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“Paraguais” derrubam secretária

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Paulo Renato disse que "manterá o bom trabalho e a equipe" de Maria Helena

Paulo Renato disse que "manterá o bom trabalho e a equipe" de Maria Helena

Dez dias depois de o governador José Serra anunciar que recolheria apostilas que traziam um mapa da América do Sul com o Paraguai em duas posições (ambas erradas), a secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, caiu hoje. As apostilas, produzidas pela Secretaria da Educação com a Fundação Vanzolini, seriam distribuídas para alunos do 6º ano da rede estadual de ensino.

Antes de pedir o recolhimento, Serra chegou a dizer que “não é um erro grave, mas é um erro” e cogitou recolher apenas 1,55% dos cadernos impressos, que supostamente seriam os atingidos pela falha. Além de minimizar o problema, a Secretaria da Educação tentou se isentar da responsabilidade, jogando-a sobre a Vanzolini, que se isentou da culpa, afirmando que o material foi produzido por professores indicados pela secretaria. No final, ficou decidido que a Fundação recolheria todos os 500 mil exemplares e arcaria com as despesas. Mas agora, depois de todo esse circo, Maria Helena vai embora “por motivos estritamente pessoais”.

Em seu lugar, assume Paulo Renato, o aclamado ex-ministro da Educação de FHC. Entrou prometendo manter todo o bom trabalho e a equipe de sua antecessora. Justiça seja feita: Maria Helena conseguiu alguns avanços tão importantes quanto polêmicos, como pagamento de bônus a professores mediante resultados mensuráveis e sistema de metas por escolas. Ela também reformulou o Saresp -exame estadual de escolas- e criou o Idesp -índice para avaliar o nível de aprendizado dos alunos da rede pública.

Chega a ser uma pena vê-la cair por um erro tão estúpido. Estúpido, mas grave, ao contrário do que declarou Serra.

Onde fica o Paraguai?

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Material complementar do Governo do Estado de São Paulo não sabe bem onde ficam nossos vizinhos

Material complementar do Governo do Estado de São Paulo não sabe bem onde ficam nossos vizinhos

Você sabe onde fica o Paraguai? Se não souber, NÃO consulte o material complementar ao livro didático que o Governo de São Paulo distribuiu aos alunos do 6º ano da rede estadual. Ele traz um mapa em que o nome do vizinho aparece em dois países. Detalhe: errado nos dois casos! No primeiro, aparece sobre a região da Bolívia; no segundo, sobre o Uruguai. No que deveria ser o Paraguai, aparece Uruguai. E tem mais: o Equador sumiu!

A Secretaria da Educação joga a culpa na Fundação Vanzolini, que produziu o material. Essa se defende dizendo que o material foi criado por professores indicados pelo governo e que o erro atingiu “apenas” 1,55% dos cadernos impressos. Ou seja, 7.750 dos 500 mil exemplares, número de alunos do 6º ano da rede estadual. Pode parecer percentualmente pouco, mas em termos absolutos é muito! E o Serra: “não é um erro grave, mas é um erro”. O que seria grave? Talvez dizer que Buenos Aires é capital do Brasil. Na dúvida, o governador mandou recolher os 500 mil exemplares e que todo o custo de substituição ficará por conta da Fundação.

Não bastasse a falta de respeito com alunos e professores, uma coisa dessas é uma ofensa às editoras de livros didáticos, que se submetem a regras draconianas do Governo Federal para entrar no páreo do PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) e do PNLEM (Programa Nacional do Livro do Ensino Médio). As normas desses dois programas, que distribuem milhões de livros às escolas do Brasil inteiro todos os anos, tratam até do entrelinhamento: que dizer então do conteúdo? E, se um livro for reprovado (sem direito a contestação), só poderá tentar de novo depois de três anos. Não questiono que as editoras não devam ter todos os cuidados na produção de seus livros, mas um caso como esse manda todo esse esforço por água abaixo. Afinal, os dois materiais chegarão juntos às mãos dos alunos de São Paulo.