sexo

Videodebate: robôs sexuais?

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Quer vender bem algo? Convença seu público que aquilo é o que ele precisa!

Essa máxima se aplica a qualquer tipo de produto. Um bom vendedor é aquele que consegue ajustar seu produto às necessidades de seu cliente. Se acreditarmos naquilo, negócio fechado!

“Acreditar” é a palavra-chave!

A inteligência artificial pode ajudar muito nisso, processando uma quantidade enorme de informações do consumidor e do mercado, para ajustar esse discurso de “sedução”. Alguns sistemas já conseguem até mesmo se passar convincentemente por seres humanos no telefone!

Legal, né? Muito! As possibilidades são imensas!

Mas isso abre algumas discussões éticas bem delicadas.

Quais os limites disso? Dá para imaginar que chegará um momento em que conviveremos com robôs humanoides -e até teremos contato íntimo com eles- e acharemos que serão pessoas de verdade. A ficção já explora bastante isso.

Você compraria esse produto?

Quanto falta para termos robôs sexuais e “vendedores perfeitos”? Veja no meu vídeo abaixo!



Veja a demonstração do Google Duplex, a nova versão do assistente virtual do Google, mencionado no meu vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Nqhyc8_dwvE

Conheça o sistema de debates por inteligência artificial da IBM, sobre o qual falei no meu vídeo:  https://www.youtube.com/watch?v=m3u-1yttrVw

Colocando mais lenha na banheira

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O problema não está nos livros em si, e sim no fato de eles seram indicados para crianças de nove anos de idade

O problema não está nos livros em si, e sim no fato de eles seram indicados para crianças de nove anos de idade

Pouco mais de uma semana da barulheira causada pela distribuição –seguida de recolhimento– do livro “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol” (da Via Lettera) a alunos da 9 anos da rede estadual de ensino, outra obra, distribuída a alunos da mesma faixa etária, está causando mais dor de cabeça ao tucanato de José Serra. Dessa vez, a polêmica gira em torno de “Poesia do Dia: Poetas de Hoje Para Leitores de Agora” (Ática). Se o primeiro era uma coletânea de quadrinhos recheada de palavrões e até insinuações ao PCC, a reunião de poesias abusa de ironias adultas.

Assim como no primeiro caso, o problema não está nas obras, e sim em sua distribuição a crianças, que dificilmente conseguiriam processar adequadamente frases como “nunca ame ninguém: estupre.” Por mais que faça parte do poema “manual de auto-ajuda do supervilão”, o que podemos esperar de uma criança de 9 anos ao ler isso?

No dia 22, Marcelo Tas fez um post em seu blog sugerindo que toda a gritaria em torno de “Dez na Área” é puritanismo demais. Na verdade, ele comentava artigo de Xico Sá na Folha que pregava a mesma coisa. Sugerem que palavrões e futebol estão intimamente ligados. Nas palavras do Xico, “em uma pelada, mesmo de criança, fala-se mais palavrões do que na última casa de tolerância da Vila Mimosa”.

Sim, pode ser. E de fato as crianças estão amadurecendo cada vez mais rápido, inclusive na boca suja. Mas tenho um filho de oito anos, que não é nenhum santo imaculado. Mas não acredito que, dentro de um ano, ele dirá “chupava ela todinha!” (que aparece nos referidos quadrinhos), sabendo ou não o que estaria dizendo.

Ademais, como já disse acima, a culpa não é das obras, e sim do fato de elas serem oferecidas à molecada na escola. A linguagem da turma mudou, mas tudo tem limites. Não proponho que a escola seja careta –pois ela já é bem chata– mas o material didático pode ser moderno sem ser grosseiramente inadequado.

A culpa não é de José Serra, mas é de seus subordinados. Ele quer ser presidente, mas, para isso, é bom que já vá preparando o discurso para rebater o que a oposição lhe dirá sobre esses (e outros) episódios ligados à educação estadual no seu mandato

Palavrões… didaticamente

By | Educação | No Comments
Além dos palavrões e das frases de cunho sexual, a obra também menciona o PCC mais de uma vez

Além dos palavrões e das frases de cunho sexual, a obra também menciona o PCC mais de uma vez

“Chupava ela todinha!” Isso pode não causar a você repúdio, mas faz parte de um livro que o Governo do Estado de São Paulo distribuiu às escolas de sua rede para ser usado por alunos de nove anos de idade, no terceiro ano do Ensino Fundamental. Ao todo, foram comprados 1.216 exemplares de “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol” (da Via Lettera), uma coletânea de quadrinhos para o público adolescente e adulto que tem o futebol como pano de fundo.

Além do uso recorrente de palavrões e expressões de cunho sexual e de duplo sentido, a grupo criminoso PCC também é mencionado em histórias, o que deixaria José Serra de cabelos em pé, se ele tivesse para tanto. Mas o governador estrilou, disse que essa compra era “um horror”, prometeu punir os responsáveis pela escolha. Classificou essa mancada como mais grave que o material recheado de erros distribuído a toda a rede no início do ano, cujo mais notório foi um mapa da América do Sul com dois Paraguais (e os dois em posições erradas). Pela completa inadequação à faixa etária, diria que é mesmo! E olha que os Paraguais custaram a cabeça da ex-secretária Maria Helena Guimarães de Castro, que caiu no dia 27 de março, sendo substituída pelo Paulo Renato. Apesar disso e das ameaças do tucano, a secretaria se resumiu a emitir uma notinha burocrática, onde prometia apenas recolher os livros (que custaram aos cofres estaduais R$ 35 mil) e abrir sindicância interna.

