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Em um mundo encharcado com nossos dados, vende mais quem os usa para falar com seu público

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Foto: creative commons

Estamos às vésperas do pleito que elegerá deputados estaduais e federais, senadores, governador e presidente. Apesar do tradicional circo que os candidatos nos brindam a cada dois anos para tentar captar nosso voto, essa eleição definitivamente marca o amadurecimento do uso dos meios digitais pelos políticos brasileiros para se eleger. A boa notícia é que toda essa tecnologia também está disponível para negócios de todo porte e de qualquer segmento, e a custos já bastante acessíveis.

As eficientes equipes de marketing dos candidatos aprenderam como coletar e usar nossas pegadas digitais, cada vez mais numerosas e profundas, para ajustar seu discurso e entregar a mensagem alinhada com os desejos de cada eleitor. E as pesquisas de intenção de voto demonstram que isso está dando certo: está na frente quem conhece profundamente os anseios (e medos) do brasileiro, ajustando “sua oferta”.

No final, tudo se explica por oferecer o produto certo, para o cliente certo, na hora certa! Só que agora ficou muito mais fácil de acertar isso com bastante precisão.


Vídeo relacionado:


Não há nada de errado em usar dados pessoais para ajustar um produto às necessidades do consumidor, desde que ele tenha dado permissão para que suas informações fossem coletadas para esse fim. A privacidade do indivíduo, aliás, está protegida pela Lei Geral de Proteção de Dados, recém-sancionada. Mas o que mais chama a atenção no atual cenário é a popularização de tecnologias emergentes, que facilitam não apenas a obtenção desse riquíssimo conhecimento, como também sua manipulação e conclusões fundamentais para o negócio a partir dele.

Já tinha visto muito disso em junho, quando participei do Sapphire Now, evento global da SAP, gigante alemã de software, que acontece anualmente nos EUA. Há poucos dias, vi como isso também já faz parte do mercado brasileiro, ao participar do SAP Forum, maior evento de tecnologia e negócios da América Latina, aqui em São Paulo.

Além de os sistemas serem capazes de extrair as informações que deixamos pela nossa crescente atividade digital, seja em redes sociais, pelos nossos smartphones, no uso que fazemos de todo tipo de sistema digital, vivemos um incrível momento em que virtualmente qualquer coisa também pode fornecer dados, para que empresas e instituições melhorem seus produtos e seus métodos de produção. Bom para essas instituições e para seus clientes.

Por exemplo, logo na entrada do evento, os visitantes se deparavam com uma roda gigante. Não se tratava de uma decoração extravagante: o enorme brinquedo demonstrava um sistema de automação de parques de diversões, visto na foto abaixo. Diversos sensores coletavam, em tempo real, informações como a quantidade de pessoas nela ou o estado de seu mecanismo. Dessa forma, era possível manter a atração funcionando com máxima performance, melhorando os ganhos do parque e a diversão dos visitantes.

Agora imagine um grande parque em que todas os brinquedos, as lanchonetes, os sanitários, as bilheterias, o estacionamento e até os próprios funcionários estivessem fornecendo continuamente informações para o sistema, de maneira automatizada. O cruzamento de tudo isso pode extrapolar esses insights para que a empresa opere em sua máxima capacidade, fazendo um planejamento de recursos extremamente assertivo e até mesmo antevendo eventuais problemas antes que eles aconteçam. Do lado do consumidor, isso pode representar brinquedos sempre funcionando, filas menores, acesso mais rápido e uma experiência melhor, desde os brinquedos, até a alimentação e os banheiros.

Isso só é possível pela combinação de tecnologias como “machine learning”, “Internet das Coisas”, “big data” e “análises preditivas”. Se dependêssemos de ter alguém andando pelo parque para coletar essas informações, com tradicionais pesquisas de satisfação e medições, gastaria-se muito mais e jamais os resultados teriam essa qualidade.

O motivo é simples: nenhuma equipe, por mais numerosa e bem treinada que seja, pode estar a toda hora em todo lugar.

 

A origem do infame 7 x 1

Todo brasileiro e todo alemão lembra da impiedosa goleada que a Alemanha nos impôs na Copa do Mundo no Brasil. Motivo de jubilo para eles e de profunda depressão para nós, rendeu intermináveis mesas-redondas, artigos, debates e incontáveis litros de cerveja.

