualquer outro. Caso contrário, isso pode causar grandes prejuízos financeiros às marcas, e, muito mais grave que isso, profundos problemas pessoais aos próprios influenciadores. E isso é um cenário em que todos perdem.


E aí? Vamos participar do debate? Role até o fim da página e deixe seu comentário. Essa troca é fundamental para a sociedade.


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A tecnologia pode acabar com conselhos profissionais e sindicatos

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Imagem: Visual Hunt/Creative Commons

Você sabia que, como passageiro, você também tem uma nota no Uber, dada pelos motoristas? Longe de ser uma firula do serviço, essa “reputação” está transformando dramaticamente, ainda que de maneira sorrateira, a maneira como compramos produtos e contratamos profissionais. E, nessa nova ordem mundial, sindicatos e conselhos profissionais podem estar rumando para o mesmo fim dos dinossauros.

Tudo por causa de fundamentos da economia compartilhada! Com eles, profissionais, produtos e serviços são escolhidos por seus clientes a partir da experiência que outros consumidores tiveram antes com tais fornecedores. Quem atende bem, é brindado com uma boa nota, e assim ganha destaque nos sistemas.


Vídeo relacionado (de 17/5/16):


O critério de reputação foi criado por essas empresas como uma maneira de dar alguma proteção tanto ao consumidor, quanto ao fornecedor. Afinal, quando você chama um carro pelo Uber, quando faz uma compra pelo Mercado Livre, quando se hospeda pelo Airbnb (apenas para ficar em alguns exemplos óbvios), você está comprando algo que não é da empresa, e sim fornecido por uma legião de desconhecidos que usam essas plataformas para viabilizar os seus micronegócios. Por isso, a nota que outros clientes já lhes atribuíram é fundamental para saber se esses fornecedores prestam um bom serviço.

Quem tiver uma boa nota, acaba sendo privilegiado pelo sistema, e faz mais negócios. Já quem tiver uma nota ruim, pode acabar sendo expulso dele! Da mesma forma, o cliente também tem sua nota, atribuída pelos profissionais com quem já fez negócio anteriormente. Um cliente ruim também pode ser recusado! Afinal, você alugaria o seu apartamento pelo Airbnb para um “ogro”, que pode estragar tudo lá dentro?

O efeito colateral disso é que as empresas de economia compartilhada não dão muita bola para convenções sindicais ou resoluções de conselhos profissionais.  Quem pode oferecer seu serviço na plataforma, quem é considerado um bom profissional, a maneira como o serviço é prestado atende os seus próprios critérios, e não o que dizem as entidades de classe.

Em muitos casos, isso gera conflitos seríssimos. Talvez o caso mais emblemático seja justamente o do Uber, que entrou em choque frontal com sindicato dos taxistas do Brasil (e do mundo) todo. Afinal, qualquer um que atenda seus critérios pode virar seu motorista. Isso passa por cima das regras dos sindicatos e até das prefeituras, que regulam a atividade.

Mas advinha de que lado fica o consumidor?

 

Cabo de guerra

O cliente não dá a menor bola para as convenções sindicais ou resoluções de conselhos, que, aliás, normalmente desconhece. O que interessa para ele é ser bem atendido, com um profissional competente, com um serviço focado em suas necessidades e a um preço justo. Mas essas regras existem por bons motivos. E aí surge o grande dilema.

Os sindicatos foram criados com a Revolução Industrial, como uma maneira de proteger os interesses dos trabalhadores, que não tinham nenhum direito e eram explorados além do limite da irresponsabilidade. Têm, portanto, um papel essencial na construção de uma sociedade mais justa. As resoluções e códigos de ética dos conselhos profissionais, por sua vez, regulamentam como os profissionais devem exercer seus ofícios, inclusive protegendo interesses dos clientes.

