A morte da empatia e o fim da humanidade

By 24 de fevereiro de 2020 Educação No Comments

A política é uma atividade nobre e necessária, mas não podemos sucumbir à luta pelo poder e matar a nossa capacidade de sermos empáticos, arrastando a nossa humanidade para a escuridão, como vem acontecendo no mundo todo, e muito fortemente no Brasil.

Negar a política é inócuo: ela faz parte da nossa natureza. Quando debatemos aqui, estamos fazendo política, que foi criada para nos organizarmos em sociedade e construirmos algo com nossos semelhantes.


Saiba mais sobre esse assunto no vídeo abaixo:


Infelizmente, a política também pode se enviesar e criar algo contrário à sua função essencial. Na luta pelo poder, mentimos, roubamos, matamos. E acreditamos em pessoas que fazem isso em seu benefício.

Isso explica o atual cenário, em que aqueles que pensam diferentemente, mesmo quando estão buscando o bem da sociedade, devem ser calados ou até eliminados. Para desgraça geral, isso não vem sendo feito apenas de maneira figurativa.

Os fatos têm me feito pensar muito sobre isso, e já ensaiei alguns debates nas redes para ajudar na compreensão desse fenômeno perverso que estamos vivendo.

Por exemplo, na quarta passada (19), publiquei um post comentando o atual comercial do WhatsApp, uma peça belíssima, que me tocou muito. Ele mostra como o comunicador, que ficou famoso como a ferramenta mais eficiente para disseminar as “fake news”, as infames notícias falsas, também pode ser usado para fazer o bem. Claro, é só uma ferramenta: o bem e o mal vêm de como as pessoas usam esse recurso!

Dois dias depois, fiz outro post comentando um comercial, nesse caso, da companhia aérea Scandinavian Airlines. Outra peça inspiradora e emocionante, que explica que muito do que os escandinavos se orgulham de ter desenvolvido, como a licença paternidade, o movimento pelos direitos das mulheres, o clipe de papel, e muitas outras coisas, são, na verdade, invenções de outros povos. Mas isso não tira o valor da contribuição dos escandinavos, que melhoraram tudo aquilo. Apesar da bela mensagem, grupos conservadores locais não gostaram da peça, por isso atacaram a campanha e a empresa por supostamente estarem “desrespeitando a cultura escandinava”. A agência que criou a peça chegou a receber uma ameaça de bomba!

Honestamente, a opção política de qualquer um diz respeito apenas a si. Mas opção política é muito diferente de negar a verdade, só porque ela incomoda. E, pior, querer impor sua visão de mundo a todos pela força.

Por exemplo, na quinta, assisti estarrecido a um vídeo que viralizou na Internet, que mostrava alguns homens arrastando para longe da água um tubarão que havia encalhado e estava agonizando em Guaratuba, no Paraná. O animal acabou morrendo asfixiado logo depois. Além de não terem chamado especialistas para salvar o animal, ainda o arrastaram para a areia. Quanto sadismo!

Há também o caso da jornalista Patrícia Campos Mello, da “Folha de S.Paulo”, que vem sendo covardemente atacada por autoridades eleitas e hordas que as seguem. Motivo: fazer um trabalho exemplar, mas que vai contra os interesses desses indivíduos. Apesar de ter tudo documentado, de maneira mais que suficiente para desmentir todas as calúnias contra ela, essa turma continua rejeitando os fatos, para continuar a atacando de maneira sórdida!

Sei que, para muitos, a imprensa é como aquele tubarão na praia: se alguém fizer algo de errado e um jornalista descobrir, ele pode “morder”. E deve fazer isso mesmo! Por isso, esse pessoal acredita que jornalista merece “morrer de antemão”!

Mas, se não é perfeita, a imprensa é essencial para fiscalizar o poder político e econômico, impedindo que ele faça o que bem entender. Vale dizer que a imensa maioria do trabalho jornalístico é muito bem feito, essencial para a manutenção da sociedade.

Então, novamente, podemos e devemos ter suas convicções políticas, religiosas, ideológicas. Mas isso não pode fazer com que busquemos a aniquilação dos diferentes a nós.

As diferenças sempre existiram, e somos capazes de conviver em harmonia. Precisamos urgentemente resgatar a nossa capacidade de viver em sociedade de maneira civilizada, de construir com o outro, de demostrar empatia.

Se não fizermos isso logo, pode ser tarde demais e a nossa humanidade terá desaparecido para sempre.


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