O que pouca gente sabe é que, além da qualidade técnica dos jogadores daquela seleção, a vitória surreal foi construída graças a uma tecnologia que também estava sendo demonstrada no SAP Forum. Cruzando informações obtidas por sensores nos próprios atletas, análise de resultados anteriores, dados de big data sobre os adversários e outras fontes tão diversas quanto bilheterias de partidas, os sistemas são capazes de ajudar a equipe técnica de um time a ajustar seu esquema tático e a identificar oportunidades de vitória para cada confronto.

Mais que isso: em um mundo em que o futebol se transformou em um grande negócio e os torcedores se tornaram verdadeiros consumidores de tudo relacionado aos times, o sistema também oferece informações valiosíssimas para melhorar esse relacionamento entre equipe e torcida. Afinal, como clientes que são, as pessoas merecem ter a melhor experiência possível, desde ofertas personalizadas de ingressos e camisas para seus gostos, até mesmo a melhor maneira de chegar ao estádio, considerando as condições de trânsito no momento e os ingressos vendidos.

Realmente é um mundo em que tudo pode estar conectado à rede, “contando” ao sistema coisas que ninguém saberia de outra forma.

 

As pessoas sempre no centro

Mas a tecnologia não substitui o ser humano. A grande beleza desses sistemas é realizar tarefas que as pessoas não conseguem, seja por estarem continuamente monitorando tudo, de uma maneira quase onipresente, seja pela quantidade abissal de informações manipuladas em tempo real.

Isso libera os profissionais de ter que realizar tarefas repetitivas, enfadonhas e que consomem muito tempo, para que possam se dedicar a atividades mais nobres e que possam se beneficiar de sua humanidade, envolvendo fatores morais, intuitivos e emocionais. Além disso, a quantidade de informações, análises e conclusões oferecidas pelos sistemas permite que as pessoas as combinem com suas habilidades individuais, para melhorar ainda mais os resultados. É um termo que ouvi muito tanto no SAP Forum quanto no Sapphire Now: “humanidade aumentada”, ou seja, seres humanos capazes de fazer mais e melhor com auxílio digital.

Da mesma forma, nada disso adiantaria se a figura do cliente não estivesse sempre no centro das decisões. Pelo contrário, a busca de uma melhor oferta para o público é o grande segredo por trás do sucesso de todo esse investimento.

E não poderia ser diferente: o “pós-consumidor”, essa figura que cresce cada vez mais em cada um de nós, é exigente e impaciente! Quer soluções totalmente personalizadas e no seu tempo. E ainda espera que as marcas sejam capazes de antecipar seus desejos, até mesmo antes que ele os tenha claro.

Esses anseios centrados em suas próprias necessidades jamais poderiam ser atendidos até poucos anos atrás. E, sendo honesto, as pessoas não esperavam tal coisa das marcas, pois entendiam das limitações. Mas o acesso que cada um de nós tem às tecnologias digitais –e os smartphones, nesse cenário, cumprem papel determinante– mudou tudo!

Se antes seria devaneio, hoje podemos exigir tudo isso das marcas. Para sorte delas, a mesma tecnologia que dá esse poder ao consumidor é a que permite que as empresas atendam a essas novas demandas.

“A tecnologia empodera tanto o cliente, na relação que tem com a marca, quanto a empresa, ao entender e desfrutar desses dados disponíveis, voltando para o cliente com uma melhor experiência”, explicou Jaime Müller, chief operations officer da SAP Brasil, na conversa que tive com ele no Forum, que pode ser vista no vídeo abaixo. “Ela vem para ajudar e contribuir para que as empresas tenham escalabilidade para suportar essa demanda.”


Vídeo relacionado:


De certa forma, com tanto poder, com tantas escolhas e com tanta troca de informação, pode-se esperar que o consumidor fique menos fiel às marcas. Dessa forma, para manter seu público as marcas não podem mais confiar apenas em um bom produto e em um bom marketing. Nesse novo cenário, além disso tudo, precisam investir no relacionamento personalizado que as tecnologias emergentes lhe proporcionam.

As empresas que não fizerem isso correm sério risco de serem colocada à margem do negócio, por mais estabelecidas que estejam em seu mercado. E, que fique bem claro, tudo isso não exige grandes investimentos. É muito mais decisão, de querer sair da zona de conforto e de sacudir o próprio negócio, para leva-lo a um nível inédito. Vai ficar aí parado?


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