O problema é que, como se pode imaginar, tais regras sofrem atualizações muito, muito lentamente, inclusive porque qualquer mudança precisa ser muito debatida e até embasada em pesquisas científicas, em muitos casos. Mas o mercado não topa mais esperar por isso, pois seu ritmo é muito mais acelerado, e isso só tem aumentado com a introdução de novas tecnologias digitais e a entrada de empresas com modelos de negócios totalmente disruptivos.

Não estou dizendo que a tecnologia vai acabar com categorias profissionais inteiras. Aliás, a tecnologia jamais destrói coisa alguma! Ela promove transformações, propondo alternativas mais vantajosas para as pessoas. Quem tira uma categoria profissional, um produto, um modelo de negócios da jogada é justamente seu consumidor, quando ele encontra essa tal alternativa que lhe atende melhor.

Para piorar ainda mais a situação das entidades de classe, muitas têm fortíssimos interesses políticos, que, muitas vezes até se contrapõem aos dos seus representados. Outras tantas se encontram envolvidas em escândalos de corrupção. Como resultado, não apenas o público, como também muitos profissionais da categoria começam a achar tudo aquilo um atraso de vida.

E advinha só onde todos acabam caindo?

 

Alternativa também para o profissional

Apesar da importância das regras das entidades de classe explicadas acima, o que se vê são cada vez mais profissionais acompanhando seus clientes para as novas plataformas, inclusive contrariando determinações de suas categorias. E o motivo é muito simples: as demandas do público são claras e vão nessa direção.

Oras, pode chegar uma hora em que, se o profissional não embarcar nessas novidades, ficaria sem clientes! O que lhe restaria então?

Um bom exemplo é o que acontece com os psicólogos. Segundo resolução do Conselho Federal de Psicologia, não é permitido fazer terapia online. O máximo que é permitido é uma orientação psicológica pontual, limitada a, no máximo, 20 sessões.

Só que os pacientes não entendem isso! Em uma sociedade totalmente conectada, em que cada vez mais coisas podem ser feitas pelo telefone celular (desde paquerar até a declaração do Imposto de Renda), por que não é possível fazer terapia online? O questionamento ganha ainda mais força quando, por exemplo, o paciente muda de cidade e gostaria de continuar sendo atendido pelo mesmo profissional, à distância. Mas isso não pode acontecer, pois fere a resolução do CFP.

Por mais bem-intencionada que seja a resolução, fica cada vez mais difícil defender essa restrição, especialmente se considerarmos que pesquisas já estão sendo feitas nessa área há 15 anos! Como resultado, o que se vê no mercado são cada vez mais psicólogos ignorando a resolução e encontrando suas maneiras de atender as demandas de seus clientes, mesmo colocando em risco a sua atuação profissional!

Pior que isso: demoras como essa abrem espaço para o surgimento de serviços que ignoram solenemente as regras e chutam a porta com um modelo radicalmente diferente. No mesmo setor da psicologia, no ano passado foi lançado o Fala Freud, um aplicativo que bate de frente não apenas com a resolução acima, mas com o próprio código de ética da profissão. Desde então, ele vem provocando uma acalorada discussão e uma sequência de notas de repúdio de psicólogos.

O aplicativo foi longe demais? Não estou habilitado para afirmar categoricamente que sim ou que não. Mas o fato é que tem um monte de psicólogos cadastrados na plataforma.

Como lidar com essa crise?

 

Foco no cliente e no profissional

Como se pode ver, a tecnologia e as empresas com modelos de negócios (muito) inovadores estão provocando um enorme movimento no mercado. E não quero dizer que estejam promovendo uma bagunça. Mas certamente estão provocando profundas discussões e até indicando alternativas de como uma categoria profissional deve se comportar!

É óbvio que profissões e serviços devem ser regulamentados por entidades competentes, inclusive para proteger o cliente e o profissional: jamais sugeriria o contrário! Mas não é possível que isso continue sendo feito como é hoje.

Ao invés de se posicionarem em lados opostos desse cabo de guerra, empresas e entidades de classe deveriam se unir para se ajudar, cada um oferecendo o que tem de melhor para esse diálogo. Caso contrário, veremos cada vez mais profissionais sérios colocados entre determinações de suas entidades e as demandas de seu público. Se penderem para um lado, podem ficar sem clientes; se forem para o outro, podem ficar sem profissão.