Como disse Caco Galhardo, um dos autores do livro, à Folha, “o cara que escolheu não leu o livro”. Realmente é uma das poucas explicações plausíveis para uma coisa dessas ter passado. Ou então é sabotagem! As editoras de livros riem quietinhas de novo, pois, apesar de o Governo Federal continuar comprando seus livros didáticos a todos os alunos do país anualmente, elas não nutrem exatamente simpatia pela iniciativa do Governo de São Paulo de distribuir material complementar, especialmente o que o próprio governo produz (como no caso das obras com os Paraguais). Agora, interesses econômicos à parte, elas têm razão, pois produzir material didático não é para qualquer um: é um trabalho extremamente detalhado e exaustivo, que envolve grandes equipes e muito tempo e dinheiro. E, mesmo com todo o investimento das editoras, muitas obras são recusadas ano após ano pelas comissões avaliadoras. Ver essas mancadas grotescas depois de tudo isso é de lascar!

As blogueiras do sexo

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A Internet pode liberar as nossas mentes, mas a sociedade nem sempre está pronta para aceitar o que temos a dizer

A Internet pode liberar as nossas mentes, mas a sociedade nem sempre está pronta para aceitar o que temos a dizer

“Eu penso em sexo constantemente. Aquela coisa de os caras pensarem nisso a cada oito segundos, eu tenho uma pergunta: e quanto aos outros sete? Eu certamente sei no que estou pensando durante esse tempo.”

A declaração está no fim do primeiro post do blog Girl With a One-Track Mind, datado do dia de Ano Novo de 2004. A autora, Abby Lee, acabara de criar sua pequena publicação descompromissadamente, como acontece com a quase totalidade dos blogs. Ela adorava sexo, pensava nisso o tempo todo e achou que, escrevendo sobre seus pensamentos, poderia liberar a sua mente um pouco. Poucos meses depois, Lee tinha um público fiel de 250 mil internautas. Após dois anos, bateu 2 milhões de leitores no mês e foi eleito o melhor blog da ilha da Rainha.

Os posts de Girl With a One-Track Mind rapidamente evoluíram para descrições detalhadas dos encontros sexuais da autora. Mas o que atraiu essa multidão foi o fato de que não se tratava apenas de “mais um blog sobre sexo”. Lee, cujo verdadeiro nome é Zoe Margolis, uma típica balzaquiana londrina com uma vida regrada durante o dia, tinha muito a dizer sobre a sexualidade feminina e masculina, com inteligência e bom humor.

Lee e outras mulheres que deram asas na Web ao que ficou conhecido como “literatura do clitóris” foram as estrelas do documentário “As Blogueiras do Sexo”, que assisti ontem na série Selva Digital, na GNT. Em agosto de 2006, o blog foi transformado em um livro e o tablóide Sunday Times, que tentava incansavelmente “desmascarar” alguma dessas mulheres que falavam despudoradamente sobre sexo protegidas pelo anonimato da Internet, acabou com sua vida, não apenas dizendo quem ela era, mas também expondo publicamente sua família e seus amigos.

Os tablóides britânicos representam o que há de pior no jornalismo. Na verdade, tenho sérias reservas de classificar a maioria de seu material como jornalístico. Claramente há uma notícia ao se falar de uma personagem com Abby Lee, que se tornou uma celebridade sem jamais sair do anonimato, apenas por suas idéias e sua coragem em expô-las. Mas o que foi feito com Zoe Margolis é um crime, que editores, repórteres e fotógrafos do Sunday Times cometeram deliberada e conscientemente. É uma lástima, mas coleguinhas adoram invocar a liberdade de imprensa para cometer barbaridades como essa. Lee era a notícia; Margolis não tinha nada de interessante ao jornal ou ao público.

O documentário deixa a ideia de que ainda não é possível a mulheres -e, convenhamos, em menor escala também aos homens- exporem sua intimidade publicamente. A revolução que a Internet estaria propiciando seria apenas parcial. Claro: ela é apenas reflexo de nossas sociedades, não algo fora ou acima delas. E se expor desse jeito não é aceito.

Quanto a Margolis, felizmente ela sobreviveu, tornou-se articulista do The Guardian e está prestes a lançar o seu segundo livro. Lee também, assim como o seu blog, apesar de ele não ser mais o que já foi. Dez dias depois de ser exposta, ela publicou artigo no The Independent, onde concluiu: “se algo bom saiu de eu ter perdido meu anonimato, foi a esperança de que meus escritos poderiam ajudar no desafio a visões fora de moda e sexistas sobre a sexualidade feminina -uma batalha contínua da qual eu ficaria feliz de fazer parte.”

Vida longa a Margolis e Lee!