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Se até o Municipal está fazendo “lives”, qual a desculpa para ainda não ter resultados com o digital?

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A Orquestra Sinfônica Heliópolis no Theatro Municipal de São Paulo: celulares na plateia e hashtags sobre o palco - Foto: Paulo Silvestre

A Orquestra Sinfônica Heliópolis no Theatro Municipal de São Paulo: celulares na plateia e hashtags sobre o palco

Na semana passada, tive um “click” enquanto assistia à Orquestra Sinfônica Heliópolis, no Theatro Municipal de São Paulo. Observe a foto acima, que tirei ao final da apresentação: celulares nas mãos do público e hashtags projetadas sobre o palco. Mais que “modinhas”, isso representa uma estratégia para se aproximar do público. Achei incrível! Não porque seja algo revolucionário, mas constatei (uma vez mais) que mesmo instituições consideradas “conservadoras” podem tirar grande proveito dos recursos digitais. Enquanto isso, muitas empresas e profissionais “progressistas” patinam nesse quesito, sendo aos poucos colocados fora do mercado.

Como podem ainda perder boas oportunidades, 24 anos após a liberação da Internet comercial no Brasil e uma década após a revolução do iPhone colocar um smartphone na mão de todos?


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O interessante do caso no Municipal é que demonstra como é possível introduzir os recursos digitais de maneira criativa, sem necessariamente provocar mudanças profundas no próprio negócio e respeitando os movimentos de seus clientes. Assim que as luzes se apagaram, ouvimos aquela tradicional gravação, dizendo que celulares deveriam ser desligados, e que era proibido filmar e fotografar o espetáculo.

Mas, antes de começar, o maestro Edilson Ventureli falou à plateia que aquele concerto estaria sendo transmitido ao vivo pelo Facebook e que o “bis” seria escolhido ao longo da apresentação em uma votação online. Mais que isso: nessa hora, todos estavam convidados a sacar seus celulares e fotografar e filmar a obra. O regente sugeriu até que as pessoas fizessem “lives” no Facebook. Alguns músicos estavam, eles próprios, fazendo suas transmissões ao vivo, como pode ser visto na foto a seguir (observe o celular gravando ao lado da partitura).

Você pode argumentar: isso acontece há anos em shows de rock! Pode ser, mas aquilo não era um show de rock: era uma apresentação no Municipal, uma instituição inaugurada em 1911 para atender aos anseios culturais da elite paulista, e que mudou muito pouco nesses 107 anos. Por isso, iniciativas como essa de usar o digital para ampliar seu público merecem aplausos de pé!


Assista à íntegra do concerto (1h20’):

Orquestra Digital

Orquestra Digital transmite Orquestra Sinfônica de Heliópolis, parceria Escola Concept e apoio Vivo.É assim que a Catraca Livre facilta seu acesso à cultura.

Posted by Catraca Livre on Sunday, August 5, 2018


Eu, que saí todo feliz dali, tive que amargar, no dia seguinte, uma notícia ruim vinda de alguém que usa mal os meios digitais.

 

Uma árvore já quase sem folhas

A Editora Abril já foi a maior editora de revistas do país e sonho de gerações de jornalistas, que almejavam trabalhar em algum de suas centenas de títulos.  Mas a companhia nunca se adaptou às mudanças de seu público, que há pelo menos uma década rejeita o modelo de negócios baseado em assinatura e publicidade, as suas duas formas básicas de receita editorial. Como resultado, a empresa vem em queda livre, encerrando títulos e demitindo profissionais em ondas. A mais recente aconteceu na segunda passada, quando encerrou dez títulos e demitiu cerca de 500 pessoas.

Como uma empresa como a Abril, com o poder político, cultural e econômico que já teve, pôde chegar assim, ao fundo do poço? Será que as pessoas não consomem mais jornalismo? Será que elas não pagam por conteúdo? Será que elas não leem mais?

É exatamente o contrário de tudo isso!

Nunca lemos e consumimos tanto conteúdo (inclusive pago). E o jornalismo continua valendo muito! Mas a Abril se descolou do seu público. Insistem com um modelo que funcionou brilhantemente até a virada do século, mas que não encontra mais espaço na mente e no coração de ninguém.

Portanto, quem está matando a Abril e tantos outras empresas de comunicação não é a tecnologia: é seu público, que não vê mais valor no que fazem, ou pelo menos na maneira como fazem! E aí correm para consumir esse produto de outras empresas, mais modernas, que entendem o poder que o digital dá às pessoas, e assim ganham mercado.

Não adianta ficar espezinhando contra o novo!

 

A mudança sempre chega

A nossa própria percepção da realidade depende inerentemente de nos comunicarmos, e consequentemente da linguagem. Só que os meios digitais estão alterando profundamente a maneira como nos comunicamos, e a própria linguagem. Basta observar crianças e adolescentes, que desenvolvem ricas formas de comunicação verbal e não-verbal, às vezes impenetráveis para as gerações anteriores. E eles estão certos!