É hora de dar as mãos e construir algo juntos com foco nos clientes e nos profissionais.


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Vivemos em tempos exponenciais

By | Educação, Tecnologia | 2 Comments

Vivemos em tempos exponenciais. A capacidade de se adaptar à forma e principalmente à velocidade com que a tecnologia modifica a vida de todos nós é a nova seleção natural darwiniana.

O post em que fiz uma análise da carta aberta de Arnaldo Saraiva, em que o livreiro sugeriu que as editoras de livros didáticos serão brevemente substituídas (com vantagem) pelos próprios autores, que se valerão da tecnologia para publicar seus livros, despertou algumas reações nervosas de profissionais dessa indústria. Repito aqui o que disse a todos que vieram até mim para discutir a proposta: nem Saraiva nem eu sugerimos que os diferentes profissionais envolvidos deixaram de ter sua importância. Quem tem um problema são as editoras como instituições, pela sua dificuldade de se adaptar à velocidade das mudanças. Por outro lado, os profissionais que resistirem ao tsunami que já chegou à praia de cada um, também serão engolidos por essa onda.

O fato é: todas as profissões e negócios estão sendo dramaticamente impactados pela tecnologia. E isso sempre foi assim. Ou alguém acha que os monges copistas da Idade Média acharam a prensa de tipos móveis de Gutemberg bacana, enquanto assistiam o invento criar a imprensa e torná-los obsoletos? Lentamente eles desapareceram. E alguém hoje chora por eles ou critica Gutemberg e sua prensa? Claro que não! A tecnologia do alemão revolucionou a humanidade, ainda que tenha destruído um modelo sedimentado havia séculos.

A diferença é que a velocidade agora parece atropelar a todos. Nesta segunda, reportagem publicada no UOL jogou um pouco de luz nas mudanças que a Internet vem provocando na Psicologia. Entre os entrevistados, estava uma psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática, da PUC de São Paulo. O grupo realiza pesquisas pioneiras sobre o tema há mais de uma década, não apenas em como pode ser um atendimento psicológico online, mas também como psicólogos precisam se adaptar a pacientes que chegam a seus consultórios com queixas totalmente ligadas à tecnologia, impensáveis até poucos anos atrás e jamais discutidas em sua formação acadêmica. Mas esses temas hoje são não apenas reais, como corriqueiros, denotando uma mudança dramática nessa profissão. Tolice querer resistir a isso.

O vídeo abaixo, de onde saiu o título deste post, não chega a ser novo: já tem quatro anos. Ele traz algumas estatísticas que reforçam o que está dito acima, e pelo menos um item que ficou desatualizado desde então apenas comprova a sua tese: ao ser produzido, o MySpace era a rede social dominante no mercado, enquanto o Facebook era apenas um recém-chegado.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=cL9Wu2kWwSY]

Para quem não sabe, a derrocada do MySpace se deve basicamente a sua incapacidade de se adaptar às mudanças (o que chega a ser surpreendente para uma grande rede social) e a um novo ritmo imposto por quem chegou depois.

Como o vídeo também sugere, o conhecimento técnico aprendido por um estudante no início da universidade estará ultrapassado antes mesmo de ele concluir seu curso. Como resolver esse dilema? A velocidade de nossa inovação tecnológica levará a humanidade a um beco sem saída?

Obviamente não. Mas ela certamente não deixa mais espaço para quem resiste a mudanças. As escolas, de todos os níveis, devem se preocupar menos em despejar sobre seus alunos formulas prontas e conteúdos fechados. Ao invés disso, precisam desesperadamente ensinar seus alunos a resolver problemas usando todas as tecnologias que tiverem a seu alcance, sem medo de errar.

Afinal, o erro é componente do acerto. A única forma garantida de não errar, em absolutamente qualquer tema, é não tentar. Mas, sem tentativa, não há sucesso.