A tecnologia altera, portanto, como interagimos com o mundo. Como uma empresa ou um profissional pode, então, esperar ter sucesso sem se adaptar a esses inevitáveis e muito bem-vindos movimentos? Agarrar-se a fórmulas consagradas é o primeiro passo para enterrar um negócio bem-sucedido. As mudanças (tecnológicas ou não), não devem ser vistas como ameaças, e sim como oportunidades.

Talvez alguns, nesse ponto, estejam torcendo o nariz e dizendo que “tudo isso é lindo, mas não serve para mim”.

Bem, já que acabei de falar de “enterrar”, gostaria então de mencionar o caso do Jardim da Ressureição, um cemitério localizado em Teresina, no Piauí, que praticamente redefiniu como um o segmento deve ser comunicado. Com 160 mil seguidores em sua fan page no Facebook (a maioria de outras cidades), a empresa conseguiu destacar sua marca nas redes sociais e buscadores usando bem os recursos das plataformas e tratando a morte com bom humor. Resultado prático: aumento de 40% em suas vendas.

É um cemitério! Quem vai dizer agora que os mios digitais não servem para seu negócio?

 

Tecnologia e humanidade

As tecnologias digitais criam, sem dúvida, inúmeras portas para quem tiver a mente aberta. Por mais que sejam feitos grandes investimentos em redes sociais, publicidade online, machine learning, sistemas automatizado e tantas outras novidades, no final sempre chegamos ao ser humano.

O uso da tecnologia por si só, automações inconsequentes, adoção de modismos tecnológicos podem encher os olhos do pessoal de TI, mas isso tudo só funcionará se servir para aproximar as pessoas que estão dentro das empresas (seus funcionários) das pessoas que estão fora delas (seu público). Qualquer coisa diferente disso, é como dar um carro a alguém que não sabe dirigir.

Portanto, profissionais e companhias precisam abraçar o meio digital, claro. Entretanto, mais importante que isso, precisam aprender a ler as mudanças vividas pela humanidade e a tirar proveito delas de uma maneira criativa e ética, em que todos ganhem. É aí que reside a verdadeira inovação.

Sejamos, então, mais como o Theatro Municipal de São Paulo e menos como a Editora Abril.

 

E aí? Vamos participar do debate? Role até o fim da página e deixe seu comentário.
Essa troca é fundamental para a sociedade.


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Por que (e COMO) temos que aparecer bem nas redes sociais

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Obama brinca com seu cachorro Bo, quando ainda era presidente dos EUA: trabalho nas redes para se aproximar do cidadão comum - Foto: divulgação

Obama brinca com seu cachorro Bo, quando ainda era presidente dos EUA: trabalho nas redes para se aproximar do cidadão comum

Você já ouviu o ditado que afirma que “quem não é visto não é lembrado”? Em tempos em que nunca nos desconectamos totalmente das redes sociais, essa afirmação ganhou uma nova dimensão de verdade. Qualquer que seja a sua profissão, qualquer que seja o seu negócio, aparecermos bem no LinkedIn, no Facebook, no Instagram e afins pode ser determinante para o nosso sucesso. É uma enorme obviedade dizer isso a essa altura do campeonato, mas o fato é que pouca gente verdadeiramente ganha com essa exposição. Por que uns têm sucesso e outros não? Existem limites para isso?

Claro que sim! E nada é por acaso: colher frutos da presença nas redes sociais exige técnica e autoconhecimento.

Nessa semana, estava com uma mentoranda minha e ela me contou que suas clientes estão lhe parabenizando pela grande quantidade de trabalhos que está realizando. Que ótimo! Mas ela me confidenciou que continua fazendo exatamente o mesmo trabalho, da mesma forma e na mesma quantidade que já faz há bastante tempo.

A diferença é que agora ela está contando isso nas redes sociais.

É importante dizer que ela não está exagerando na sua promoção, não está “carregando nas tintas” e definitivamente não está mentindo. Ela está apenas contando eficientemente a seu público o bom trabalho que já vinha realizando. Mas isso foi suficiente para alterar a percepção que suas clientes têm do que ela faz. E isso lhe rende dividendos.

O interessante é que isso vale tanto para um pequeno negócio, como o dela, quanto para megacorporações e profissionais de grande destaque. Um bom exemplo é o atual morador da avenida Pennsylvania, 1.600, em Washington DC: Donald Trump, o homem mais poderoso do mundo, usa fortemente o Twitter para se posicionar publicamente. É verdade que, graças a seu caráter intempestivo, muitos de seus tweets deixam seus assessores de cabelo em pé. Mesmo assim, gostemos dele ou não, é inegável que ele sabe se apropriar do meio digital para deixar claro o que pensa.

Seu antecessor no cargo não usava essas plataformas tão intensamente, mas trabalhava muito bem sua imagem nas redes sociais. Barack Obama usava habilmente esses recursos para se aproximar do cidadão comum, quase como se fosse um deles. Eram recorrentes fotos em que aparecia fazendo atividades de uma “pessoa normal”, como brincar com o cachorro (como a que esse vê acima) ou fazer um churrasco. Sua esposa, Michelle, também se envolvia bastante na empreitada.

Obama é um cidadão comum? Claro que não! Nem mesmo agora, que já deixou o cargo. Mas até ele precisa cuidar de sua imagem para seus objetivos profissionais, e essa presença na rede é fundamental para isso. Vale lembrar que uma grande quantidade de fundos para suas duas campanhas presidenciais vitoriosas veio justamente do uso hábil das redes sociais.

Cabe aí uma pergunta: a exposição nas redes sociais pode distorcer a realidade?

 

As duas taças de vinho do solitário

 

Na aula da professora Pollyana Ferrari, no mestrado do programa de Tecnologia da Inteligência e Design Digital, na PUC-SP, aparece recorrentemente uma imagem que todo mundo aqui já deve ter visto em alguma das suas incontáveis versões: uma foto de duas taças de vinho diante de um lindo cenário.

Love is in the air!” A ironia é que, apesar da cena romântica divulgada, em muitas vezes quem publicou a foto é uma pessoa sozinha. Mas o fato de a foto estar ali debaixo do seu nome pode fazer muita gente acreditar que está no auge de um belo relacionamento.

Sem entrar no mérito de por que alguém faz uma coisa dessas, o fato é que, sim, a realidade pode ser literalmente distorcida nos meios digitais, para todo tipo de ganho. E tem muita gente fazendo isso agora mesmo, inclusive pessoas com quem você pode se relacionar aqui.

Não faça isso!

Valendo-me de outro ditado, “a mentira tem pernas curtas”. Mesmo enganadores habilidosos acabam escorregando em algum momento. E aí, toda aquela reputação que vinha sendo criada e garantindo contratos vai por água abaixo. Pior: em alguns casos, as vítimas podem até mesmo exigir seus direitos na Justiça.

Há ainda um agravante: as redes sociais são um incrível amplificador, para o bem ou para o mal. Um uso consciente e ético pode alavancar qualquer carreira ou negócio, mas uma fraude pode transformar uma estrela em poeira. No meio online, tudo acontece em escala superlativa e em tempos minúsculos.

Portanto, só publique sua foto com duas taças de vinho se alguém estiver com você.

 

“Tá se achando?”

Em palestras, aulas e mentorias, vira e mexe uma pergunta me é feita: “mas, se eu ficar falando de mim mesmo, as pessoas não vão dizer que eu ‘estou me achando’?”

Claro que não! Desde que você faça isso direito.

Nada mais chato que um sujeito que fica o tempo todo dizendo apenas como ele é incrível, como transforma em ouro tudo que toca, como faz brilhar a vida de todos que conhece: o sujeito é praticamente um santo!

Vai por mim: isso não existe!

Publicações demasiadamente egocêntricas podem até convencer em um primeiro momento, mas logo acabam caindo em descrédito. Ou -pior- viram motivo de chacota, junto com seu autor.

A dica de ouro é: fale somente a verdade! Não fique inventando coisas que não é ou não faz, nem “doure a pílula”. A melhor maneira de se construir uma reputação duradoura é usar, como suas fundações, fatos e méritos verdadeiros. Eles são inabaláveis.

Mas, por outro lado, não seja demasiadamente humilde. Muita gente -talvez a maioria das pessoas- tem vergonha ou receio de contar aos outros o que tem de bom. É exatamente o contrário do exemplo logo acima! O problema, nesse caso, é que, se você não contar o que você tem a oferecer, ninguém saberá disso. E daí, como esperar que alguém o contrate por essa habilidade?

Também “não force a amizade”. Por mais que se esteja dizendo apenas a verdade, não precisa ficar falando isso o tempo todo aos quatro ventos: dose a sua exposição a um volume razoável! Tampouco faça isso sempre do mesmo jeito: sempre dá para encontrar um jeito novo e diferente de apresentar o que faz, para não ficar repetitivo e, consequentemente, cansativo.

Uma boa presença nas redes sociais também trabalha com os valores que cada um de nós carrega dentro de si, e que nos define. Qual desses valores podem ser oferecidos ao seu público? Entre os meus, por exemplo, está compartilhar conhecimento, o que faço em artigos como esse, em palestras, em cursos, em mentorias. É algo em que acredito, que me deixa feliz e que efetivamente ajuda pessoas e empresas.  Por isso, é um tema recorrente na minha presença digital.

Quais são os seus valores que podem indicar algo que possa oferecer a seu público? Pense nisso, mas seja consistente: não adianta pregar algo, mas suas ações não condizerem com aquilo.

Por fim, ofereça algo às pessoas. Todos nós podemos contribuir com o próximo, nem que seja com as pessoas ao nosso redor. E as redes sociais são uma ótima ferramenta para ampliar ainda mais o alcance disso. Longe de ser uma ferramenta de marketing vazia, isso traz grandes ganhos a todos, inclusive para quem está oferecendo, com inestimáveis ganhos até para a alma.

Portanto, pare e pense: a sua presença nas redes sociais está adequada?

Seja sincero sempre e cuidado com o ego. Diga o que faz e ofereça de coração algo às pessoas. Seja acessível e também disponível. São atitudes simples, mas que demonstrarão o seu caráter. E, se fizer isso direitinho, você colherá bons frutos, e ninguém dirá que “esse aí se acha!”


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